Quem teve a adolescência pautada pelo Programa Livre nos anos 1990, graças à genialidade de Serginho Groisman e sua coragem em levar para a TV aberta temas tidos como tabu para a época, sabe que o programa foi um dos maiores marcos da história do SBT. E agora, 22 anos após seu cancelamento, a emissora de Silvio Santos quer trazer o formato de volta. Mas diante dos nomes escolhidos para serem testados, o novo Programa Livre já flerta com o fracasso antes mesmo de estrear.
Estão no páreo para assumir o comando do programa: Yudi Tamashiro, Murilo Couto, Tiago Abravanel e Otaviano Costa. Todos homens, nenhuma mulher foi cogitada por enquanto. Cada um com um perfil diferente e bagagens de vida distintas. Mas o gritante abismo que há aqui é o repertório que cada um carrega. E isso certamente será o fator determinante para a sobrevida da atração.
Antes de fazer uma análise sobre cada um, é importante lembrar que em 1999, quando Serginho foi para a Globo e criou o Altas Horas, o SBT teve a nada brilhante ideia de colocar Ney Gonçalves Dias, Márcia Goldschmidt, Lu Barsotti, Christina Rocha e Otávio Mesquita para se revezarem no comando do programa. Foi um fracasso, já que nenhum deles conseguia se comunicar com os jovens da mesma maneira que o original.
Essa formação durou menos que quatro meses, e Babi Xavier, que havia acabado de sair da MTV, assumiu o Programa Livre, que recuperou o DNA da conexão com o público jovem, e se manteve à frente da atração até dezembro de 2001, quando foi cancelada da programação. Agora, 22 anos depois, o SBT parece ter se esquecido do erro do passado e escolheu alguns perfis que destoam do formato. Veja:
Revelado pelo SBT nos tempos do Bom Dia & Cia, Yudi mudou muito sua personalidade nos últimos anos. Além de se tornar evangélico e porta-voz da "moral e bons costumes", ele prega o conservadorismo em suas redes sociais e nas palestras que dá pelo Brasil. Ou seja, é uma figura careta para dialogar com os adolescentes e jovens adultos dos tempos atuais. Sem contar que no mercado publicitário seu nome não é um dos mais potentes para atrair anunciantes de prestígio, capazes de bancar o formato.
Um dos melhores humoristas de sua geração, Murilo Couto é um nome interessante, mas que também gera dúvida em relação ao seu conjunto de habilidades. Ele não tem uma forte conexão com o público jovem, não tem experiência como entrevistador e também não é um nome forte no aspecto comercial. Amigos da coluna que acompanharam as gravações dos pilotos relataram que teve uma forte pegada de humor na troca que ele teve com os convidados, porém pouca profundidade nas entrevistas e interação com a plateia.
Ele ainda não gravou pilotos, mas está no radar da emissora, que acredita em seu potencial. Mas seu nome não é unanimidade entre a cúpula, sobretudo por conta de seu explícito desentendimento com algumas de suas tias, que hoje ocupam posições estratégicas dentro da emissora. Uma fonte da coluna disse que existe um receio interno a respeito do cancelamento que Tiago Abravanel sofreu por sua atuação no BBB 22, e até hoje perdura nas redes sociais. O medo é que isso seja um fator limitante na hora de tentar buscar anunciantes. Porém, o que pesa a favor do neto de Silvio Santos é seu talento, carisma e forte porder de comunicação.
É o nome mais certeiro dentre as opções trabalhadas pelo SBT. Querido pelo público e pelo mercado publicitário, Otaviano Costa tem habilidade como entrevistador e fez sucesso no final dos anos 1990, no comando do O+, na Band. Ele carrega uma bagagem mais sólida como apresentador, tem repertório para conduzir debates mais profundos e também uma característica fundamental: mente aberta para dialogar sobre todos os temas.
Confira o que já publicamos sobre o piloto do SBT.
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