Luciano Szafir: "Aprendi a valorizar cada detalhe da minha vida"
Ator, apresentador e empresário ainda se recupera da Covid-19
É com muito carinho que esta colunista publica a entrevista abaixo. Porque, sim, eu fui uma das milhares de pessoas que rezaram pela recuperação de Luciano Szafir enquanto ele esteve internado por conta da Covid-19. Se eu sou amiga dele? Não. Mas gosto da forma simples, sincera e respeitosa com que Szafir trata a imprensa de um modo geral. No bate-papo, ele conta como foi o período em que viveu no hospital, a volta pra casa e os próximos passos para sua completa recuperação . Sobre o momento da intubação, o ator revelou: "Sei exatamente o que falavam no ato da intubação, mesmo sedado. Se eu te contar que vivi um looping da sensação 30 vezes?".
O retorno ao lar também foi marcante: "Lembro que quando cheguei em casa, vi meus dois filhos brincando e fiquei ali, admirando e agradecendo pela chance de estar ali com eles. Ainda estava muito debilitado, mas, mesmo assim, com toda a dificuldade do momento, estava muito grato de sair do hospital com vida e voltar ao convívio da minha família", disse Szafir.
Quais foram os primeiros sintomas que você apresentou?
Foi a segunda vez que fui contaminado. Na primeira, em fevereiro, foram sintomas leves, a recuperação foi em casa. Na segunda, nos primeiros dias, a sensação foi a mesma: cansaço, tosse, sensação de resfriado. Os sintomas apareceram assim que voltei de uma viagem a trabalho, na Bahia. Apesar de todas as precauções (uso de máscara, Face Shield, higienização das mãos e distanciamento social) fui contaminado.
Você demorou a procurar atendimento médico?
Não. Procurei um médico assim que cheguei ao Rio. Falei dos meus sintomas e, imediatamente, fui testado e encaminhado para tomografia. Este foi, inclusive, o motivo de eu não ter tomado a vacina na época em que estava disponível a campanha para a minha idade.
Você foi internado primeiro no hospital Samaritano da Barra. Por que foi transferido para o Copa Star?
Samaritano é referência em atendimento, perto da minha casa. E, durante minha internação lá, fui muito bem tratado. Sou muito grato a toda a equipe, que se estende aos médicos, aos profissionais da manutenção e serviços gerais. A mudança de hospital foi decisão da minha família, já que eu estava intubado. Decidiram pela transferência pelo fato de o médico ser amigo da família.
Como você recebeu a notícia de que seria intubado?
Eu já estava para ter alta, tudo certo e, de repente, tudo desmoronou. Passa muita coisa pela cabeça. Me agarrei muito à fé e queria ter pensamentos apenas positivos, mas foi um momento muito angustiante. Não foi fácil.
Qual é a primeira coisa que lembra após a extubação?
Cada um tem uma reação. Conversei com pessoas que não sentiram nada e não lembram de nada. E quando conto minha experiência, todos se assustam. Apesar de sedado, lembro da sensação de engasgo, das vozes da minha irmã e da minha mulher. Sei exatamente o que falavam no ato da intubação, mesmo sedado. Se eu te contar que vivi um looping da sensação 30 vezes?
Quem foi a primeira pessoa da família que você viu após sair do tubo?
Quando fui extubado, estava muito dopado ainda. Acredito que tenha sido irmã Priscila e minha mulher, Luhanna. Não tenho certeza.
Você teve medo? Qual foi o momento de maior medo?
Muito medo! O maior deles era não ver os meus três filhos, minha mulher e minha família. Lembro que quando cheguei em casa, vi meus dois filhos brincando e fiquei ali, admirando e agradecendo pela chance de estar ali com eles. Ainda estava muito debilitado, mas, mesmo assim, com toda a dificuldade do momento, estava muito grato de sair do hospital com vida e voltar ao convívio da minha família.
Enquanto você estava internado, se formou aqui fora uma grande corrente de orações. Você tinha ciência do quanto é querido?
Sempre recebi muito carinho dos meus fãs, mas não imaginava o tamanho deste sentimento. Recebi e ainda recebo muitas mensagens. São tantas, que nem dou conta de todas. Aproveito aqui para agradecer mais uma vez a corrente de todos para a minha recuperação. Foi fundamental para eu estar aqui hoje.
O que será preciso fazer agora? Tem uma cirurgia ainda a ser feita, né?
Estou colostomizado e aguardando os médicos marcarem a cirurgia para a reconstrução do intestino, ainda sem data. No mais, muita fisioterapia. Sinto a melhora a cada dia, mas o caminho é longo. Estou fazendo pela primeira vez terapia. Segundo o médico, é comum entre os pacientes que passaram pelo que passei, um desequilíbrio emocional. Estou fazendo de maneira preventiva. Se o médico manda, eu faço! (risos).
Você ficou com alguma sequela do Covid-19?
Várias! Memória falha, fraqueza, respiração. Ainda me canso com facilidade. Coisas comuns como banho, por exemplo, tenho certa dificuldade. É sentado. As noites também não são mais as mesmas. Fiquei mais medroso. Tenho medo das consequências pós-covid, que é tão perigoso quanto a doença. É uma insegurança constante.
Já se vacinou ou tem previsão de quando vai poder vacinar?
Graças a Deus tomei a minha primeira dose na sexta-feira, 13. Ainda tem a segunda dose, a pandemia está aí, precisamos continuar mantendo todos os cuidados, mas a sensação foi de alívio e esperança. Que tudo isso passe logo.
Que lição você tira disso tudo?
De que a vida é frágil demais para desperdiçar com bobagens. Que a simples rotina é uma bênção. Depois de tudo que passei, fiquei mais medroso. Não vou descuidar da saúde. Aprendi a valorizar cada detalhe da minha vida.