Com duas produções brasileiras, lista celebra o que de melhor foi produzido em 2016 no formato de séries televisivas. Confira os programas escolhidos
O ano de 2016 foi muito feliz para quem gosta de séries. Boas novidades, temporadas entusiasmantes de programas já consolidados e seriados inovadores e com propostas originais ganharam vida em 2016. Inclusive no Brasil. A TV Globo, por exemplo, investiu pesado no formato e se teve fracassos retumbantes, como “Supermax”, experimentou êxitos incontestes de público e crítica, como “Justiça”.
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Já neste clima gostoso de retrospectiva, o iG elaborou um ranking com as dez melhores séries do ano. É possível observar que há muita coisa nova e muita coisa produzida de maneira única, como a já referida “Justiça” e também a inglesa “The Night Manager”. São provas do refinamento do audiovisual e da consolidação da televisão como plataforma para histórias que antes só o cinema parecia capaz de atrair.
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10 – “Animal Kingdom” (1ª temporada)

Adaptação do explosivo filme australiano de 2010 de David Michôd, essa série criada pelos responsáveis por “E.R” é um soco no estômago a cada episódio. Como no filme, acompanhamos a jornada de um adolescente que depois da morte da mãe por overdose vai morar na casa da avó, que também abriga os tios. Lá, ele entra em contato direto e extremo com o submundo do crime que compõe este novo universo familiar.
O drama, exibido aqui no Brasil pelo canal AMC, mostra o quão letal pode ser a combinação de instinto e lealdade familiar. O primeiro ano teve dez episódios e a segunda temporada estreia no primeiro semestre de 2017.
9 – “Flaked” (1ª temporada)

Criada por Mark Chappell e Will Arnett e estrelada pelo último, a série é uma produção original da Netflix que exige que o espectador seja paciente. É uma comédia, mas daquele tipo que lembra o cinema de Alexander Payne (“Os Descendentes”, “Nebraska”). O humor é doído e a trama se movimenta com parcimônia. Mas a viagem vale a pena. Arnett é Chip, um alcoólatra em recuperação que precisa lidar com o próprio egoísmo enquanto tenta estabelecer laços afetivos efetivos.
Não é uma série para todos os gostos, mas quem comprar o conceito vai descobrir uma das séries mais inteligentes e humanas do ano.
8 – “The People vs O.J Simpson: American Crime Story”

A nova antologia criada por Ryan Murphy , o homem por trás de “Glee” e “American Horror Story”, reconta grandes crimes da história dos Estados Unidos. O ano inicial abordou o julgamento do ex-jogador de futebol americano O.J Simpson e foi um estrondo. Multipremiado, “The People vs O.J Simpson” investiga a fundo os personagens responsáveis e inseridos em um dos maiores circos da história legal dos Estados Unidos e vai além: perturba a audiência com essa prospecção.
7 – “Justiça”

A minissérie da Globo exibida ao longo de um mês entre agosto e setembro foi o grande acontecimento da teledramaturgia brasileira em 2016. Com quatro núcleos diferentes desenvolvidos a cada dia da semana e que eventualmente se entrelaçavam, a produção escrita por Manuela Dias e dirigida por José Luiz Villamarin teve o mérito de confrontar as noções objetiva e subjetiva de justiça. Com o préstimo de grandes atores, a série ousou esteticamente e inovou narrativamente, garantindo um dos grandes momentos da televisão brasileira em 2016.
O ano teve, ainda, “The Night of”, da HBO, que apesar de ser estrutural e narrativamente diferente, enveredou pelo mesmo campo de “Justiça”. A brasileira, no entanto, se provou muito mais robusta dramaticamente.
6 – “Better Call Saul” (2ª temporada)

A série derivada de “Breaking Bad” estreou no início do ano para provar de vez que já pode caminhar, e muito bem, com as próprias pernas. Enquanto testemunhamos a transformação de Jimmy (Bob Odenkirk) em Saul, a série criada por Vince Gilligan se aprofunda nos dramas dos coadjuvantes como Kim (Rhea Seehorn), grande destaque deste segundo ano. Além de ser irresistível para quem gosta de um bom drama jurídico, “Better Call Saul” cativa cada vez mais com dilemas éticos e conflitos familiares.
5 – “Easy” (1ª temporada)

Outra antologia na lista. “Easy” é uma criação de Joe Swanberg para a Netflix . Em oito episódios, a série propõe um olhar desamarrado sobre as relações interpessoais, com especial atenção aos relacionamentos amorosos modernos. Com a cidade norte-americana de Chicago como base, cada episódio trata de um tema diferente. Do casal que não tem mais intimidade sexual, a menina que tenta virar vegana para agradar a namorada, “Easy” é sagaz ao radiografar o status das relações pessoais nesses tempos tecnológicos e hipócritas.
4 – “Fim do Mundo”

Criado e dirigido por Hilton Lacerda, essa série em cinco episódios, exibida pelo Canal Brasil, adapta cinco diferentes autores nordestinos por episódio. Só que isso é feito sem comprometer o avanço da trama central que conta a história de uma mulher que volta a sua cidade natal com o filho, recém-saído da prisão, e se vê forçada a encarar fantasmas do passado. Trata-se de uma das obras mais ousadas e originais do ano. E das mais impressionantes também.
3 – “Insecure” (1ª temporada)

Uma série sobre negros, feita por negros e destinada a negros, brancos, pardos, latinos, minorias e maiorias. A série da HBO criada e estrelada pela comediante americana Issa Rae já foi vendida como a versão negra de “Girls”, mas o rótulo não comporta a qualidade e amplitude do programa. Dos mais inteligentes shows da TV atual, “Insecure” fala sobre as variadas manifestações de insegurança no mundo de hoje. No trabalho, no amor, na vida, etc. O fator racial não é preponderante, mas influencia a narrativa com leveza e esperteza. “Insecure” é o biscoito fino da TV americana hoje.
2 – “The Night Manager”

Adaptação de John Le Carré em seis episódios, “The Night Manager” foi inteiramente dirigida por Susanne Bier e estrelada por Tom Hiddleston e Hugh Laurie, como um daqueles vilões que adoramos odiar. Inteligente, surpreendente e extremamente charmosa, a série mostrou que tramas de espionagem, quando bem azeitadas, podem render maravilhas na televisão.
1- “Game of Thrones” (6ª temporada)

Parecia impossível superar os já elevados padrões de qualidade da série baseada em George R.R. Martin, mas a série da HBO conseguiu esse feito em 2016. A economia narrativa, uma das marcas do programa, ganhou em agilidade e no ano em que a série de TV avançou em território desconhecido, “Game of Thrones” ofertou momentos maiores do que a vida a cada semana. O fim da temporada foi apoteótico e embalou a percepção de que assistimos a maior série já criada desfilar ante nossos olhos.