NDTV, afiliada da Record TV, em Santa Catarina, foi encurralada durante transmissão ao vivo por bolsonaristas que interditam o complexo viário do Badenfurt, em Blumenau. Os homens que impedem a passagem de veículos na via partiram para cima do repórter e cinegrafista, e tentaram impedir que a divulgação de informações fossem feitas.

O jornalista do noticiário mostrava um panorama geral das manifestações que não aceitam a vitória do presidente democraticamente eleito Luís Inácio Lula da Silva (PT), quando um grupo com mais de cinco homens o cercaram dificultando a continuidade da gravação.

"Não me filma, Não filma!", disse aos gritos um apoiador de Jair Bolsonaro (PL). "Amigo nós estamos ao vivo", avisou o repórter. "Apaga o vídeo aí, apaga tudo agora! Não me interessa apaga essa p*rra toda", continuou o mesmo homem visivelmente alterado. "Acabou a tua reportagem, acabou!", continuou ele.

De casa o público acompanhava a confusão em transmissão simultânea e o apresentador no estúdio ficou transtornado com a censura que o veículo estava sofrendo: "Que democracia é essa? Que desrespeito é esse?", questionou o âncora.

Em Blumenau, o repórter tentava conter o tumulto que tinha sido gerado no local. "Eu sou um jornalista, estudei cinco anos para ser jornalista", disse ele calmo. "A Globo é um lixo", disparou o causador da desordem. "Mas eu não sou da Globo", argumentou o profissional enquanto mostrava o microfone com o símbolo da Record. 

O bolsonarista que dizia frases soltas e desconexas acabou saindo do local -- sem mostrar o rosto -- a pedido de outros apoiadores do presidente do PL.

"Absurdo o que está acontecendo. Sem tomar partido, olha a forma como fomos interpelados, encurralados, embretados neste momento. Fazendo um jornalismo sério e não tem polícia militar, não tem segurança pública [no local]", comentou indignado o apresentador do jornal.

No domingo (30), pouco depois que foi anunciada a vitória de Lula, eleitores de Bolsonaro começaram a primeira manifestação antidemocrática em Mato Grosso do Sul. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, hoje são mais de 267 pontos de protestos rodoviários pelo Brasil, com foco em Santa Catarina e Mato Grosso.

A conduta da PRF está sendo questionada pelo Ministério Público Federal, já que os bloqueios permanecem e há relatos de apoio dos profissionais rodoviários.

"Não apenas a ausência de providências da Polícia Rodoviária Federal diante das ações ilegais dos manifestantes, mas até declarações de membros da corporação em apoio aos manifestantes, como se fosse essa orientação recebida dos órgãos superiores da instituição", disseram os subprocuradores do MPF.

*Com a colaboração de Amanda Moreira.