Uma temporada "fracassada" de um reality pode ser explicada por diversos fatores: audiência baixa, mau desempenho comercial, baixo engajamento nas redes sociais e elenco. A Globo já experimentou o fracasso no Big Brother Brasil por algumas vezes, e por diferentes motivos. E para evitar que o maior reality da TV brasileira faça com que sua 23ª temporada entre para o hall das piores edições, a eliminação de Gabriel Fop é mais do que necessária a essa altura do jogo.
Gabriel Fop mostrou que é um rapaz abusivo, tóxico e capaz de agredir uma mulher. Nos primeiros dias de seu romance com Bruna Griphao, ele a xingou por diversas vezes, tentou silenciá-la nas discussões, deu um tapa em seu ombro e a puxou com força para longe da porta do confessionário para tirá-la de sua frente. O contato físico exagerado fez Tadeu Schmidt entrar ao vivo no confinamento para chamar a atenção do vidraceiro para seu comportamento abusivo e tóxico.
A Globo logo identificou em Gabriel Fop um comportamento parecido com o de Marcos Harter, expulso na reta final do BBB 17 após inúmeras reclamações do público sobre seus atos abusivos. Ele chegou a agredir fisicamente Emilly Araújo, campeã daquele ano. Ele só foi retirado do confinamento porque a polícia baixou na sede da emissora. Atualmente, Harter e Globo travam uma batalha na Justiça, pois o médico alega que teve sua reputação arruinada pela emissora.
A postura de Gabriel Fop no BBB 23 também é um péssimo exemplo diário de como homens se sentem mais poderosos que as mulheres. Os contatos físicos exagerados do vidraceiro com Bruna Griphao acenderam o alerta de grupos feministas sobre a necessidade de tirar o rapaz do jogo por ele ter uma conduta que pode estimular o feminicídio.
Gabriel diz que quer mostrar ao Brasil que mudou e que não é uma pessoa ruim. E agora adotou uma postura vitimista, tentando transferir para outras pessoas as responsabilidades de sua conduta nociva dentro da casa. Em uma discussão com Domitila Barros, logo após a formação do Paredão, ele alegou que ela havia exposto Bruna Griphao em sua justificativa para permanecer no jogo. A modelo não pensou duas vezes e falou na cara do rival que quem expôs a atriz foi o próprio Gabriel, que teve uma conduta abusiva e tóxica com a loira.
Além de Marcos Harter, que fez o BBB se tornar um caso de polícia, a Globo também tenta esquecer o fracasso do BBB 19, que teve Paula von Sperling como campeã. Ao longo do período do confinamento, ela soltou falas racistas, xenofóbicas, homofóbicas e teve demonstrações claras de intolerância religiosa. Todos estes tópicos configuram situações criminosas. A Globo fechou os olhos para os apontamentos do público, não advertiu a participante e a deixou crescer no confinamento, bem no ano em que a onda conservadora havia se firmado no país, no primeiro ano do mandato de Jair Bolsonaro como presidente.
A saída de Gabriel do programa, em sua segunda semana, é fundamental para que, de uma vez por todas, o Brasil entenda que não vale tudo pelo entretenimento. É importante tirar da faixa nobre da maior emissora do país uma figura que representa aquilo que há de pior no comportamento masculino.
A todo momento, Gabriel tem dito que está no BBB 23 para provar que pode evoluir e se tornar uma pessoa melhor. Reality show não é clínica de reabilitação. E a Globo não pode se dar o risco de manter no confinamento uma pessoa que incita comportamentos tóxicos em rede nacional.
A eliminação de Gabriel do BBB 23 é necessária para que outras figuras comecem a aparecer mais no jogo e mostrem suas personalidades. Bruna, por exemplo, é uma figura complexa e riquíssima, que se apagou desde que se separou do rapaz. Paula Freitas, Cara de Sapato, Amanda Meirelles, Bruno Gaga e até mesmo Aline Wirley precisam desta confirmação para perceberem que estão do lado errado do jogo.
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