A atitude incomum do Rei Charles III ao assumir posse do cargo acendeu um alerta de que talvez o monarca sofra de transtorno compulsivo obsessivo (TOC). No evento, ele se mostrou irritado com uma caneta tinteiro sob a mesa e deu outros sinais que podem ser associados ao transtorno.
Antes de se sentar para fazer as assinaturas que o proclamaram oficialmente chefe da coroa britânica, Charles sinalizou para que um dos assistentes que estavam ali retirasse a caixa de canetas da mesa. O vídeo sofre um leve corte e é possível notar que as canetas voltam para o mesmo lugar.
Ele assina o primeiro papel e em seguida começa a arrumar a mesa, como se tudo tivesse uma ordem a ser seguida. Novamente ele demonstra que está incomodado com o objeto e pede mais incisivamente que as canetas sejam retiradas do local. Charles chega a fazer uma clara expressão de incômodo e logo é atendido.
And here we have Charles III wasting no time in being a dick. pic.twitter.com/63kWil63Zg
— Charlotte Clymer 🏳️⚧️🇺🇦 (@cmclymer) September 11, 2022
A cerimônia estava sendo filmada e logo o vídeo viralizou na internet. Algumas pessoas o chamaram de "mimadinho" e classificaram a atitude como "raivosa". Quando o suposto TOC foi abordado alguns internautas debocharam da situação. Um usuário chegou a dizer: "Transtorno é colocar os funcionários para trabalhar por besteira".
Transtorno é colocar os funcionários a trabalhar por besteira.
— 𝑹𝒊𝒄𝒂𝒓𝒅𝒐 𝑹𝒐𝒄𝒉𝒂 (@ricardo_fly) September 12, 2022
https://t.co/SVw95nNpvi
No documentário Serving the Royals: Inside the Firm, Paul Burrell, ex-mordomo da princesa Diana, revelou algumas manias de Charles que são muito similares a de uma pessoa que tem essa compulsão. "Seu pijama é passado todas as manhãs, assim como os cadarços de seus sapatos. A tampa do assento sanitário precisa estar sempre numa determinada posição", comentou Burrell.
Fábio Ramalho, apresentador da Record, convive com o transtorno obsessivo compulsivo desde a adolescência. Em entrevista à coluna, ele revelou que é uma condição muito difícil, mas não é impossível de conviver. Quem vive de perto consegue compreender melhor o tema, já quem está longe acaba tendo um preconceito.
"As pessoas que não conseguem entender isso eu não condeno. É porque de fato elas não conseguem alcançar a seriedade que é uma compulsão obsessiva na vida de uma pessoa", comentou.
O TOC pode apresentar diferentes graus de pessoa para pessoa. Fábio tem um tipo de transtorno que é restrito a ele, suas coisas pessoais e se baseia no "método, procedimento e organização".
Em casa, o jornalista faz um ritual toda vez que chega da rua e confessa que perde um tempo atendendo a sua organização: "Confiro a roupa de cama, confiro o banheiro, chega o cúmulo de às vezes eu abrir a gaveta dos talheres pra saber se eles estão organizados".
No ambiente profissional, Fábio consegue fazer do TOC um instrumento favorável para melhorar seu trabalho. "Comecei a estabelecer método e processo para tudo que eu gravo. E o perfeccionismo vem atrelado porque você não deixa passar nada", explicou.
Ramalho descobriu e começou a tratar seu transtorno muito cedo e garante que é um tratamento pelo resto da vida: "Eu não consegui me livrar dele. O tratamento para o TOC é longo e muitas vezes ele envolve até você ter que tomar remédios controlados para diminuir a ansiedade que causa essa compulsão".
A atitude de Charles surgiu sob os holofotes e foi colocada em julgamento. O repórter afirma que olhar com mais atenção para o assunto é importante. "Quando você fala sobre isso você não só se trata como também chama a atenção das pessoas a identificarem aquilo".
*Com a colaboração de Amanda Moreira.