Militante do movimento negro, Milton Gonçalves tentou ser governador
Ator, que faleceu nesta segunda-feira (30), também foi nomeado para a presidência do Theatro Municipal do Rio, mas foi exonerado duas semanas depois
Formado pelo Teatro de Arena de São Paulo, nos anos 1950, e um dos maiores nomes das artes cênicas brasileiras, Milton Gonçalves também dedicou parte da vida à atividade política e à militância no movimento negro. O ator morreu nesta segunda-feira (30), os 88 anos, em decorrência de problemas de saúde que vinha enfrentando desde que teve um AVC, em 2020.
Em 1994, chegou a concorrer a governador do Estado do Rio pelo então PMDB (atual MDB), quando obteve 278 mil votos, ou 4,52% do total das urnas — a eleição foi vencida pelo ex-prefeito Marcello Alencar (PSDB), que concorreu no segundo turno com Anthony Garotinho (PDT).
Em 2012, o ator também tentou outro pleito, mas dessa vez movido por uma paixão esportiva: o Flamengo. Milton concorreu como vice-presidente chapa de Ronaldo Gomlevsky, que estava entre as que faziam oposição à da então presidente Patricia Amorim.
O ator ocupou cargos públicos como a Superintendência Regional da RadioBrás Setor Sul (de 1985 a 1986) foi membro do Conselho de Cultura do Estado do Rio e do Conselho de Artes do Paço Imperial.
Em 2017, o ator foi anunciado como o novo presidente da Fundação Theatro Municipal do Rio, mas, duas semanas depois, foi exonerado pelo então secretário de estado de Cultura, André Lazaroni, que assumiu ele mesmo a presidência da casa. À época, a justificativa para a exoneração de Milton foi uma orientação do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República, do qual o ator era integrante. A secretaria executiva do Conselho indicou que a posse em cargos de direção em espaços culturais poderia configurar "conflito de interesse", devido ao "exercício de cargo de conselheiro".
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Em entrevista ao "Extra" em novembro de 2019, Milton abordou a falta de representatividade na política brasileira:
"O que me falta no meu Brasil, o que me deixaria alegre é que nós tivéssemos um presidente negro, porque nós somos um percentual grande neste país. No dia em que nós tivermos um presidente negro, aí eu vou dizer: nós batalhamos", afirmou o ator, na ocasião.