"Apesar dos privilégios, há uma lista de dificuldades", diz Ronald sobre fama
Filho de Ronaldo Fenômeno e de Milene Domingues, ele hoje é DJ e comanda empresa voltada ao comércio de produtos de animes
Ronald Nazário de Lima sempre está com um sorriso, é conhecido por sua simpatia eterna e durante a entrevista ao iG Gente não foi diferente. Amante de animes e com uma empresa voltada para o nicho, o filho do ex-jogador Ronaldo Fenômeno, ou RNLD, como se chama artisticamente, se sente como o personagem Boruto. O protagonista do anime de mesmo nome é filho do lendário Naruto, herói que fez a imaginação de milhões de crianças nos anos 2000, como ele, hoje com 21 anos.
Ele também é filho de Milene Domingues, ex-jogadora de futebol, e conta que se vê como o personagem devido à fama que os pais compartilham. "Me enxergo muito [nesse personagem]: ele é filho de um dos mais icônicos do anime. Vejo nitidamente esse paralelo. Ter o Naruto como o pai, ter o Ronaldo como o pai. E passo pelas dificuldades e dores de cabeça que isso proporciona", conta.
Ao iG Gente, ele afirma que a fama por ser filho de estrelas não é um "mundo das maravilhas". "Não vou negar, tem muita oportunidade, privilégios, mas que com certeza há uma lista enorme de dificuldades, pré-conceitos, julgamentos e falta de privacidade. De maneira alguma digo que pesam mais que os privilégios, tudo é bem balanceado", diz.
Para o DJ e empresário, a criação dos pais fez com que a fama desde o nascimento fosse algo mais natural. "Eu sempre vivi duas realidades diferentes, pelos meus pais estarem divorciados, tinha uma vida com minha mãe e outra com meu pai", afirma.
"Por eu ter sido a primeira experiência deles como pais, eles aprenderam muito comigo no caminho, deram o melhor de si em me dar valores, me mostrar que não é porque temos privilégios que aquilo é uma necessidade. Podemos estar na primeira classe, mas também, no fundo do avião", conta.
Recentemente, o rapaz respondeu algumas perguntas dos seguidores no Instagram e, em uma delas, um internauta questionou se ele ainda tem esperanças de ver os pais casados novamente. Imediatamente e sem medo da repercussão, ele comentou que era um "milagre ter ele nascido" porque os dois são muito diferentes. A frase repercutiu muito na internet e Ronald esclarecer que foi apenas uma brincadeira.
"Penso que muita gente se relacionou com essa postagem, de não ver os pais juntos após um divórcio. Vejo isso com naturalidade, fui criado como qualquer criança", conta.
Ronald lembra que, graças ao pai, ele se apaixonou por música eletrônica. "Quando meu pai comprou uma casa em Ibiza e começou a levar a família todo ano nas férias, me encantei com a ilha. É um marco para artistas de eletrônica, foi aí que me apaixonei, via como o DJ controlava o público e a vibe. Me espelhei nesses caras e meu interesse cresceu até que investi em equipamentos", conta.
O DJ diz que o pai o incentivou porque também gosta de desse tipo de música, mas que a mãe, que gosta mais de samba e pagode, pegou gosto pela música eletrônica após o acompanhar em festivais. O projeto de cinco anos, que para Ronald, é o principal objetivo na carreira, teve uma pausa por conta da pandemia e ele diz que ficou inquieto em casa.
"Foi abrupto, a gente viu que o mais certo era encerrar as atividades até voltar. Zelamos muito pela vida humana, não vale arriscar", diz. No momento, o sonho de voltar aos palcos é o que o move, já que está vacinado com a primeira dose contra a Covid-19.
Nada de futebol, o esporte favorito de Ronald é o tênis
Ronald conta que, por ter tido uma "overdose de futebol" na infância, ele não se interessa mais pelo esporte, apesar de "bater uma bola" com os amigos de vez em quando. "Nunca tive intenção de ser profissional, mas toda vez que jogava, era aquilo: 'Ele joga 10%, 1% do que o pai, a mãe joga?' Sentia essa pressão, mas aprendi a relevar", se diverte.
"Tanto meu pai quanto minha mãe me levavam para os centros de treinamento, então minha infância foi vendo jogos e treinos da minha mãe e do meu pai. Pelo menos dois terços da minha semana eram relacionados com o futebol. Tinha tudo para dar errado, desde a pressão e a comparação. Dei a zica de não conseguir um pai jogador, tive uma mãe também", comenta.
No tênis há quase dois anos, Ronald diz que foi o pai e a pandemia que o incentivaram a praticar o esporte. "Meu pai joga há 10 anos e eu nunca tinha pego o gosto pelo esporte. Com a pandemia, vi que jogar tênis é melhor até para organizar uma partida, já que é só uma pessoa. Meu pai sempre jogava e pedia para eu começar, nunca mais parei desde que comecei", afirma.
Ele joga com os amigos e com o pai e gosta da pressão de se cobrar na quadra. "Sou eu contra a bola, então gosto muito disso. A responsabilidade de estar sozinho e não poder colocar a culpa em ninguém é bem diferente", ri de si mesmo.
Ele também confessa que perde sempre para o pai no tênis e pretende jogar com Rafael Nadal quando ganhar de Ronaldo. "Não teria nem coragem, eu jogo e tal, mas meu objetivo no exato momento é ganhar do meu pai... vai demorar um pouco. Ganhando dele, pode ser que eu peça para ele arranjar um jogo com o Nadal para ver do quanto vou perder", conta rindo.
Paixão corintiana
Mesmo sem prestar atenção no futebol e no trabalho do pai, Ronald conta que foi inevitável acompanhar o carinho da torcida corintiana por Ronaldo. "Acho que se a gente for realmente fazer um comparativo de todas as torcidas de times que ele jogou, a do Corinthians realmente é a mais apaixonada, mais fanática por ele e penso que no fim das contas a que mais apoiou também", declara.
Ronald diz que não acompanha mais os jogos do Timão, o último que assistiu tinha o Dentinho no time. "Faz uns 10 anos que não acompanho, era desligado, mas de vez em quando aparecia o Luís Figo em casa, os galácticos do Real Madrid, na época. Nas minhas festas de aniversário apareciam, eu estava lá brincando e apareciam o Roberto Carlos, o Cassillas, essa galera toda, meu aniversário era a atração do ano na escola", detalha.
Ele conta que conviveu mais com a realidade do Milan, do Real Madrid e do Corinthians, mas que não viveu nada parecido do que a experiência no Brasil. "No Milan, meu pai me levava direto lá no CT e eu comia tanto macarrão e o macarrão da Itália era tão bom... e isso é memória que eu tenho do time. Do Real Madrid eu me lembro mais porque eu vivia, de fato, em Madrid, né? Na sede lá do Real Madrid e direto eu via meu pai treinando, vi um pouquinho dessa intimidade do meu pai com a torcida do Real", lembra.
"Para mim, o maior fanatismo é aqui no Brasil. No Corinthians, ele chegou daquele jeito, fazendo as coisas que ele fazia... realmente isso só intensificou o fanatismo que já existia aqui no Brasil por ele, principalmente da torcida corintiana", relembra Ronald.