William Waack, também piloto, comenta sobre queda de avião de Marília Mendonça
O âncora da CNN Brasil falou sobre a aeronave que levava a cantora e passou dados sobre altura de pouso e a região onde o avião deveria pousar
William Waack, âncora da CNN Brasil, é também piloto licenciado e usou de seus conhecimentos sobre aeronaves para dar uma verdadeira aula a respeito da queda do avião que transportava a cantora Marília Mendonça, nesta sexta-feira (5). O jornalista informou, através de cálculos, que a aeronave, que é considerada boa por especialistas no assunto, voava abaixo da altura ideal para pouso e se chocou com fios de alta tensão.
"Nós estamos falando de um King Air 90. É considerado um avião de extraordinário êxito na aviação executiva e aviação geral", começou o âncora, que fez uma comparação entre a aeronave que pode chegar a até 5 toneladas em preso para a decolagem, em comparação a um voo comercial comum, como o Boing 737, que pode chegar a até 70 toneladas.
"Ele está aí há mais de meio século. É um avião, portanto, muito bem apreciado, um avião considerado de fácil e dócil pilotagem, ele tem grande aceitação no Brasil porque é capaz de pousar, de operar em pistas curtas, pistas mal preparadas. Portanto, é uma boa aeronave”, disse.
Waack comentou também sobre a distância entre Goiânia (GO), de onde partiu o avião, até o destino onde deveria pousar, em Caratinga (MG), sendo 826 quilômetros, cerca de metade do alcance da aeronave. Portanto, o avião seria capaz de fazer a viagem com tranquilidade. "É uma aeronave considerada não exatamente das mais velozes, mas muito confiável”.
O jornalista continuou afirmando que a pista de pouso do aeroporto de Caratinga não chega a ser tão curta, mas não conta com uma extensão considerada boa o suficiente para proporcionar tranquilidade aos comandantes de aeronaves. "A gente tem que considerar que Caratinga está a 2 mil pés de elevação, em torno de 700 metros, isso afeta já a performance de qualquer aeronave, sobretudo quando faz calor”.
E continuou mostrando a geografia do local onde o avião caiu: "Vocês estão vendo os morros em volta dessa pista? Piloto nenhum gosta disso. Esportivamente falando, é divertido pros pilotos, digamos, toda série de manobras necessárias para ter um pouso seguro, calculado e estável, levando em consideração a topografia. A topografia de Caratinga não é das mais favoráveis para avião nenhum”.
"Qual é o problema? Exatamente no ponto em que as aeronaves costumam ficar alinhadas com o eixo da pista, que é onde ele caiu, há fios de alta tensão”, disse o também piloto, explicando que, para pousar no local, os pilotos costumam fazer um cálculo para identificar em qual altitude precisam estar para iniciar um pouso tranquilo e que o avião que levava a cantora estava abaixo desse nível.
"É um fato do qual a gente não pode fugir: esse avião estava em um ângulo de descida um pouco mais baixo do que seria o ângulo de descida ideal. Qual é a razão de o piloto ter escolhido essa aproximação numa rampa mais baixa?”, questionou, apontando que esse é um quesito importante para ser considerado na investigação.
"O fato é que ele estava em uma rampa mais baixa, em um lugar talvez... Isso aí os pilotos falam por experiência própria, conversamos com os pilotos que operam em Caratinga, é um aeroporto que exige um bom conhecimento da localidade e que, psicologicamente os pilotos podem sentir a necessidade de estar um pouco mais baixo. Mas isso é da minha parte, apenas supondo. É impossível escapar da emoção que isso daí causa”, completou.
O vídeo completo pode ser visto abaixo:
Altura de fios de alta tensão ajuda a entender acidente com Marília Mendonça #JornaldaCNN pic.twitter.com/ZbwtaxsrQU
— CNN Brasil (@CNNBrasil) November 6, 2021