Com ternura e convicção, Michelle Obama encanta e inspira em autobiografia

“Minha História”, biografia da ex primeira-dama dos Estados Unidos, conta sua trajetória desde os tempos de infância até os dias na Casa Branca

Em meados de 2012 recebi na editora em que trabalhava um livro sobre a horta da Casa Branca . Era um livro bonito, capa dura, todo colorido, bem majestoso, com a foto da então primeira-dama Michelle Obama na capa. Não levei a publicação adiante e a vida seguiu nos dois países.

Leia também: Michelle e Barack Obama vão produzir séries para a Netflix

Foto: Reprodução/Facebook
Michelle Obama em noite de autógrafos

Agora, em 2019, retomo meu contato literário com a ex-primeira-dama em seu livro “Minha História” (Ed. Objetiva) e termino a leitura absolutamente impactada com essa mulher. Alguém de temperamento forte, mas que demostra ser admiravelmente gentil com seus compatriotas.

A biografia de Michelle Obama relata sua vida desde a infância no bairro de South Side, em Chicago, até o final do último mandato de seu marido Barack Obama . Com uma linguagem intimista, que te transporta para suas próprias lembranças emocionais, como por exemplo quando nos conta que deixava seus ursinhos sobre a cama depois de arrumá-la, e gente, que menina também não era assim?

A construção da narrativa é muito interessante, porque a Michelle tinha tudo para escrever uma história triste, de uma família humilde que se privava de muitas coisas e transformar isso em sofrimento, mas não. Ela deixa marcas de incentivo, de superação ao leitor, como se fosse uma conversa onde diz: “Ei, vai por aqui que talvez dê certo”, ou “Não se faça de vítima que isso não funciona”.

Leia também: "Furacão Anitta": o que a biografia de uma mulher tão jovem pode agregar?

Foto: Reprodução/Facebook
Livro de Michelle Obama

É muito curioso pensarmos na construção de uma vida até se chegar à presidência de um país. O que teriam feito Barack e Michelle para serem o primeiro casal de negros a chegar à Casa Branca ? Qual a representatividade que uma primeira-dama pode exercer sob seu povo, seu país?

Aqui no Brasil não me parece termos o hábito de entendermos ou acompanharmos de fato o que pode representar uma primeira-dama. É sabido que ser a esposa do presidente não te elege a nenhum cargo político e a nenhum ganho salarial oficial. Mas não percebo uma mobilização por assim dizer, nem sobre os próprios projetos sociais que elas venham a realizar.

O trabalho desenvolvido por Michelle Obama com a horta dentro da Casa Branca, por exemplo, teve um desenrolar muito amplo com a alimentação infantil do país. Ela conseguiu que supermercados, escolas e famílias repensassem o consumo exagerado de alimentos industrializados e passassem a consumir mais alimentos orgânicos. Um feito enorme em um país onde o consumo de fast-food sempre foi exagerado.

Outro ponto muito forte na história é a questão do preconceito racial. Michelle sempre lutou pelos direitos dos negros e embora não tenha vivido algo pessoalmente, já viu e sentiu muito com seus compatriotas.

Leia também: O plágio brasileiro na terra do Tio Sam

“Minha história” é um livro acima de tudo inspirador e que também traz discussões sobre racismo, violência urbana (em especial contra os negros), política armamentista e educação, que aliás foi uma das principais bandeiras da Michelle durante toda sua vida, mesmo antes de ser a primeira dama. E, convenhamos, o mundo já sabe que sem educação não se constrói nada: nem líderes e nem progresso.

Ficha Técnica:

Livro: Minha história

Editora: Objetiva

Autora: Michelle Obama

Páginas: 440

Ano: 2018

Para pautas e sugestões: colunaquartacapa@gmail.com

Link deste artigo: https://gente.ig.com.br/colunas/quarta-capa/2019-06-06/com-ternura-e-conviccao-michelle-obama-encanta-e-inspira-em-autobiografia.html