Amanda Ramalho contou com exclusividade ao podcast Não é Nada Pessoal, apresentado por Arthur Pires e por este colunista que vos escreve, mais detalhes de quando recebeu seu diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA), aos 36 anos.
"Eu já fazia uma terapia online. Nessa época eu até fazia presencial, mas aí veio a pandemia e eu fiz online. Meu terapeuta achou que eu estava tranquila demais. Não porque estava cagando pra pandemia. Eu sofri demais. Mas de alguma forma eu já tinha imaginado tudo aquilo na minha cabeça, então eu já sabia (...)", relembrou.
"Ele falou: 'Amanda, você tá muito tranquila'. A gente foi averiguando e a minha tranquilidade se deu pela ausência de estímulo. Como eu trabalhava num programa que exigia muito de mim, ainda mais na minha saída que foi uma coisa bem estressante. Então eu tava muito doente mesmo. Não dava pra olhar pra isso, porque eu tinha questões mais superficiais que precisavam ser tratadas", disse.
"Então como eu comecei a ter menos dores e o Esquisofrenoias [podcast de Amanda] tava muito bem e eu não precisava sair de casa, eu fazia tudo online. Daí ele falou: 'Amanda, talvez você esteja no espectro autista porque a sua tranquilidade com essa ausência de estímulo é alguma coisa pra gente olhar'. Eu morava num estúdio, entende? Aquela luz... era exigido coisas pra mim que eu, às vezes, nem queria fazer. No fim eu nem queria mais", acrescentou.
"Então acho que a minha vida começou a ser mais leve. Então a gente investigou. O espectro autista tem três níveis de suporte, eu tô no nível de suporte um, que é aquela pessoa que você tem o sofrimento mais... Mas a barreira da comunicação. Por mais que pareça que eu me comunico bem, na vida pessoal eu tenho barreira muitos interessantes. Você fala: 'Nossa, a Amanda precisa de muita terapia'", afirmou.
"Isso é uma característica. Você não tem o filtro. Então se viesse uma pessoa, [eu falava] 'foda-se'. Só que eu tenho o discernimento que fazia mal para as pessoas, então vinha uma culpa. E era um negócio que não parava. Era uma característica minha, se eu ficar muito tempo falando aqui eu vou começar a falar que eu sei que precisam ser preenchidas em espaços, só que eu posso ser inconveniente", afirmou.
"E as pessoas estimulavam isso, que precisava ser isso. Uma característica minha que é uma excentricidade do espectro autista foi usada para o trabalho. Eu não gosto de falar mal de ninguém. Olha só, falei tão mal de todo mundo. Acho que faz parte da minha trajetória", concluiu.
Além disso, Amanda contou que mãe de pessoas com autismo passaram a comentar nos chats de suas transmissões ao vivo que ela tinha o diagnóstico por conta de suas características: "Eu achei que o meu psicólogo tinha falado para as mães de autistas comentarem (...) Eu falei 'nossa ele ta fazendo isso pra que eu aceite'", disse, brincando.
Outro ponto foi quando a jornalista percebeu que não entendia as piadas, e ria somente para entrar na onda. "Eu não rio de piadas porque eu não entendo. Fala: 'A Amanda é muito mal-humorada não ri de nada'. Mas convivendo com humoristas e fazendo humor, hoje eu sei a hora de rir. Então eu sei mentir que tô rindo, mas antes eu ficava com uma cara de bosta", declarou.
*Texto de Júlia Wasko
Júlia Wasko é estudante de Jornalismo e encantada por notícias, entretenimento e comunicação. Siga Júlia Wasko no Instagram: @juwasko