Astro relutante de Hollywood, Keanu Reeves encontrou a paz em John Wick
Personagem e franquia são uma luva para o libanês que sempre lutou para ter uma vida privada descolada de sua persona pública
Por Reinaldo Glioche |
Ele tem 54 anos e um festival de cinema dedicado a homenageá-lo (o primeiro KeanuCon foi realizado neste ano na Escócia). Nascido no Líbano, Keanu Reeves é um animal diferente na fauna hollywoodiana. Começou como um promissor talento no final dos anos 80, virou astro no começo dos anos 90, desgostou dessa condição, mas acabou abraçando-a no final do milênio para depois renega-la novamente.
“John Wick” , personagem cujo terceiro filme é a principal estreia deste fim de semana nos cinemas em todo o mundo, é sob muitos aspectos a síntese do que é Keanu Reeves enquanto astro de cinema e é especialmente salutar que esse terceiro filme seja uma parábola sobre fama, já que Reeves sempre foi reticente a ela, assim como o talentoso assassino que vive na série.
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Reeves não fugiu à regra e se viu no epicentro de boatarias sobre sua sexualidade. Essa é uma maneira perniciosa do jornalismo de celebridades especular a respeito da vida privada de astros e estrelas de cinema que se esforçam para manter suas vidas privadas.
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No campo da atuação, Reeves nunca foi uma unanimidade. É um ator limitado, mas disposto a constantemente sair de sua zona de conforto. É também o único astro de Hollywood de cachê elevado que costuma trabalhar com diretoras. Dez de seus últimos 30 créditos são produções assinadas por mulheres, entre elas “O Mínimo para Viver” (2017), “Versões de um Crime” (2016) e “Amores Canibais” (2016).
Reeves também não é um astro egocêntrico. Ele sabe ser o coadjuvante e alguns de seus melhores momentos como ator estão nesses papéis em filmes como “Alguém tem que Ceder” (2003), “Impulsividade” (2005), “Demônio de Neon” (2016) e “O Dom da Premonição” (1999).
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Ainda que o cinema de ação seja uma morada tranquila - e são muitas as suas incursões no gênero -, ele aprecia a experimentação como poucos. É esse raciocínio e a leveza com que administra sua carreira que faz com que revisite nesta fase da vida um de seus personagens mais icônicos, o Ted “Theodore” Logan de “Bill & Ted” no inesperado terceiro filme dos personagens que estreia em 2020.
Este ano ele ainda poderá ser visto – ou ouvido – no quarto “Toy Story”. É a primeira vez de Keanu Reeves como dublador e é um momento especial. Não tanto por integrar a iconografia da Pixar, mas pela percepção de que o filme ganha mais com a presença dele do que o contrário. É uma sensação inerente para um sujeito que organicamente se transformou em hype e que parece pairar acima de prêmios, Hollywood e tudo o mais. Baba yaga!