Quando Rogéria começou na carreira, nos anos 1960, talvez ela não soubesse exatamente onde iria parar, mas já sabia que seu lugar era sob os holofotes. Ao se vestir de mulher, o que começou como brincadeira, ela criou a identidade com a qual ficou conhecida, e conquistou seu lugar entre a classe artística com muito esforço e sem militância . Em diversas entrevistas a artistas negou a militância, dizendo que na sua época não havia siglas, mas ela conseguiu fazer seu nome, ser chamada de “senhora”. No mais, ela não precisava militar: sua própria existência quebrava barreiras e preconceitos.
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E a “senhora” dominou os palcos, do Rio de Janeiro a Paris. Foi na cidade luz onde ela assumiu de vez a identidade de travesti e passou a se vestir de mulher também fora dos palcos. No Brasil, ela brilhou no Teatro Rival , no centro do Rio de Janeiro com o espetáculo “ Divinas Divas ”, momento esse relembrado por Leandra Leal no documentário de mesmo nome que estreou este ano. E o documentário, assim como sua trajetória, mostram o pioneirismo de Rogéria : um espetáculo de sucesso, feito só por travestis em plena ditadura.
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Premiada no teatro, onde atuou ao lado de Grande Otelo, ela também teve destaque na televisão. Foi jurada de Chacrinha e coleciona participações em novelas, a mais recente delas “ Babilônia ”, em 2015. Viveu para ver, neste ano, sua história ser contada e aplaudida nos cinemas. Antes disso, pode mostrá-la em detalhes em sua biografia “Rogéria – Uma mulher e Mais um Pouco”, de Marcio Paschoal. Se denominou a “travesti da família brasileira”, pois era reconhecida e respeitada por pessoas de todas as idades e gostos que a viam na televisão. Rogéria, com certeza, deixou sua marca entre os grandes artistas nacionais.
Homenagens
Conhecida e reconhecida no meio artístico, Rogéria tem sido lembrada e homenageada por muitos artistas. Veja alguns a seguir:
Rogéria
A atriz e cantora, que estava internada desde 8 de agosto faleceu na última segunda-feira (04). Ela deu entrada no hospital com u quadro de infecção urinária que se agravou na última semana. Após um choque séptico, ela não resistiu. Rogéria será velada nessa terça-feira (05), no teatro João Caetano, no centro do Rio de Janeiro, a partir das 11h. Entre as 13h e 18h, o velório será aberto ao público.
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