Gabriel Perline

Atriz de Renascer abre o jogo sobre obstáculo após novela: "Desapegar"

Patrícia França interpretou Maria Santa na versão original da novela das nove

Foto: Reprodução/Edu Rodrigues
A atriz deu sua opinião sobre o remake da novela das nove

Em 1993, Patrícia França estreou seu primeiro papel em novelas como Maria Santa em Renascer. A mocinha da primeira fase da trama impactou até mesmo a vida da nova intérprete, Duda Santos, que vive a mesma personagem no remake da Globo.

Em entrevista ao NaTelinha, as duas atrizes trocaram perguntas e respostas sobre a atração. Patrícia França admitiu que teve uma grande dificuldade após Renascer, pois quando a novela ainda estava no ar, ela já havia sido escalada para protagonizar Sonho Meu, na faixa das seis.

De acordo com a atriz, ela não tinha o tratamento especial dado pelo diretor Luiz Fernanda Carvalho, conhecido por se aproximar do teatro e do cinema nas gravações. "Saí de Renascer direto para fazer outra novela. Emendei uma na outra e senti o impacto".


"O que eu aprendi foi a entender que eu precisava preservar a minha criança. Levei isso para todo o sempre. Até hoje, costumo brincar que eu tenho uma criança de 12 anos que insiste em morar dentro de mim, que não quer me largar. Acho que isso veio com Maria Santa. Ela é uma criança mesmo", pontuou sobre o impacto da personagem em sua vida.

"Naquele momento da minha vida, eu já tinha feito Tereza Batista [minissérie de 1992 que revelou a atriz na TV]. Quer dizer, mal ou bem, eu já tinha passado por uma personagem com peso dramático muito grande, com um peso de vida. Acho que Tereza Batista é, das personagens do Jorge Amado, a mais multifacetada e a mais 'pesada', vamos dizer assim", acrescentou.

"Minha grande preocupação era se eu ia conseguir imprimir o frescor que a Maria Santa exigia. Entendi que eu precisava me resgatar. Então, eu diria que foi um reaprendizado, reaprender a ser a menina que, na verdade, eu era. Eu só tinha 19 anos, assim como você é também [Duda Santos está com 22]", reforçou.

"Então, esse foi o grande aprendizado: entender que a gente deve levar a vida com leveza, com frescor. As personagens nos ensinam. A gente não sai de uma personagem ilesa. Acho que foi isso que ela me ensinou: a levar a vida de uma maneira leve e não matar a minha criança interior", concluiu.

Sobre sua personagem, ela ainda admitiu que foi não foi fácil se desapegar: "Do que eu me lembro, acho que o mais difícil foi desapegar do processo. O set do Luiz Fernando [Carvalho, diretor da novela original] era um templo sagrado. Ele fazia cada cena como se estivesse pintando um quadro".

"Lembro bem de uma cena em que eu chegava, encostava na estátua da santa, e eu estava ali só me concentrando. Quando olhei, ele já tinha posicionado as câmeras para que eu começasse a fazer a cena ali naquela posição. Ele aproveitava cada momento do que eu fazia. Vi isso não só comigo, como com os outros atores", afirmou.

"Quer dizer, quando a gente chegava propondo, ele recebia bem. Então, além de ser genial, um diretor espetacular, ele era receptivo. E trazia para o set um clima muito tranquilo e ritualístico. Foi mais difícil desapegar do processo que eu vivi fazendo a personagem. Essa foi a minha maior dificuldade (...) Saí de Renascer direto para fazer outra novela. Emendei uma na outra e senti o impacto. E Renascer foi como se nós não estivéssemos fazendo uma novela. A gente estava fazendo um filme misturado com teatro, porque esse era o ritmo que o Luiz impunha no set", finalizou.

Para ela, existem semelhanças entre as Marias Santas vividas por Patrícia França e Duda Santos. "Vi uma cena que você fez, em que a entonação da fala foi parecida com a minha. E eu dei tanta risada! Achei tão engraçado… É aquela cena em que Maria Santa diz pra mãe: 'Olha, os peitos já estão amarrados, mas o que eu faço com as pernas?'. Obviamente, você fez sem querer, mas eu achei engraçadíssimo, porque eu me lembrei exatamente do dia em que eu fiz a cena", avaliou.

"Fora isso, acho que a sua Maria Santa é muito diferente da minha, e é óbvio que é diferente. Nós sofremos influências artísticas diferentes, temos referências diferentes, somos de lugares diferentes [Patrícia nasceu no Recife e Duda é natural do Rio de Janeiro]. O Brasil são vários países dentro de um só, várias culturas interagindo. Então, somos pessoas absolutamente diferentes", reiterou.

"Você está vivendo em 2024, eu vivi na década de 1990, de lá pra cá muita coisa mudou. Então, a sua Maria Santa é outra, e que bom! E ela está sendo muito bem recebida, assim como a novela está sendo muito bem recebida. O namorado da minha filha, que tem a sua idade, me disse que está vendo a novela, e ele não é noveleiro de jeito nenhum! Que bom! Viva Renascer e viva a sua Maria Santa! Que Deus te abençoe muito, e que essa personagem te traga muitos frutos", completou.

*Texto de Júlia Wasko

Júlia Wasko é estudante de Jornalismo e encantada por notícias, entretenimento e comunicação. Siga Júlia Wasko no Instagram: @juwasko