Gabriel Perline

Canal do cercadinho de Bolsonaro demite toda equipe e é posto à venda

Foco do Brasil deixou de publicar vídeos desde que o presidente foi derrotado por Lula em sua tentativa de reeleição

Canal Foco do Brasil é colocado à venda após crise no universo bolsonarista
Foto: Reprodução/Instagram
Canal Foco do Brasil é colocado à venda após crise no universo bolsonarista

Com quase três milhões de inscritos, o canal Foco do Brasil, que fazia cobertura diária do cercadinho do Palácio da Alvorada e com acesso ao local de gestão de Jair Bolsonaro, não publicou nada desde a derrota na disputa do segundo turno, em outubro.

Criado no primeiro ano de mandato de Bolsonaro, o Foco do Brasil é um dos alvos do inquérito que investiga atos antidemocráticos. O canal foi colocado à venda e deve ter um rumo editorial muito diferente a partir de agora, se conseguir manter a mesma base de inscritos. 

O técnico de informática, Anderson Ramos, único proprietário, colocou o canal à venda e encerrou contrato com Cleiton Basso, apresentador do canal durante quatro anos.

Os conteúdos com mais visualizações do canal eram os registrados em áreas internas na residência oficial do presidente. Entre 2019 e 2020 o canal lucrou US$ 330 mil, o equivalente a 1,7 milhões na cotação atual.

Um dos problemas que influenciou o canal a falir foi uma polêmica revelada pela Folha, que um homem foi pago pelo Foco do Brasil para fazer uma pergunta combinada ao Bolsonaro no cercadinho, ele foi contratado para questionar se o presidente havia assistido a entrevista do ex-ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, ao programa Fantástico. 

Em uma entrevista à Folha, Basso declarou que não poderia responder pelos atos do Foco do Brasil, mas a direção decidiu por parar de publicar os conteúdos após decisão do TSE para evitar novos problemas.

Em outubro, o canal acatou uma ação de coligação de Lula e determinou corte de verbas até dia 31 daquele mês. A ação de coligação afirma que veículos como Folha Política, Foco do Brasil e Brasil Paralelo teriam um papel relevante na comunicação e que ajudavam a divulgar narrativas falsas sobre Lula no crime organizado, como exemplo. 

Basso revelou ainda que fica ressentido de ter seu nome ligado a atos antidemocráticos. "Não fui o proprietário do Foco do Brasil e nunca fui a atos antidemocráticos." 

Um profissional que trabalha no setor de mídia está prestes a completar a compra do canal. Preços e outras informações não foram divulgados, até que a negociação esteja concluída.

*Com a colaboração de Victória Rossi