"Furacão Anitta": o que a biografia de uma mulher tão jovem pode agregar?

Livro de Leo Dias é parte importante de um movimento de formação de novos leitores e ajuda a relativizar conceituação de biografias

Você pode se perguntar o que uma pessoa de 20 e tantos anos pode ter para contar em uma biografia, e de fato, a história pode não ser tão densa e complexa quanto de uma com mais de 60 anos, por exemplo, mas ela com certeza terá um excelente atrativo: a linguagem para um público jovem.

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Foto: Reprodução
Biografia não autorizada de Anitta, 'Furacão Anitta'

Em sua originalidade, por assim dizer, as biografias eram homenagens a grandes nomes como forma de eternizar suas histórias e com uma ideia secundária de não precisar ter outra edição, como sendo algo já completo, já que em sua maioria eram publicadas ou pós-morte ou com o biografado já mais velho.

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Com a chegada dos ídolos teens, vários livros contando sobre os fatos e acontecimentos desses jovens conquistaram grande público e atingiram números estratosféricos de vendas. Tivemos uma grande guinada no próprio mercado editorial e uma mudança no olhar do gênero biografias.

O que era algo considerado denso, se transformou em um produto não só de alta rentabilidade, mas um excelente atrativo para novos leitores. O mercado conseguiu não só formar uma base de jovens consumidores/leitores com o novo formato, mas também conseguiu manter a fórmula original de se publicar e escrever biografias preservando seu antigo público.  

"Furacão Anitta" (Ed. Ediouro), escrito pelo jornalista e apresentador Leo Dias , saiu com uma tiragem inicial de 50 mil livros e traz como personagem principal uma das cantoras mais famosas da atualidade.

26 anos, carreira internacional deslanchando, apresentadora de um programa no México, parcerias musicais incríveis e uma biografia – não autorizada - repleta de fatos sobre sua vida profissional e pessoal que com certeza interessa a milhares de jovens e fãs.

Biografias pops, como podem ser chamadas, são um excelente atrativo para um jovem começar a gostar de ler. Um novo leitor precisa de algo próximo ao seu universo para que ele goste e queira ler mais, e nada melhor do que algo vindo de um ídolo.

Foto: Gustavo Henri
Lançamento do livro de Larissa Manoela na Bienal do livro de 2017

A atriz Larissa Manoela , ícone teen, é um excelente exemplo de vendas para um público jovem. Seus três livros ("O diário de Larissa Manoela", "O mundo de Larissa Manoela" e "Perguntas e respostas" – Ed. HarperCollins) já venderam mais de 760 mil livros até o momento. Um número expressivo se pensarmos que a atriz tem apenas 18 anos.

O conteúdo, muitas vezes questionável quanto a sua importância, é apenas uma porta de entrada para um universo gigante que é a literatura. E nós, pais, educadores, profissionais do mercado e afins, temos a obrigação de deixar essa porta aberta, ou pelo menos encostada.

Essa identificação é fantástica para se criar novos leitores. E isso não se resume apenas a biografias. No final dos anos 1990, por exemplo, vimos Harry Potter (lançado no Brasil pela Ed. Rocco) surgir como um dos maiores fenômenos literários. Pautou toda uma geração e com certeza despertou e criou leitores fervorosos até hoje.

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Vamos deixar nossos jovens lerem com o que se identificam e aos poucos vamos acrescentando literatura clássica e outros gêneros. 

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