Morre Lizzie Bravo, a brasileira que gravou com os Beatles
Ainda adolecente, em 1968, a fotógrafa ficou amiga da banda em Londres e acabou entrando no coro da música 'Across the universe'
Morreu na segunda-feira, no Rio de Janeiro, quando se recuperava de uma cirurgia no coração, aos 70 anos, a fotógrafa e cantora carioca Lizzie Bravo. Ela passou à história como a fã brasileiria dos Beatles que acabou cantando no coro de uma de suas gravações, a da música "Across the universe". No dia 4 de fevereiro de 1968, Lizzie e algumas meninas aguardavam em frente ao prédio da gravadora EMI, em Londres, onde a banda gravava, quando o baixista Paul McCartney apareceu e perguntou: “Alguma de vocês consegue sustentar uma nota aguda?”.
"Estavam os quatro beatles lá dentro, mais a equipe técnica e o George Martin [produtor da banda ]. Todos nos cumprimentaram e já estavam bem familiarizados conosco. Paul tocou a música no piano e disse que tínhamos que cantar bem agudo", contou Lizzie em 2016, em entrevista ao Globo, quando lançou o livro de memórias “Do Rio a Abbey Road”, criado a partir dos seus diários.
Elisabeth Villas Boas Bravo tinha 14 anos quando resolveu trocar o apelido de “Beth” para “Lizzie”. A decisão foi tomada depois de ouvir John Lennon — por quem era completamente apaixonada — cantar a música “Dizzy Miss Lizzy”, de Larry Williams, cujo refrão diz “Você me deixou tonto, senhorita Lizzy”.
No ano seguinte, ela ganhou dos pais uma viagem de férias para Londres e embarcou com a ideia fixa (e secreta) de não voltar. Ao lado da amiga Denise e outras adolescentes, Lizzie passava os seus dias em frente ao estúdio Abbey Road e a outros pontos frequentados pelos Beatles, esperando por uma possibilidade de encontro. “Acabamos chamando a atenção da polícia e percebi que a situação estava grave quando, num dia, um policial me chamou pelo nome”, revelou Lizzie ao Globo, em 2016.
Com o tempo, Lizzie e o grupo de meninas mais persistentes começaram a ganhar a simpatia dos Beatles, que paravam para conversar e tirar fotos com ela. A brasileira criou uma relação mais íntima com Paul McCartney, que era atencioso e com quem ela conseguia conversar sem ficar tremendo de nervoso (com John, devideo à paixão, isso era algo impossível). Em certa ocasião, ela foi até a casa do músico, que lhe emprestou um gravador.
Lizzie voltou para o Rio de Janeiro em 1969 e, desde a gravação, tornou-se uma figura conhecida no universo beatlemaníaco, tendo sido convidada para participar de produções, eventos e entrevistas para veículos de diversos países.