O SBT pretende processar Rachel Sheherazade diante das falas proferidas pela jornalista sobre a emissora na madrugada na última quinta-feira (21) em A Fazenda 15, reality de confinamento da Record. Na ocasião, a ex-âncora do SBT Brasil afirmou ter levado uma advertência da direção da empresa de Silvio Santos por motivos religiosos. "Fiz um comentário sobre a questão entre Israel e Palestina, o conflito árabe-israelense. E eu levei um 'chamada' porque o dono da emissora [Silvio Santos] é judeu", disse.
Em conversa com a coluna, o SBT confirmou que acionou o departamento jurídico e está analisando as falas da jornalista, e não descarta levá-la aos tribunais por conta de suas colocações dentro do reality show da Record.
Em sua fala no confinamento, Rachel acrescentou: "Dei uma visão meio que pró-Palestina. Não era pró-Palestina, mas, naquele momento, era uma situação em que os palestinos estavam sendo as vítimas do conflito, e eu levei a minha opinião", declarou ela, que afirmou ter tido consciência de que poderia ter sido demitida devido a seus comentários, mas não deixou de dizer o que quisesse.
"Chamaram a minha atenção porque o dono da emissora era judeu e eu não poderia dar aquela opinião, mas eu dei. Me coloquei na berlinda mesmo", disse.
Sheherazade ainda revelou que sofria pressão do governo Jair Bolsonaro, tanto pelo ex-presidente como por Fabio Faria, então ministro das Comunicações e genro de Silvio, e por Fabio Wajngarten, então secretário das Comunicações.
Os três teriam contato direto com o SBT para orientar coberturas. "O presidente da República liga reclamando", contou. "O secretário de comunicação do governo passado ligava para emissora para dizer o que iria ou não ao ar."
Em outras ocasiões durante o confinamento, Raquel ainda disse que Luciano Hang, dono da Havan, foi um dos responsáveis por sua demissão. "Só tinha patrocínio dele. E ele pediu", disse ela. Ela contou ter sido escoltada pela Polícia Militar e pela Polícia Rodoviária Federal após seu desligamento, ao sair da emissora. "A gente vive com a corda no pescoço, né?"
Sheherazade trabalhou como âncora na emissora de Silvio Santos de 2011 a 2020. Ela entrou na Justiça alegando ter um vínculo celetista com a empresa.
No ano passado, Rachel ganhou a ação contra o SBT. Na sentença, o juiz diz que a jornalista era contratada como pessoa jurídica, mas que isso servia como maneira de driblar a contratação via CLT. A decisão foi em primeira instância e ainda cabe recurso.
O site NaTelinha e a Folha de S.Paulo também citaram a vontade do SBT em judicializar as falas de Sheherazade na Record. Vamos acompanhar os próximos capítulos.
* Texto de Lívia Carvalho
Lívia Carvalho é estudante de Jornalismo e apaixonada por cultura pop. Antes de entrar no time da coluna, foi produtora, apresentadora e repórter no programa Edição Extra, da TV Gazeta. Siga Lívia Carvalho no Instagram: @liviasccarvalho