Gabriel Perline

Ex de Darlan rompe silêncio sobre agressão: "Nem sei como estou viva"

Cristiany abriu o jogo sobre seu antigo relacionamento e condenação do ator pelo crime

Foto: Reprodução/Youtube
A ex-namorada do ator revelou mais detalhes de agressão que sofreu

A ex-namorada de Darlan Cunha, Cristiany, relatou os piores momentos de sua vida ao lado do ator. Aos 16 anos, os dois engataram um relacionamento de nove meses, e ela afirmou que foi repleto violência física e moral por parte do artista.

Em entrevista à Quem, Cristiany preferiu não mostrar o rosto e garantir sua privacidade, principalmente após o ex-namorado entrar em A Fazenda 15. Aos 27, ela afirmou que já perdeu a conta de quantas vezes apanhou dele.

Mesmo se calando durante anos, Cristiany se comoveu com Aryane Corrêa, também ex-namorada de Darlan que divulgou áudios de ameaças em meio à sua absolvição por agressão. Por isso mesmo, acredita que as duas devem se juntar para evitar que mais mulheres passem por violência doméstica.

"Sempre tive medo de falar por não ter apoio, as pessoas só criticam. E agora, como a Ary está sendo acusada de ser 'biscoiteira', de querer aparecer, eu quero que também ouçam a minha voz, o meu relato, porque eu também já passei por isso. Eu não quero fama, não quero mostrar meu rosto, nem nada. Quero seguir a minha vida em paz", reforçou.

Sobre o relacionamento, Cristiany explicou como passou a sofrer na mão do artista: "Eu era muito nova ainda, fui muito influenciada por ele. Tudo o que ele falava eu acreditava, peguei muitas, muitas traições, mas ele sempre vinha com um papo romântico, de que ia mudar. E as agressões eram constantes, porque eu pegava as traições, questionava e ele me batia. Eu era traída e agredida."

"Uma vez ele me cortou no pescoço com um vidro de porta retrato que tinha quebrado em uma das brigas. A médica disse que por muito pouco não pegou em uma veia do meu pescoço, que me levaria à morte. Além disso, eu vivia de olho roxo. Os porteiros da casa dele perguntavam o que tinha acontecido e eu inventava história de que tinha caído no banheiro", acrescentou.

"No Dia dos Namorados [daquele ano], eu peguei ele falando com outra menina, fui tirar satisfação mais uma vez, e ameacei ir embora. Foi nessa hora que ele me arrastou para o quarto, subiu em cima de mim e socou a minha cara. Eu tinha que ir embora para a minha casa no outro dia e ele não deixou. A minha sorte foi que ele deixou o telefone dele carregando na sala de madrugada, então liguei para a minha mãe e contei que ele tinha me agredido. Ela foi lá com a polícia no dia seguinte. Ele tinha saído há pouco tempo. Eu estava com o olho roxo, magra, só sabia chorar nessa época, era totalmente dependente emocionalmente dele", afirmou.

"Dois policiais me colocaram dentro da viatura sem a minha mãe, eu não poderia ter ido sem ela, até porque era menor de idade, e ainda debocharam de mim, dizendo que no Dia dos Namorados eu recebi porrada ao invés de flores, e que eu ia voltar para ele. Foi uma cena horrível, traumatizante", relembrou.

"Chegando na delegacia, os jornalistas queriam falar comigo, mas eu pedi à minha mãe que não queria ser exposta e não queria o expor também. Mas o delegado disse a ela que isso ia ajudar a acabar com ele, então minha mãe liberou uma imagem do meu olho roxo, que está na internet até hoje. Saiu em tudo quanto foi jornal, programa de TV, fiquei revoltada com a minha mãe e ele me manipulou mais uma vez, se reaproximou para que eu o salvasse de alguma forma", contou.

"Ele falava que me amava muito, que queria ficar comigo, me dava carinho, presente e eu acabava cedendo. Até que minha mãe me expulsou de casa e ele pagou um lugar para eu ficar. Lá ele me bateu e cortou o meu supercílio. Depois de ele aparecer na televisão, no jornal, ele me bateu várias outras vezes. Ele me manipulava, porque eu estava sem a minha mãe, sem a minha família, morando de favor através dele, fiquei nas mãos dele, apanhava muito", falou.

Cristiany também relembrou que em 2018, quando o ator foi condenado, ela escreveu uma carta o inocentando e possibilitou que ele tivesse sua pena reduzida.

"Como naquela época eu fui pega em cárcere privado e estava com hematomas, ele foi condenado pela Lei Maria da Penha, mas por ser réu primário cumpriu a pena em liberdade usando tornozeleira eletrônica por três meses. E, para completar, ele e o empresário dele me fizeram escrever uma carta, eles ditando para eu escrever de próprio punho, para ajudá-lo. Esse olho roxo da foto ele me mandou dizer que foi um acidente causado por um relógio. Como bater com um relógio ficaria daquele jeito? Aquilo foi muito soco na cara que eu levei. Ele era ruim, não me batia porque perdia a cabeça, ele planejava. Ele me tirava da sala e me levava para o quarto, porque lá os vizinhos não iriam escutar meus gritos, corria atrás de mim com taco de baseball, já me deu uma tacada de baseball na perna. Eu nem sei como eu estou viva", afirmou.

"Isso já tem muitos anos, mas toda vez que eu falo parece que eu estou revendo tudo aquilo de novo, me dá ansiedade. Eu tive que fazer terapia, tomar remédio psiquiátrico. A minha mãe já não suportava mais ele, já não queria mais o relacionamento, só que eu insistia em manter, porque eu o amava tanto, era tão cega, doente por ele. E fiquei até contra a minha mãe. Como uma pessoa com um histórico igual ao dele de agressões pode pagar de bonzinho na televisão? Ele é um cara violento, ninguém gosta dele", questionou.

"E vê-lo agora na televisão, como se ele não tivesse feito isso para essas mulheres, é muito frustrante. Ele está saindo como bonzinho, mas ele não é. Ele é uma pessoa mau-caráter, um monstro. Não consigo nem ver o programa, minha mãe tem pavor dele". "As pessoas estão falando que ele foi inocentado pelo caso da Aryane, mas ele não foi inocentado pelo meu. Que justiça é essa? Vai precisar alguém morrer para ter voz?", finalizou.

*Texto de Júlia Wasko
Júlia Wasko é estudante de Jornalismo e encantada por notícias, entretenimento e comunicação. Siga Júlia Wasko no Instagram: @juwasko