Ator de "Tremembé" reage após Acir Filló o chamar de feio

Marcos de Andrade revelou ao iG Gente como foi a ração e o porquê não respondeu antes às provocações do ex-prefeito

Marcos de Andrade reage após Acir Filló o chamar de feio: 'Vazia'
Foto: Divulgação
Marcos de Andrade reage após Acir Filló o chamar de feio: 'Vazia'

O ator Marcos de Andrade comentou a fala de Acir Filló , que declarou ser “ mais bonito ” que o intérprete na série " Tremembé ". A resposta surgiu após a polêmica criada pelo ex-prefeito, que criticou a escalação e afirmou ao jornal O Globo que queria ser vivido por Fabio Assunção

Em entrevista ao iG Gente, Marcos explicou por que optou pelo silêncio após a fala de Filló. O ator detalhou o processo de construção do personagem, revelou a rotina de trabalho para a série e abordou o motivo de não entrar em polêmicas públicas.

Marcos contou que foi chamado pelo diretor Daniel Lieff, com quem trabalhou anos antes na série "Vale dos Esquecidos". O convite surpreendeu, já que o personagem anterior era um padre imortal em um terror denso, distante do perfil de Acir Filló no roteiro de " Tremembé ".

Ele relatou que o personagem só entrou na trama depois que o livro de Filló, escrito na prisão, passou a ser entendido como peça importante para movimentar os arcos masculinos na série. A equipe buscou alguém que pudesse traduzir essa função narrativa, e Daniel o indicou.

O ator aceitou o papel, embora tivesse pouco tempo de preparação. “ Eu me sinto pouco seguro de fazer um personagem tendo pouco tempo de preparação assim. Eu costumo, gosto e me sinto realmente seguro tendo pelo menos, depois de ter lido o roteiro, pelo menos 30 dias antes de filmar. Eu gosto de, religiosamente todo dia, dedicar algumas horas para o personagem ”, afirmou. Para ele, o curto prazo exigiu dedicação total.

Marcos contou que mergulhou em arquivos, jornais e vídeos sobre Filló. Ele reuniu campanhas políticas, registros culturais e conteúdos antigos para entender a persona pública do ex-prefeito. O objetivo era captar fissuras que revelassem nuances por trás da imagem formada ao longo dos anos.

São pequenos detalhes que você vai juntando que te vão te formando todo ”, disse. O ator explicou que cada gesto e cada fala ajudam a construir uma figura que não replica o homem real, mas que dá vida ao personagem descrito no roteiro.

Segundo Marcos, ele buscou literatura sobre sistema prisional e comportamento humano para ampliar referências. Obras de Dostoiévski, Daniela Arbex e Graciliano Ramos serviram como base para criar camadas emocionais que pudessem dialogar com a atmosfera da cadeia retratada na série.

Relação com Acir Filló e repercussão da polêmica

Sobre a declaração de Filló, Marcos foi categórico em dizer que não pretende entrar em discussões públicas. “ Eu tenho que ser fiel a minha natureza e eu nunca me perdoaria se eu gastasse o meu tempo e o tempo das pessoas com alguma polêmica vazia ”, disse.

Ele afirmou que não viu ofensa na fala do ex-prefeito. “ Eu acho que ele fez uma brincadeira e que sinceramente não tem importância ”, declarou. O ator também contou que riu da situação. “ Eu dei boas risadas aqui com a minha esposa .”

Marcos disse que evita redes sociais e prioriza saúde mental. Ele comentou que não deseja alimentar debates que considera improdutivos. “ O mundo é vasto, né? A vida é longa demais para a gente realmente gastar nosso tempo (…) com coisas assim banais ”, afirmou.

O ator explicou que não tentou contato com Filló antes das gravações. Segundo ele, o tempo curto impediria a criação de um vínculo capaz de revelar aspectos profundos do biografado. Para Marcos, o Acir de Tremembé tinha outra função dramática e não pedia imersão direta com o homem real.

Sobre críticas ou discordâncias de representações, Marcos avaliou que obras audiovisuais sempre oferecem recortes. Ele lembrou que nenhuma biografia filmada consegue reproduzir de forma total a complexidade de uma vida real.

" A biografia de uma pessoa, a gente sabe que tá vendo um recorte. Por que se escolheu contar este fato e não o outro? Por que se escolheu contar este fato desta maneira e não de outra maneira, né? Vai depender de 1.000 questões da relação do próprio biografado, com quem escreveu, com quem dirigiu, com quem atuou. A gente nunca vai ter uma reprodução de uma pessoa real, e sim uma reprodução da figura que existiu no corpo de um ator numa obra de audiovisual ".

Ele concluiu dizendo que cada personagem é investigação sobre comportamento humano, com escolhas e limites que pertencem à ficção. A construção deve evitar exageros, invenções e distorções, mantendo respeito ao material original sem abrir mão da linguagem artística.