O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro indeferiu a ação movida por Anderson Leonardo, vocalista do grupo Molejo, contra Maycon Douglas Pinto de Nascimento Adão, o MC Maylon, pelos crimes de calúnia e difamação sob a alegação de que o pagodeiro teria o estuprado. Os dois admitiram à polícia que mantiveram relações sexuais durante oito meses antes da suposta violência. A Justiça entendeu que o ato foi confirmado pelo artista e que, portanto, ele deverá pagar os custos advocatícios no valor de R$ 10 mil.
Em fevereiro de 2021, Maylon declarou que o episódio aconteceu em 11 de dezembro de 2020 em um hotel em Sulacap. Ao portal G1, ele afirmou que foi violentado após ser atraído pelo cantor de 48 anos para uma reunião, pois o artista era seu empresário.
Apesar de confessarem o relacionamento, Maylon negou que tenha mentido sobre o estupro e omitido a informação à polícia: "Não menti em nada, porque teve estupro. Mesmo eu sendo ex do Anderson, foi estupro. Eu era o ativo da relação e virgem, porque eu só era ativo. E no estupro, ele foi ativo comigo. Lembrando que mesmo você casado, falar não, é não", explicou.
Em decisão publicada na última quinta-feira (14), noticiada em primeira mão pelo jornalista Thiago Sodré, a juíza Daniela Barbosa Assumpção de Souza expediu: "No caso concreto, mesmo que considerado que as falas imputadas, possam ser tidas como indelicadas, não traduzem, em si, a prática de conduta criminosa, eis que segundo a inicial, a conduta supostamente injuriosa, seria denominar o Réu de 'DEPRESSIVO' ou 'SAFADO'".
"Contudo, ainda que se possa pensar que a fala em si retrata a intimidade dos envolvidos e por isso poderia o Querelante se sentir maculado em sua imagem, note-se que o próprio Autor, em vários momentos de sua vida pública, faz afirmações sobre sua vida íntima, inclusive práticas sexuais de sua preferência, não parecendo que essa exposição lhe acarrete qualquer dano", disse.
"Nesse mesmo sentido, foi o entendimento do Juízo da 7 ª Vara Cível Regional de Campo Grande, na ação cível proposta pelo ora Querelante, em que foi negado o pedido de indenização, após o próprio Autor, ora Querelante, que havia solicitado o segredo de justiça naquele feito, realizou publicações sobre os fatos sub judice", explicou.
Em fevereiro de 2021, o cantor negou o estupro e afirmou que teria tido uma relação consensual com o jovem. "Foi uma vez. Mas nessa vez que aconteceu, eu falei: 'Vou tirar essa dúvida logo. Se for bom... Vou casar com ele, faz de mim o que quiser. Quer falar que sou gay? [Pode falar] Sou gay, bi, tri, hepta... Não estou nem aí", contou ele, que tinha passado por um término recente com a namorada.
No boletim de ocorrência registrado por Maylon, ele declarou que a violência sofrida foi tão traumática que ele teve sangramento após o ato. "Sexo anal não é para qualquer um. O que eu fiz? [Usei] Gelzinho. Fui com jeitinho, preparando e vendo se está tudo certo para depois chegar na penetração. Sou um cara de 48 anos. Não vou saber fazer sexo anal?", disse.
"Estupro é uma coisa muito séria. E ele não desmaiou. Primeiro, ele ejaculou. Falei: 'posso ir?'. Quando fui, ficamos um do lado do outro e conversamos. Não teve sangramento, não teve nada", observou.
* Texto de Lívia Carvalho
Lívia Carvalho é estudante de Jornalismo e apaixonada por cultura pop. Antes de entrar no time da coluna, foi produtora, apresentadora e repórter no programa Edição Extra, da TV Gazeta. Siga Lívia Carvalho no Instagram: @liviasccarvalho