"Quando o ranço se instala, não há antivírus que desinstale." Já há algum tempo, a gíria foi incorporada ao nosso vocabulário para descrever o sentimento de repúdio, raiva e até desprezo que um sujeito desenvolve por algo ou alguém. Que o diga Claudia Ohana, a nova famosa a enfrentar uma enxurrada de comentários nesse sentido.
Em uma rápida olhada no Instagram da intérprete de Dora, na novela "Vai Na Fé", é notável que inúmeros usuários não digeriram bem a — controversa — postura da veterana. Tanto que lotam as publicações com frases como "essa não é a que adota para tentar fazer média e, depois, abandona?" e "quando estiver na pior, lembre-se do que fez com aqueles anjinhos".
Para quem não se lembra, o nome da artista da Globo foi envolvido em uma grande polêmica após acolher Thor e Tigrão, em dezembro de 2019, e devolvê-los para a ONG Toca do Bicho, do Rio de Janeiro, poucos meses seguintes. Claudia Ohana alegou passar por problemas de saúde em meio à pandemia. Para agravar a situação, um deles, infelizmente, acabou morrendo de um tipo raro de tumor em 2020.
Diante disso, a reportagem procurou o especialista em medicina veterinária integrativa Marcelo Chipitelli, que está à frente da VetChip, para perguntar: "Qual a sua opinião sobre a atitude da atriz
e a reação do público? É possível lidar com emoções de forma mais funcional, ou seja, sem desrespeitar ou despejar a ira em cima dos outros ao se tratar de um animal de estimação?".
Ao reconhecer que o assunto é complexo e destacar que "pets são como filhos, e, caso tenha um corte abrupto, isso poderá levá-los à depressão e a doenças psicossomáticas", o profissional se lembrou das circunstâncias em que os bichinhos morreram devido às dificuldades causadas pela ausência dos donos. No entanto, Chipitelli, ainda assim, abriu um parêntese para reforçar a importância da empatia. De acordo com ele, ao errar, entendemos que a pessoa é um indivíduo, que pode precisar de auxílio.
Antes de finalizar, Marcelo, até mesmo, ressaltou que os cães são uma das espécies que mais desenvolvem os neurônios-espelho. "Por isso, sabem quando nós estamos felizes, tristes ou ansiosos. E, graças a esse rapport
[palavra de origem francesa, que significa 'trazer de volta' ou 'criar uma relação'], acabam liberando ocitocina, hormônio responsável pelo fortalecimento do vínculo afetivo. Não é à toa que compreendem o abandono dos proprietários".