Que algo fique claro antes de eu "descer o sarrafo" no Spotify : eu sou um fã desta referida plataforma digital.
Acompanhei de perto toda a mudança complicada no final dos anos 1990 , quando o MP3 surgiu com toda a força e desnorteou todo o ecossistema da indústria musical, que perdeu milhões de dólares na impossibilidade de arrecadar direitos autorais.
Adiantando a fita - como dizíamos nos anos 1980 quando queríamos ouvir algo no clássico formato K-7 -, em 2006 chega o Spotify , uma inédita plataforma fundada por Daniel Ek e Martin Lorentzon que pavimentou o caminho para que a palavra "streaming" fosse tão mencionada no mundo, todos os dias. Era uma nova forma de se consumir música.
Com isso, passamos apenas a escolher a faixa preferida e dar um play . Era a música em sua mais perfeita sonoridade - sim, o digital, que foi muito contestado com o advento do CD - onde você poderia escolher as milhões de músicas que já estavam disponíveis naquele momento.
Acontece que, para ter todo esse catálogo na plataforma, entra um fator determinante: o licenciamento .
Para que uma música esteja disponível no Spotify - e em qualquer outra plataforma - ela tem que ter um licenciamento (uma permissão da obra) - assinado por seus autores.
Aí que entra uma coisa que para mim ainda é difícil de digerir.
Esses dias, eu procurei uma obra do lendário grupo Alan Parsons Project e maioria das canções do álbum estavam inabilitadas . Ou seja, você não conseguia dar o famoso "play" , pois várias faixas não estavam disponíveis.
Verdade seja dita: se fosse um álbum em formato físico, não teríamos esse problema .
Por isso que nunca desfiz dos meus CD's e discos de vinil , adquiridos a muito custo, há 40 anos.
A música sempre estará lá, gravada, disponível .
Por ter pesquisado isso com afinco no inicio dos anos 2000
, eu compreendo que o mercado musical, assim como qualquer indústria, precisa de seu "ganha pão". Os artistas, autores, e todos os profissionais que trabalham nesse universo devem
receber seus dividendos pelo seu trabalho. Isso é inquestionável.
E foi justamente por isso, que a indústria musical encontrou esta saída no século XXI e ainda que os repasses aos artistas e demais profissionais ainda sejam questionados internacionalmente há anos, é uma fonte de renda.
No próprio site de suporte do Spotify , a questão de licenciamento, principalmente quando uma música ou um álbum deixa de estar disponível na plataforma, é explicada pela empresa da seguinte forma:
"Nem todas as músicas e podcasts do mundo estão no Spotify, e o conteúdo do nosso catálogo pode variar ao longo do tempo e entre países. Tudo depende das permissões concedidas pelos detentores de direitos. Adicionamos conteúdo novo ao Spotify todos os dias. Então, se você não encontrar algo agora, pode ser que apareça (ou reapareça) em breve".
Ou seja, uma obra musical pode aparecer e desaparecer sem aviso prévio .
Não seria uma boa sugestão avisar o assinante que isso pode acontecer a qualquer momento?
Isso me incomoda no Spotify e deve incomodar você também.