Clara Aguilar: “Uma mulher pode ser o que ela quiser, inclusive uma camgirl”
A ex-BBB fala sobre seu canal no Youtube, feminismo, seu trabalho diante das câmeras e sobre suas fotos e vídeos disponíveis no Close Friends
Clara Aguilar , de 32 anos, foi uma das participantes mais marcantes da 14ª edição do Big Brother Brasil e foi convidada para entrar na casa mais vigiada do país justamente por conta de seu trabalho como camgirl, que começou aos 18 anos. A profissão já é antiga, surgiu nos primórdios da internet, e até hoje modelos de todos os tipos físicos se exibem diante de uma webcam enquanto pessoas do outro lado pagam para ver tudo ao vivo.
“Já faz 14 anos que eu comecei na área e estou lá no site desde 2015, pós BBB. O trabalho da camgirl é pra todes e não é só satisfaz fetiches. Pode ficar só conversando, tem muitas que não tiram a roupa, inclusive tem várias camgirls famosas pelo mundo que optam por não tirar a roupa. O que diferencia uma camgirl de uma atriz pornô é que, na webcam, a gente está interagindo. Não é um prazer sexual imediato, porém é para conhecer a pessoa e talvez, rolar alguma coisa”, explica.
A ex-sister lembra que já foi muito cobrada pelos seus fãs e seguidores sobre a contradição entre ser feminista e trabalhar para um setor machista que objetifica a mulher. Sobre isso, Clara -- que é mãe de dois filhos, Max e Lemmy, de cinco e três anos, respectivamente -- acredita que o feminismo esteja sendo repercutido de forma errônea, pois o objetivo nunca foi "aniquilar os homens".
"Na verdade, a gente só busca igualdade. Uma mulher feminista pode ser quem ela quiser, inclusive uma camgirl, então não faz sentido me julgarem por causa disso. Acho que tem muitas feministas que estão radicalizando e passaram do ponto de defender as mulheres e acabam fazendo o contrário com algumas, as marginalizando. Acho que é algo a ser pensado", reflete.
Após sua participação no reality da Globo, a ex-sister também decidiu criar um canal no Youtube para falar de sexo. Assim, o “ Às Claras ” deu os primeiros passos e hoje, depois de seis anos, tem mais de um milhão de inscritos, com entrevista com pessoas anônimas e celebridades.
“Eu percebi que não tinha ninguém que falava de sexo no Youtube e eu fui a primeira. Gostava de falar das minhas experiências, os conteúdos que tinham, eram muito técnicos, contando em terceira pessoa”, detalha Clara que salienta seu gosto por quebrar alguns tabus .
“Eu gostava de falar sobre mim, então acho que por isso o pessoal gostou tanto e também queria que as mulheres parassem com esse tabu na hora de falar de sexo. Algumas mulheres não sabem que podem se masturbar ou que podem dar para quem quiser. Essa é a ideia”, explica em entrevista ao iG Gente.
Além do canal e seus trabalhos como camgirl, Clara também mantém desde o ano passado uma página no site Close Friends, com "conteúdo 100% explícito", como diz na descrição, e com planos de assinaturas mensais (R$ 60) a anuais (R$ 600), em que grava vídeos "solo e acompanhada". A ideia deu tão supercerto que atualmente ela tem mais de 3 mil assinantes e é uma das principais fontes de renda da ex-sister.
"O Close Friends é algo que eu estou investindo desde o ano passado e está dando supercerto. Lá eu gravo vídeos, faço fotos e disponibilizo por uma assinatura mensal e o valor é bem baixo se for comparar quanto eu vendo cada vídeo separado", descreve.
iG Gente - Já sofreu com o machismo por trabalhar com sua imagem?
Clara Aguilar - Toda mulher sofre com o machismo, não só as que trabalham com a imagem. Eu acho que a melhor forma de lidar com isso é a gente educar os homens. Como eu estou falando diretamente com eles, a ideia é conscientizar sobre o machismo deles. Não adianta só culpar o homem, odia-lo e não explicar. O homem é criado para ser machista e, para ele, isso é normal. Eu bato muito nessa tecla, pelo menos uma semente, eu consigo plantar neles.
iG Gente - Teve alguma situação que te irritou muito que você lembra até hoje?
Clara Aguilar - Sempre tem uma coisinha que me irrita, mas nada que me tira muito do sério. O que mais me irrita é o preconceito, mas é uma coisa que eu aprendi a conviver.
iG Gente - Você é casada com o produtor musical Giu Daga. Como ele lida com o seu trabalho?
Clara Aguilar - É a pergunta que mais me fazem! [risos] Ele já me conhecia, sabia quem eu era e ele tem muito orgulho de mim, me acha uma mulher corajosa, que bate no peito e assume quem é. Ele sabe que eu sou feliz fazendo o que eu faço e nunca foi um problema.
iG Gente - Existem pessoas que confundem o seu trabalho e te oferecem dinheiro para ter relações sexuais com eles?
Clara Aguilar - Sim, tem muitos homens que acham que eu sou garota de programa, mas eu não teria problema nenhum se eu fosse, inclusive, eu iria até divulgar e iria ganhar muito mais, mas não sou, nunca fui e nem pretendo.
iG Gente - Nos seus vídeos, você fala muito que tenta mudar a cabeça das pessoas sobre o seu trabalho. Como você faz isso?
Clara Aguilar - Uma das formas é falar normalmente sobre isso. Teve uma época em que eu evitava falar sobre sexo no Instagram porque eu achava que fosse ofender, mas eu estava sendo preconceituosa. Hoje em dia, eu falo tranquilamente sobre tudo, o dia inteiro falando putaria e respondendo perguntas. Se empoderar é isso, ter conhecimento total e se bancar. As pessoas acabam te respeitando.
iG Gente - Qual sua relação com o seu corpo?
Clara Aguilar - Hoje em dia, eu sou superfeliz com meu corpo, engordo ou emagreço e me sinto bem. Antigamente eu tinha muito essa paranoia de ficar magra e ter o corpo "perfeito" e padrão para sair na capa da revista, mas, agora, eu só quero ser saudável. Acho que a saúde vem em primeiro lugar.