João Côrtes celebra carreira internacional e quer interpretar um vilão
Ator também relata desafios de atuar em inglês e a vontade de trabalhar por trás das câmeras
Aos 27 anos, João Côrtes acumula uma série de ambições para a trajetória profissional. Atualmente envolvido nas gravações da série de comédia nacional “Encantado’s”, o ator também participou da minissérie “Passaporte para Liberdade”, em 2021, um dos vários projetos em que já atuou em inglês. Em entrevista ao iG Gente, o artista relata que expandir a carreira para o exterior é a realização de um sonho da infância.
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“É meu sonho desde criança [...] Pensar sobre isso me gera uma sensação deliciosa. Tenho manifestado isso cada vez mais e trabalhado para solidificar minha carreira pelo mundo todo. Tem muita coisa incrível sendo produzida mundo afora e quero fazer parte disso. Quando estiver fazendo trabalhos em português, inglês e espanhol, simultaneamente, aí sim eu revejo minhas metas”, afirma entre risadas.
Apesar da dificuldade presumida em atuar em outro idioma, João diz que se sente “tão confortável em atuar em inglês quanto em português”. “É um processo totalmente diferente, que me exige outro grau de concentração e entrega. É tão desafiador quanto atuar em português, o ‘approach’ para se relacionar com os seus diálogos, com o que você está dizendo, exige estudo mesmo. Não é minha língua mãe, mas já tenho uma fluência que me permite um processo muito natural de conexão com o roteiro”, compartilha.
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Côrtes também expõe que não apresenta “tantas dificuldades com a pronúncia”, já que “adora” falar em inglês e sente que “esse lado é até mais fácil” para ele. “Talvez o maior desafio seja esse de sentir cada palavra no coração e internalizar o texto de forma que isso nos afete da mesma maneira como o português faz. Transformar a língua inglesa e o meu roteiro na minha primeira natureza”, relata.
Diante dos diferentes personagens com falas em português e inglês que já deu vida, o ator revela quais papéis ainda tem o sonho de interpretar: “Tenho essa pira de querer interpretar um vilão. Gostaria de me experimentar em uma personagem realmente maligna, cruel e inescrupulosa. Alguém com traços fortes de psicopatia, não sei… Ou talvez o outro extremo, um super-herói, ter super poderes. Isso também seria muito divertido”.
Papéis marcantes
Além da língua inglesa em “Passaporte para Liberdade”, João Côrtes teve outro desafio na minissérie: falar com sotaque alemão. O ator interpretou o militar nazista Wilfried na trama com maior carga dramática, que explorava o período da Segunda Guerra Mundial. Ele conta que foi um “baita exercício” para conseguir dar vida ao personagem.
“Treinei e pratiquei por meses o sotaque alemão junto da minha coach Bárbara Harrington. Ela foi fundamental nesse processo. É um dialeto que não tem nenhuma referência do latim, então é um certo salto no escuro. Fiquei ouvindo áudios em alemão, assistindo séries alemãs e documentários. Fora isso, eu repetia e ensaiava minha cena incansavelmente até ficar satisfeito com a pronúncia de cada sílaba. A ideia era soar o menos brasileiro e o mais alemão possível. Foi demais. Mudou totalmente minha ótica sobre o inglês”, pontua.
João diz que sempre se sente “impactado e atravessado pelas histórias”. No entanto, no caso de “Passaporte para Liberdade”, foi afetado de forma mais intensa pelo trabalho: “Eu busquei as histórias, busquei essa energia, e foi super intenso. O que aconteceu durante o período da Segunda Guerra na Alemanha, Áustria, Polônia, Ucrânia… é inimaginável. Os relatos que vi, os filmes e documentários, os vídeos, os livros… Eu abri as portas do meu inconsciente para esse Universo pesado entrar, porque sabia o quanto era necessário e importante fazer jus àquelas pessoas. Foram seres humanos que passaram por isso. Wilfried era da minha idade, talvez até mais novo. Isso coloca as coisas em uma perspectiva maluca”.
Outro personagem marcado pelo drama que já interpretou foi Alberto Martim, na série "Rio Connection" (2022). O ator cita que este foi o trabalho mais desafiador da carreira até o momento: “Foi um estilo de personagem que eu não imaginava ter a oportunidade de interpretar tão cedo. Um diplomata dos anos 70, envolvido com o tráfico internacional de drogas, com a Máfia Italiana, um bon vivant/Don Juan que promove orgias e vive uma vida de luxo, poder e impunidade. Quase um coringa, em alguns aspectos. Alguém distante de mim em vários pontos, e talvez por isso tenha sido um processo tão metamorfósico. Estou muito ansioso para que o mundo possa assistir a essa série”.
Exibindo a versatilidade como ator, Côrtes também comenta como a participação na série de humor “Encantado’s” foi um “presente na minha vida e carreira”. “Um projeto lindo, feito por pessoas fantásticas, sensíveis e ultra-talentosas que já sou absolutamente fã. É uma série de comédia com um humor sofisticado e muito bem escrito, sobre um mercado do subúrbio do Rio de Janeiro, que é também uma escola de samba da classe D, que desfila na Intendente Magalhães”, explica.
“É uma série que celebra o subúrbio carioca, a cultura do carnaval, celebra o brasileiro em sua forma genuína e descontraída. E meu personagem é o Celso Tadeu, um dos funcionários desse mercado, que trabalha como anunciante dos produtos e locutor, e de noite, na escola de samba, é o correógrafo da comissão de frente”, continua ao falar da produção, que também traz no elenco nomes como Luís Miranda, Dandara Mariana, Evelyn Castro, Augusto Madeira e a participação de Tony Ramos.
“Estou aprendendo demais com esse elenco e a troca tem sido riquíssima. Tem tanta gente boa junto que um eleva o jogo do outro. Criamos uma retroalimentação de respeito, carinho e humor inevitável. Eu realmente acredito que essa série vai fazer um sucesso danado. É para sentar no sofá e rachar o bico”, adianta.
Por trás das câmeras
Além da variedade de papéis nas telas, João também destaca a vontade de expandir a carreira como diretor e roteirista, funções que já ocupou em projetos como “Nas Mãos de Quem Me Leva” (2018) e “Flush” (2019), respectivamente. “Amo escrever e amei essa experiência”, destaca.
“São lados meus pulsando forte dentro de mim. Eu escrevo bastante e quero muito voltar a dirigir. Muito mesmo. O mercado do audiovisual agora está voltando com força, a indústria está aquecida como nunca, então já já estarei com projetos novos como roteirista e diretor. Me esperem”, antecipa ele, que também acredita que tais funções beneficiaram o trabalho como ator.
“A minha visão sobre o ofício se expandiu muito, meu campo de visão cresceu. Ser diretor me fez um melhor ator. Me fez entender ainda melhor a posição de um diretor. Você se conscientiza do todo, desde o início da criação, pré-produção, filmagem, pós e lançamento. Viver isso na pele me fortaleceu e amadureceu. Isso me potencializou como artista em geral. E me deu ainda mais a certeza de que quero seguir fazendo arte em qualquer espectro possível. Contar histórias, seja como for”, completa.