No Carnaval de 2023, Walace Lara participou da cobertura da tragédia provocada pelas chuvas no litoral norte de São Paulo, em que, somente em São Sebastião, 64 pessoas morreram. O jornalista da Globo chorou ao vivo ao relatar que comerciantes estariam cobrando R$ 93 por um litro de água e Antonio Isupério Pereira Junior achou pertinente atacá-lo nas redes sociais.
"É difícil ouvir o depoimento que a gente ouviu agora e não se emocionar. Cobrar R$ 93 em um litro de água na situação que nós estamos aqui é inacreditável", disse. A cena viralizou na internet e o ativista disse que ele teria espalhado fake news e ainda o chamou de racista: "Vergonha mundial. Ninguém checou os fatos".
O jornalista, que atua na Globo desde 1996, processou o mesmo por ofensa. "Acusar um jornalista, com quase trinta anos de serviços prestados, de veicular notícias falas é altamente grave e ofensivo. Mais grave ainda é chamá-lo de racista", afirmaram os advogados Arthur Rollo e Rafael Freire à Justiça.
Por outro lado, o ativista se defendeu dizendo que a publicação não era a respeito do jornalista e sim "sobre as consequências que advieram à comerciante atingida pela notícia veiculada na TV". Para ele, o programa "não teve a cautela de efetuar a necessária comprovação da veracidade da notícia" ao divulgar o relato e "não conferiu fontes, não foi aos locais de venda apurar o que de fato se passava, não deu detalhes sobre as condições em que esse suposto abuso teria ocorrido". "A notícia saiu conforme os relatos de moradores. Contudo, apurou-se mais tarde, era falsa", declarou.
Entretanto, o juiz Jomar Amorim condenou o ativista e ressaltou que ele utilizou a imagem do jornalista sob título de fake news, e em um segundo post, "reiterou haver um aspecto racista no episódio", ofendendo a hora e "relacionando arbitrariamente sua conduta a uma 'branquitude de pautas' e a um inexistente racismo".
Com isso, Antonio Isupério Pereira Junior foi condenado a pagar uma indenização de R$ 5 mil, que será acrescido de juros e correção monetária, R$ 75 mil a menos que Walace Lara havia pedido. O ativista ainda pode recorrer à decisão.
*Texto de Júlia Wasko
Júlia Wasko é estudante de Jornalismo e encantada por notícias, entretenimento e comunicação. Siga Júlia Wasko no Instagram: @juwasko