O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (Sindijor-PR) repudiou a contratação do apresentador Denian Couto pela Rede Massa, afiliada do SBT do Paraná. O deputado federal foi demitido do Grupo RIC em 2019 após ameaçar de morte a ex-noiva em um vídeo divulgado pelo The Intercept Brasil. Na gravação, o jornalista diz para Giuli Kuiava: "Vou te matar se você não calar a sua boca".
O órgão alega que a presença do comentarista em uma emissora de alcance nacional é prejudicial tanto para o público quanto para seus colegas de trabalho. A Comissão Nacional de Mulheres Jornalistas da FENAJ se posiconou nesta terça (5) para criticar a emissora e o comunicador.
"Repudiamos, portanto, a atitude da emissora Rede Massa em dar espaço a uma pessoa que desrespeita o mínimo que se espera de um profissional jornalista e que, notoriamente, busca palanque para suas investidas políticas", diz a nota.
Couto foi investigado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) em 2019, mas conseguiu se esquivar do processo ao alegar que estava sob "forte emoção" quando proferiu as ameaças à então companheira. O Sindijor-PR organizou uma manifestação na porta da emissora em que ele trabalhava, e a demissão dele foi efetivada.
Ele foi admitido pela empresa no dia 14 de agosto para comandar o quadro Fala, Denian, para comentar assuntos políticos e econômicos. O jornalista comemorou a ida para o canal com publicações nas redes sociais.
"A partir de hoje, diariamente, participo do SBT Paraná na Rede Massa com comentários sobre os assuntos mais importantes do nosso Estado. O quadro Fala, Denian vai abordar temas de política, economia, segurança e até comportamento. Agradeço ao time da Rede Massa pela acolhida. Eu estava com saudade!". Confira:
No momento, o sindicato exige um posicionamento da Rede Massa sobre a contratação do comunicador.
Confira a nota de repúdio da Comissão Nacional de Mulheres Jornalistas:
"A violência contra a mulher não deve ser tolerada, tampouco a impunidade e o destaque a agressores. A FENAJ e seus Sindicatos filiados lutam para que redações de todos os estados brasileiros sejam espaços livres de violência, de assédio e de abuso.
Por isso, ainda que Couto seja jornalista, suas práticas em desacordo com a ética e moral civil fazem esta Comissão repudiar sua contratação para um posto de destaque.
O estatuto da FENAJ resguarda a ação sindical para além das relações que dizem respeito às negociações trabalhistas, privilegiando também a defesa da cidadania, da função social do jornalismo, da qualidade de vida e das relações sociais, do apoio à diversidade e do respeito às questões raciais e de gênero, elementos estruturantes da manutenção da democracia nesta conjuntura tão adversa que vivemos".
* Texto de Lívia Carvalho
Lívia Carvalho é estudante de Jornalismo e apaixonada por cultura pop. Antes de entrar no time da coluna, foi produtora, apresentadora e repórter no programa Edição Extra, da TV Gazeta. Siga Lívia Carvalho no Instagram: @liviasccarvalho