"La La Land" ganha fôlego por se comunicar com sonhadores em tempos obscuros
Hit da temporada do Oscar, "La La Land" estreia no Brasil promovendo resgate dos musicais e comunhão de sonhadores e fãs do bom cinema
Por Reinaldo Glioche |
Ryan Gosling e Emma Stone já haviam atuado juntos antes de viverem um casal improvável de sonhadores em “La La Land: Cantando Estações”, que estreia nesta quinta-feira (19) nos cinemas brasileiros. Pode ser até que estrelem outros filmes juntos no futuro, afinal, química como a deles não se encontra nem em muitos casamentos bem sucedidos por aí, mas é improvável que sejam lembrados por outro filme que não o musical de Damien Chazelle .
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“La La Land” já fez barulho no Globo de Ouro ao estabelecer um inimaginável recorde de sete prêmios em sete possíveis. Bem verdade que concorria no lado “mais fraco” da premiação da Associação de Correspondentes Estrangeiros de Hollywood (HFPA na sigla em inglês), mas derrubou favoritos da ala dramática sempre que houve bifurcação como nas categorias de direção, roteiro e trilha sonora. Recordista de indicações no Bafta e vencedor de oito prêmios no Critic´s Choice Awards, incluindo filme e direção, tudo indica que o filme seja o líder de indicações ao Oscar. É possível até mesmo que iguale o recorde de indicações de “Titanic” (1997) e “A Malvada” (1950) com 14 nomeações.
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A festa se justifica. “La La Land” é clássico e reverente, mas também é inventivo, oxigenado e cheio de energia. Além de ser tremendamente, até mesmo dolorosamente, romântico.
Ryan Gosling faz esse pianista de jazz frustrado com os rumos que o gênero musical está tomando. Ele sobrevive de bicos em bandas covers e de tocar em clubes as músicas que ninguém quer ouvir – ou que ele não quer tocar. O ator empresta sua beleza triste a esse sonhador teimoso que encara o amor com abnegação e singeleza.
Na outra ponta desse encontro de sonhadores temos Mia, vivida com graça, doçura e vulnerabilidade por Emma Stone . Uma barista que quer ser atriz, mas parece sentir as marteladas dos testes fracassados cada vez mais. Vencedora da Copa Volpi de melhor atriz em Veneza, Emma pode vencer o Oscar no próximo dia 26 de fevereiro. A categoria costuma ser simpática a jovens atrizes como demonstram as vitórias de Jennifer Lawrence em 2012 por “O Lado Bom da vida”, de Natalie Portman em 2011 por “Cisne Negro” e Brie Larson no ano passado por “O Quarto de Jack”. Emma é uma estrela e “La La Land” parece o filme talhado para ela brilhar.
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O cinema talvez carecesse de um filme como “La La Land” em tempos tão sombrios para o mundo de maneira geral. O Oscar talvez pense parecido, mas o filme nem mesmo precisa dessa indulgência. Na terceira vez que ouvimos “City of Stars”, premiada com o Globo de Ouro e que deve figurar entre as canções do Oscar, temos a certeza de estarmos diante de algo único e especial.