Como fica a corrida pelo Oscar 2020 depois dos festivais outonais?
Brad Pitt, Jennifer Lopez, "novo Moonlight", Coringa e Netflix são tendências indesviáveis dessa temporada de premiações. Veja o panorama completo
Por Reinaldo Glioche |
Encerrados os principais festivais de cinema outonais, o triunvirato formado por Veneza, Toronto e Telluride, a rota para o Oscar 2020 está pavimentada e já é possível vislumbrar alguns dos principais concorrentes a figurar na maior e mais importante premiação do cinema.
Há, claro, filmes que permanecem um mistério para a crítica, como o são “O Irlandês”, épico mafioso de Martin Scorsese para a Netflix , e “Adoráveis Mulheres”, o aguardado segundo filme de Greta Gerwig como diretora. É inegável que esses filmes são contenders naturais na temporada de premiações, mas estão longe de ostentar lugar cativo na disputa. Tudo porque a edição 2020 do Oscar se anuncia disputadíssima e vocacionada a surpreender.
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“Coringa”, para todos os efeitos uma adaptação de HQ, é hoje um dos grandes favoritos da temporada . A conexão Veneza-Oscar, que favoreceu produções como “A Forma da Água”, “Nasce uma Estrela” e “Roma” nos anos anteriores deve vingar novamente. O surpreendente vencedor do Leão de Ouro deve receber indicações nas categorias de Filme, Ator, Roteiro Adaptado e Fotografia. Cogita-se até mesmo nomeação para Todd Phillips entre os diretores.
Outra convicção inerente deixada pelos festivais é de que a Netflix terá uma presença muito mais robusta no próximo Oscar. “O Irlandês”, resiste como a principal aposta da plataforma de streaming, mas há excelentes opções com chances de múltiplas indicações. São os casos de “Marriage Story”, comédia dramática de Noah Baumbach sobre um casal em crise; “Dois Papas”, longa de Fernando Meirelles sobre a inesperada sucessão no Vaticano; “A Lavanderia”, thriller de Steven Soderbergh sobre o escândalo conhecido como Panama Papers e “Meu Nome é Dolemite”, que marca o retorno de Eddie Murphy sob a batuta do diretor de “No Ritmo de um Sonho”.
Outros filmes bem cotados
“Waves”, de Trey Edwards Shults, está suscitando comparações com “Moonlight” e já é apontado como uma força do cinema independente no Oscar. “Era uma Vez... Em Hollywood”, novo de Quentin Tarantino, “Jojo Rabbit”, vencedor do Festival de Toronto e “Ford vs Ferrari” são outras produções bem posicionadas para o Oscar. Assim como o vencedor da Palma de Ouro “Parasita”. Uma tendência que deve ser forte do Oscar daqui para frente será a presença de ao menos uma produção estrangeira na categoria principal.
“O Relatório”, de Scoot Z. Burns, recebe elogios desde a estreia em Sundance e também é uma possibilidade forte na temporada. O musical “Cats” e o drama de guerra de Sam Mendes “1917” ainda são duas incógnitas, mas o apreço da Academia pelos gêneros que representam impõe atenção a eles.
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As ficções científicas de cineastas prestigiados, “Ad Astra”, de James Gray, e “Projeto Gemini”, de Ang Lee, parecem ainda salgados demais para o paladar da Academia, mas podem ser boas surpresas na lista que será divulgada em janeiro.
Atuações
O interesse da indústria nesse momento se concentra em dois nomes bem atípicos na corrida pelo Oscar. Adam Sandler, elogiadíssimo, por seu papel em “Uncut Gems”, e Jennifer Lopez, que depois de 25 anos de carreira e estrelato pode chegar ao Oscar pelo papel da stripper golpista de “As Golpistas”. São dois nomes que precisam superar barreiras, umas óbvias, outras mais sutis, para receberem nomeações.
Já Brad Pitt deve receber sua quarta indicação ao Oscar como ator. Suas chances principais residem na categoria de coadjuvante por “Era Uma Vez... Em Hollywood”, mas suas chances na categoria principal por “Ad Astra” não podem ser desprezadas. Essa categoria tem Joaquin Phoenix (“Coringa”) e Adam Driver (“Marriage Story”) como principais cotados.
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Leonardo DiCaprio (“Era uma Vez... Em Hollywood”), Jonathan Pryce (“Dois Papas”), Antonio Banderas (“Dor & Gloria”), Eddie Muphy (Meu Nome é Dolemite”) e Taron Egerton (“Rocketman”) também estão no páreo. Há, ainda, Robert De Niro em um filme de Martin Scorsese (“O Irlandês), uma combinação que pode ser simplesmente irresistível.
Meryl Streep está novamente na corrida como atriz principal de “A Lavanderia” e como coadjuvante por “Adoráveis Mulheres”. A impressionante performance da já vencedora do Oscar Lupita Nyong`o em “Nós” deve motivar burburinho em torno de seu nome.
Scarlett Jonhansson é outra estrela que pode receber sua primeira indicação, no caso pelo drama conjugal “Marriage Story” . Awkafina é bastante comentada pelo hit indie “The Farewell”. Já Reneé Zellweger ensaia um grande retorno com o papel título de “Judy”. A ala feminina da disputa, no entanto, parece menos engarrafada do que a masculina.
Os próximos meses, com alguns festivais ainda acontecendo, como Nova York e Londres, a campanha pelo Oscar 2020 deve se intensificar, mas definitivamente as cartas já estão na mesa.