A Associação Nacional de Juristas Islâmicos (ANAJI) entrou na Justiça contra os cantores Xande de Pilares e Ferrugem, e os compositores Claudemir Júnior, Peu Cavalcante e Rodrigo Leite, da música Me Abraça. A ação movida pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) informa que a letra da dupla contém "conotação preconceituosa e estigmatizante".
A ação determina que a canção seja adequada no prazo de 30 dias, sob pena de multa de R$ 10 mil. Além disso, a associação pediu uma indenização de R$ 30 mil por danos morais coletivos.
"Pra que bombardeio, pra que engatilhar. Aqui não é Irã, ou Islã, Bagdá. Foi só um mal tempo que ainda dá tempo. Desarma essa bomba em nome de Alá", cantam no trecho da música.
De acordo com a comunidade islâmica, a frase em questão contém conotação preconceituosa e "sugere que todos os seguidores do Islã seriam terroristas". Além disso, "busca apenas a adequação da música e não sua suspensão, em respeito à liberdade artística, visto que essa possui um trecho que viola os direitos da comunidade muçulmana no Brasil, ao associar a religião islâmica ao terrorismo".
"Como se depreende da transcrição acima, evidente que as palavras utilizadas na 4ª estrofe acabam transmitindo aos ouvintes a ideia de que todos os seguidores do Islã são terroristas e assassinos quando compara o desarme de bomba a Alá, dando a falsa concepção de que a religião propaga a violência e atos terroristas", acrescentou.
O cantor Diogo Nogueira também já regravou a canção, mas não está enfrentando o processo ao lado dos músicos. Ele não foi notificado judicialmente, mas solicitou que sua equipe a retirasse das plataformas digitais e comunicasse aos compositores a situação. A assessoria de comunicação do artista declarou que o vídeo foi retirado do YouTube há três meses e aguarda que a canção seja removida do Spotify.
*Texto de Júlia Wasko
Júlia Wasko é estudante de Jornalismo e encantada por notícias, entretenimento e comunicação. Siga Júlia Wasko no Instagram: @juwasko