O Youtuber Júlio Cocielo, que tem mais de 6 milhões de inscritos no YouTube e 14 milhões de seguidores no Instagram, virou réu em um processo por racismo. A juíza Cecilia Pinheiro da Fonseca, da 3ª Vara Criminal de São Paulo, acatou a denúncia feita pelo Ministério Público contra o influenciador.
Segundo o colunista Rogério Gentile, a promotora Cristiana Moeller Steiner alega que Cocielo fez postagens racistas nas redes sociais. As publicações aconteceram no período entre novembro de 2011 e junho de 2018.
Um dos exemplos dessas publicações é um post feito em novembro de 2013, quando o youtuber escreveu: "nada contra os negros, tirando a melanina". Um mês depois, ela postou: "Brasil seria mais lindo se não houvesse frescura com piadas racistas. Mas já que é proibido, a única solução é exterminar os negros". Durante a Copa do Mundo de 2018, o influenciador postou: "Mbappé conseguiria fazer um arrastão top na praia, hein", se referindo ao jogador da seleção francesa.
Cocielo já responde judicialmente a uma ação civil pública, no qual Ministério Público cobra R$ 7,5 milhões do youtuber por indenização. Caso perca o processo mais recente, ele ainda pode cumprir uma pena de 2 a 5 anos na prisão.
A defesa
O advogado Maurício Bunazar, que representa Júlio Cocielo, alega que o youtuber não é racista, mas sim um comediante fazendo piadas sobre negros. "Contar uma piada sobre negros não transforma um humorista em uma pessoa racista ou propagador do ódio contra negros, da mesma forma que contar uma piada sobre judeus não transforma um humorista em uma pessoa antissemita", afirmou.
Bunazar ainda argumentou que Cocielo é descendente de negros e vem de uma família pobre da periferia, portanto estaria fazendo piadas sobre sua própria condição. "É evidente que Cocielo faz piadas com sua própria condição, o que um artifício humorístico usado por comediantes no mundo todo. Há diversos comediantes judeus que fazem piadas com estereótipos judeus, da mesma forma que muitos comediantes negros fazem piadas com estereótipos da população afrodescendente", afirmou.