Com pouco mais de duas décadas de carreira, Rafael Primot tem destacada cada vez mais com produções voltadas à diversidade. Como parte da comunidade LGBTQIAP+, o ator não faz questão de esconder seus posicionamentos. O diretor trabalhou com Regina Duarte no filme Gata Velha Ainda Mia e explicou o motivo do afastamento entre eles.
"Eu não tenho mais proximidade com ela. A gente teve uma relação no período de filmagem. Que foi anterior de ensaios e no período de filmagem, como qualquer outro projeto. Claro que em alguns projetos, quando você cria intimidade com outro ator, ele acaba entrando na sua vida pessoal. Mas isso é muito mais raridade do que realmente costume, você ter esse tipo de envolvimento", afirmou.
"Então, quando ela fez as escolhas políticas dela e de posicionamento, a gente já não tinha muito contato. Meu filme já tinha sido lançado. O filme tá disponível na internet. Acho que a obra é maior do que os intérpretes por si só (...) Aconteceu esse afastamento natural quando acabou o trabalho e ela fez o posicionamento político dela, as escolhas que ela teve", acrescentou.
"Apesar de eu ser contrário às crenças políticas dela, e de 50% da população brasileira, porque não é só ela. A gente tem 50% da população brasileira que também concordava com esse discurso. Então a gente aprende a lidar e acho que a gente, apesar de ser totalmente contrário ao que eu penso, eu sou um cara que sou a favor da democracia. Todo mundo tem o dinheiro de se posicionar e fazer suas escolhas, equivocadas ou não cada um faz as suas", concluiu.
Além disso, o escritor dedica-se a projetos em que minorias se sintam representadas: "A arte deve ser a porta para a diversidade e vejo que essa abertura para todos os grupos deve ser feita sem oportunismo. O propósito deve ser não apenas inserir, mas também fortalecer os que estão à margem da história".
Um de seus últimos trabalhos foi a série Chuva Negra, exibida pelo Canal Brasil, disponível no GloboPlay, onde traz pela primeira vez em um seriado um protagonista com Síndrome de Down.
No ano passado, ele esteve em cartaz com A Herança, uma obra teatral que foi vista por mais de 22 mil espectadores e propôs uma discussão entre gerações sobre amor, amadurecimento e pertencimento.
"Fazer a parte de A Herança com certeza mudou a minha vida, pois com a sociedade ainda muito machista e preconceituosa em que vivemos, ter uma peça dessas em cartaz com enorme repercussão é revolucionário. Com esse projeto, pude me entender melhor como homem gay e que deve ocupar o seu espaço", disse.
*Texto de Júlia Wasko
Júlia Wasko é estudante de Jornalismo e encantada por notícias, entretenimento e comunicação. Siga Júlia Wasko no Instagram: @juwasko