Após um hiato de onze anos, Travis está de volta ao Brasil em uma única apresentação que acontece nesta terça-feira (05), em São Paulo . A banda escocesa, formada por Fran Healy (voz e guitarra base), Dougie Payne (baixo e backings), Andy Dunlop (guitarra solo, banjo e backings) e Neil Primrose (bateria, percussão), apresentará o novo álbum L.A. Times , o décimo de estúdio, durante a Raze The Bar Tour , que também passará pelo Paraguai, Peru, Chile, Argentina e México.
O disco foi produzido em um estúdio nos Estados Unidos, por Tony Hoffer , que também trabalhou com bandas como The Kooks , Beck e Supergrass , e é o segundo da banda a sair pela gravadora BMG . Dougie Payne conversou com o iG Gente - enquanto fazia as malas rumo a América do Sul - e falou sobre o processo de gravação. “Foi maravilhoso. Fomos para Los Angeles por um mês e gravamos em um estúdio antigo e brilhante, chamado Dave’s Room . Foi um momento bem agradável. Ficamos no estúdio por três semanas e depois que gravamos todas as músicas, lá estava o álbum. Sentimos que estava pronto, coeso”, celebrou.
Para divulgar o novo trabalho, o Travis realizou uma série de apresentações em lojas de discos na Escócia, fez uma turnês pela Europa – uma delas ao lado do The Killers e oito meses após o lançamento, ganhou o prêmio de Álbum do ano pela National Album Day , promovido pela BBC .
“Alugamos um ônibus de dois andares e fomos em algumas cidades [na Escócia] e passamos em algumas lojas de discos cantamos algumas músicas por lá. Depois fomos para a Europa e fizemos a uma longa turnê europeia e foi demais. Quando acabou, tivemos algumas semanas para descansar e tem sido legal”, recordou Payne. “Estamos fazendo ótimos shows e nos divertindo muito na estrada. Tem sido muito legal tocas as músicas novas ao vivo”.
A banda já está na América do Sul onde farão quatro apresentações. Sobre o show em São Paulo, Dougie prometeu uma verdadeira viagem ao tempo recheada com hits que marcaram a trajetória do Travis e também algumas músicas do novo disco. “Nós vamos estar juntos! Tocaremos algumas do álbum novo, mas também as clássicas que todos sabem, algumas que não tocamos há um tempo. Será um mix e prometo que será ótimo.”
Confira a entrevista na integra:
Como tem se sentido? Animado com a turnê?
Estou me sentindo muito bem. Estamos fazendo tantas coisas. Estivemos em turnê com o The Killer durante os meses de junho e julho e foi maravilhoso. Depois, lançamos um novo álbum LA Times, no final da turnê. Depois fizemos um tanto de coisas estranhas e maravilhosas. Alugamos um ônibus de dois andares e fomos em algumas cidades [na Escócia] e passamos em algumas lojas de discos cantamos algumas músicas por lá. Depois fomos para a Europa e fizemos a uma longa turnê europeia e foi demais. Quando acabou, tivemos algumas semanas para descansar e tem sido legal. Viajei com a minha família para Marrocos para uma pequena férias e foi muito divertido. Agora estou de volta e tenho trabalhado com alguns amigos, fazendo música, entrevistas em algumas rádios, algumas apresentações da BBC e agora estou fazendo as malas. Estou ocupado fazendo as maças para a América do Sul. Tenho que acordar amanhã, ás 4 da manhã, para viajar e começar a nossa jornada. Estamos fazendo ótimos shows e nos divertindo muito na estrada. Tem sido muito legal tocas as músicas novas ao vivo.
Vamos falar de L.A. Times. O álbum é sobre a experiência de Fran Healy em Los Angeles. Como foi gravar esse álbum?
Foi maravilhoso. Fomos para Los Angeles por um mês e gravamos em um estúdio antigo e brilhante, chamado Dave’s Room. Ele é fantástico, meio vintage... Trabalhamos com o Tony Hoffer, um produtor maravilhoso, ele é brilhante e já trabalhou com tantas bandas escocesas, como Belle & Sebastian. Ele é tão musical e foi tão aberto a nossas ideias. Gravamos esse álbum super rápido e foi perfeito para a gente. Gravamos tudo ao vivo no estúdio. Foi um momento bem agradável. Ouvimos os áudios muitas vezes, as demos e ficamos pensando no que estava bom e o que precisava ser refeito. Ficamos no estúdio por três semanas e depois que gravamos todas as músicas, lá estava o álbum. Sentimos que estava pronto, coeso. Também tínhamos um fotógrafo, Stefan Ruiz, que foi o responsável por fotografar a capa do álbum “The Man Who”, “The Invisible Band” e “Boy With No Name”. Este foi o quarto disco nosso que ele fotografou. Foi um momento muito agradável que podem sentir ouvir no álbum.
Travis faz parte da explosão de bandas britânicas durante a década de 1990. Blur e Oasis estão de volta cantando algumas músicas antigas e nostálgicas. Mas vocês continuam firmes e lançando novos álbuns. Essa é uma tentativa de atrair um novo público? O que te fazem diferentes?
Esta é uma pergunta difícil. É uma pergunta muito boa. O que nos faz diferente? Bom, nós não fizemos exatamente parte dessa moda passageira do rock britânico. Os anos de ouro desse fenômeno foi entre 1993 e 1996 e Travis surgiu no final de tudo isso. Fizemos uma turnê com o Oasis em 1997, então nós mesmo que nos envolvemos com isso. Mas meio que estamos de fora disso tudo, porque talvez somos escoceses e esse período foi sobre o rock e o pop inglês. Então, acredito que o que nos faz diferente é éramos amigos uns cinco anos antes de formarmos a banda e nós todos nós conhecemos individualmente. Conheci o Andy [Dunlop] no meu primeiro dia de escola, o Neil [Primrose] quando entrei em uma loja de calçados, ele trabalhava lá. Somos todos amigos individualmente. Nós viramos amigos uns cinco anos antes de nos juntarmos em uma banda. Isso é o que nos faz diferente. A maioria das vezes tudo gira em torno do grupo e para a gente é ao contrário. Nós somos amigos antes de tudo. Isso é único. Nós nunca nos afastamos, nunca perdemos um membro... Somos os mesmos quatro caras, consistentes como uma banda desde 1996 e isso é 28 anos. Mas como amigos, nos conhecemos desde 1990. Não é como família, não é como amigos é muito mais que isso. Quando o relacionamento é bom, a banda funciona.
Vocês já se desentenderam ou discutiram alguma vez?
A gente discorda, mas não é no nível de uma briga. A gente sacou que o que nos mantem juntos é tirar um tempo para a gente. Ficar um tempo longe um do outro. Nós sabemos quando precisamos de um tempo longe um do outro. Já tivemos altos e baixos, mas aprendemos com o passar dos anos. Devido à natureza da banda a gente percebeu que é algo precioso. A medida em que envelhecemos, a gente percebe que essas coisas não podem ser desvalorizadas.
Há 27 anos vocês lançaram o primeiro algum o “Good Feeling” e desde então, já vivenciaram muitas transformações no meio da música. Como lidam com a inteligência artificial?
É algo conflitante porque música sempre teve um relacionamento próximo com tecnologia. Desde guitarras elétricas, sintetizadores, computadores... Música tem vivido todos esses avanços por meio da tecnologia e isso é uma verdade. Mas, o que está no centro de tudo isso é a humanidade, o ser humano e isso está ficando um pouco erradicado. O que faz a música algo maravilhoso é a humanidade. Eu sou um amante da música há muito tempo e estou dizendo que é o ser humano no meio disso tudo que faz a música especial e é isso que me deixa animado. Com inteligência artificial e tecnologia você pode fazer coisas perfeitas, mas é cansativo ouvir assim. Se torna exaustivo para os ouvidos. O importante para a música é o ser humano fazendo. É como se a I.A. estivesse tentando nos contar uma piada. Nunca funciona e nunca é engraçado. É inteligente às vezes. Uma vez um amigo me mostrou um vídeo dos Beatles cantando “Don’t Look Back In Anger”, do Oasis. Era perfeito, como se eles estivéssemos anos 1990, mas muito assustador ao mesmo tempo. Tudo isso é muito estranho e conflitoso, mas sinto que para a música continuar sendo feita do jeito que deveria, devem existir pessoas no meio disso tudo.
Travis veio ao Brasil em 2013. Estive lá e foi fantástico. O que lembra deste momento?
Foi tão breve. Isso que eu me lembro. Nós ficamos no Brasil por um dia. Tocamos e depois fomos para outro lugar. Foi tão rápido e eu pensei, meu Deus, esse lugar parece ser legal demais. As pessoas, a plateia foram demais. E senti que foi breve demais e muito animado. Demorou demais para que pudéssemos voltar. Nos desculpem por ter demorado tanto!
O que podemos esperar desse próximo show? Pode nos dar um spoiler?
Nós vamos estar juntos! Comecei a ouvir algumas músicas antes da turnê começar. Coisas bem antigas e ficava dizendo ‘Deveríamos tocar essa, essa também’, ‘Essa aqui é muito boa’... Quando se tem dez álbuns e tem um tanto de singles lado B, estamos falando de umas 160 músicas para escolher para tocar em um set de 2 horas, e dá para tocar umas 30 músicas ou 25... Tocaremos algumas do álbum novo, mas também tocaremos as clássicas que todos sabem, algumas que não tocamos há um tempo. Será um mix e prometo que será ótimo!
** Não recuso convites para shows, festivais, peças de teatro e exposições, pois, além de hobbies, me inspiram no trabalho. Com mais de 15 anos de experiência na comunicação, me descreveria como "competente, divertida e criativa".