Olivia Newton-John esteve no Brasil duas vezes: 'Foi espetacular'

Atriz e cantora de 'Grease' fez shows no Rio e em São Paulo em 2016, quando lembrou a primeira visita ao país

Foto: Getty Images
Olivia Newton-John,

Era carnaval e Olivia Newton-John baixou no Rio de Janeiro. As memórias vêm logo no começo da conversa, por telefone, em 2016:

— Acho que fiz um show, talvez não. Ai, meu Deus, faz muito tempo... uns 35 anos! Fui ao Rio e foi espetacular. Vi o desfile das escolas de samba de um camarote com alguns amigos.

Quase. A pesquisa indica que o ano era 1982, e que ela passou pelo Brasil em meio ao trabalho de promoção do LP “Physical”. Nos poucos dias que ficou no Rio, Olivia também dançou no baile do Chez Castel e gravou participação na novela “Jogo da vida”, como atração internacional de uma boate. Uma das maiores estrelas da história do pop, a cantora e atriz britânica, então com 67 anos, se apresentou no Rio e em São Paulo.

No show “Summer nights”, de 2014, ela cantou “Xanadu”, “Magic” (ambas da trilha do filme “Xanadu”, de 1980), “Summer nights”, “Hopelessly devoted to you”, “You're the one that I want” (todas de “Grease - Nos tempos da brilhantina”, seu grande sucesso cinematográfico, de 1978) e “Physical”.

Nada foi muito fácil, tampouco rápido, na vida de Olivia Newton-John. Depois de ter passado a infância na Austrália (onde começou a carreira), ela voltou para a Inglaterra e seguiu tentando a sorte, inclusive com um grupo pré-fabricado, atrelado a um filme, tipo Monkees: o Toomorrow, que fracassou. Só em 1971, ela foi ter seu primeiro sucesso na Inglaterra, uma gravação de “If not for you”, de Bob Dylan (“Adoraria encontrá-lo um dia, mas isso nunca aconteceu”, ela lamenta). Um pouco mais tarde, Olivia conseguiria entrar no mercado americano da música country, onde teve mais alguns sucessos. Mas nada ainda como o que aconteceria a partir de “Grease”.

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— Minha carreira foi crescendo lentamente. Tive altos e baixos. Cantar foi o que passei a vida querendo fazer. Mas é assim: com as coisas ruins, você aprende a apreciar as boas. Não é o que você esperava, mas você se levanta e continua. Há até uma canção que eu compus sobre isso, “Not gonna give into it” (“Não vou me deixar ceder a isso”, em tradução livre), que virou uma espécie de hino pessoal — disse.
Quando surgiu a chance de interpretar Sandy, a mocinha de 17 anos que fazia par romântico com o Danny de John Travolta no filme musical passado nos anos 1950, Olivia ficou, em suas palavras, “assustada com o nível de excitação com que fazia tudo aquilo”. Mal sabia ela que “Grease” faria um sucesso avassalador e se tornaria um acontecimento cultural, não só por causa do filme (que espalhou um revival dos anos dourados), mas da trilha sonora (o segundo álbum mais vendido nos Estados Unidos em 1978, só perdendo para outra trilha, a de “Os embalos de sábado à noite”, filme também com Travolta).

— Eu estou no show business desde os 15 anos e fiz “Grease” quando já tinha 29. Por sorte, sempre mantive os pés no chão e tive equilíbrio — contou ela. — Por sorte, nunca recorri ao álcool ou às drogas.

Em 1981, Olivia Newton-John lançou “Physical”, álbum não atrelado a longas-metragens, mas que se beneficiou bastante de um videoclipe, feito para a sua faixa-título, bem na época em que a MTV surgia nos Estados Unidos. Uma ode aos exercícios físicos e corpos bem torneados, com falas maliciosas, como “There's nothin' left to talk about, unless it's horizontally” (”Não há nada para conversar, a não ser horizontalmente”):

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— Eu me exercitava bastante quando era mais jovem. Mas acabei fazendo aquele vídeo porque estava preocupada com o conteúdo da letra, que era meio atrevida. Então, sugeri que ele fosse sobre malhação. Aí mesmo é que a canção estourou! — divertiu-se a artista. — É meio engraçado lembrar isso, porque se essa canção, que era um pouco sacana demais na época, fosse para o rádio hoje, seria apenas uma letra comum.