Tatá Werneck fala de gravidez: "Me criticaram muito por eu estar trabalhando"
Atriz conta como foi criticada até por amigos ao expor os perrengues da gestação nos bastidores da quarta temporada de ‘Lady Night; confira
Por Agência O Globo |
Essa, provavelmente, será a primeira entrevista séria que você já viu de Tatá Werneck. Grávida de seis meses de uma menina, a atriz soltou o verbo sobre as dificuldades de sua gestação durante quarenta minutos de conversa pelo telefone, em que chorou emocionada duas vezes (“virei essa pessoa”), e pediu licença para alcançar um dos quatro baldes mantidos em volta de sua cama para os momentos de enjoo — chegou a passar mal 40 vezes em um dia.
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O assunto também acabou contaminando parte da nova temporada de “ Lady night
” (“o programa também engravidou”), que estreia segunda-feira, no Multishow. Uma crise de choro de Taís Araújo ao lembrar a volta ao trabalho pós-licença maternidade e a serenata de Lulu Santos para a mãe de Tatá Werneck
, que a amamentava ao som de “Como uma onda”, são algumas das situações em torno do tema. Há também passagens menos glamourosas, como as ânsias de vômito da apresentadora.
"Eu gravava com um balde embaixo da mesa. Na entrevista com Fátima Bernardes, enjoei tanto que peguei o balde e saí", conta ela que, por ter que ficar de repouso, montou ilha de edição em casa e tem virado a madrugada burilando seu programa. "Não queria mascarar o que estava sentindo. Muitas mulheres não podem dizer isso no trabalho, as pessoas acham que é frescura".
Quem já engravidou também sabe que desejo não é puro capricho, e o de Tatá já foi comer 20 milhos cozidos de uma vez. Agora, ela anda numa fase jiló.
O nome da filha, a quem ela e o pai da neném, Rafael Vitti , apelidaram carinhosamente de Mana e Maninha, ainda não foi escolhido (“Rafa queria Cora, eu pensei em Maria, Maria Teresa, ou Manoa...”). O quarto, eles só vão planejar depois que o programa “nascer”.
Quais são os destaques da nova temporada do "Lady Night"?
Acho que a temporada também ficou grávida como eu, as pessoas se abriram muito. Eu e Tais ( Araújo ) tivemos uma crise de choro falando de maternidade. Teve um momento lindo com o Lulu ( Santos ). Minha mãe me amamentava ao som de "Como uma onda", e Lulu fez uma serenata pra gente: cantou essa música enquanto nós duas ouvíamos, abraçadas ( Tatá se emociona e embarga a voz ). Essa temporada tem outro ritmo.
Continua passando muito mal? Como fez para gravar 11 programas?
Foi muito mais difícil do que eu imaginava. Tive muitas complicações, cancelei programas, passei mal demais. Gravei a temporada toda com um balde debaixo da mesa porque não queria parar. Na entrevista com a Fátima Bernades, tive ânsias, e uma hora peguei meu balde e saí. Quis lidar com o que estava sentindo de verdade, mas também de maneira bem-humorada.
Fez questão de mostrar a vida como ela é...
Eu não queria disfarçar nem mascarar nada. Muito menos que parecesse que foi fácil, não foi. Queria mostrar que estou esquisita mesmo. Tive uma posição privilegiada, podia dizer "Estou passando mal" e parar. Há mulheres que passam por isso no trabalho e não têm coragem de falar... Porque acham que é frescura ou não entendem mesmo o tamanho da mudança. Eu mesma não entendia, só fui entender quando aconteceu comigo.
O que dessas mudanças aparecem no programa?
Minha memória esquista, eu esqueço a ordem das palavras, a concordância, direto. Minha médica diz que isso volta. A gente conversou muito sobre maternidade ( Tais Araújo, mãe de dois filhos, Isis Valverde, que acabou de ter Gael, além de Laura Neiva e Chay Suede, que estão grávidos, são alguns dos convidados da nova temporada ). As pessoas guardam muito em relação às suas gestações.
A Taís teve uma crise de choro enorme quando perguntei sobre como é voltar a trabalhar depois do bebê. Chorei junto com ela ( e chora novamente no telefone: "Desculpe, nunca fui essa pessoa que chora por tudo", diz ). Fiquei sabendo de muitas coisas sobre que não sabia, como prisão de ventre, por exemplo. Isis me falou também que essa burrice toda é água no cérebro. Eu perguntei: mas isso não é grave?
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Passou por muitas situações bizarras na rua, tipo gente desconhecida colocando a mão na sua barriga?
Eu não saio de casa, só para gravar o programa. Mas já ouvi coisas terríveis por estar passando mal e gravando. As pessoas me criticaram muito por eu estar trabalhando grávida e passando mal. Não entendiam que eu queria trabalhar e mostrar essa dificuldade. Várias pessoas diziam: "Me recuso a gravar com uma mulher passando mal". Aí eu dizia: "Olha, a decisão é minha, não sua". Tenho uma médica me acompanhando, não estou sendo irresponsável. Quando ela diz para, eu paro.
Claro que dá mais trabalho, mas é o programa que tem que se adaptar a mim, e não ao meu programa. As pessoas repetem coisas cruéis sem saber. Quem inventou essa coisa de que gravidez não é doença, por favor, saia do país (risos ).
Claro que o motivo é bom, mas passei muito mal. Amigos querendo ajudar, mas não ajudando, também falam "ah, se não for para você estar maravilhosa, melhor não ir". Aí é que me dá mais vontade de ir. E não é só homem, não, muita mulher fala isso. As pessoas têm muita vontade de opinar com coisas que não dizem respeito a elas. É uma transformação individual muito grande. Por mais que eu esteja amparada pela equipe, a gravidez tem um lado muito solitário, só a gente sabe o que passa.
Quem você sonha em entrevistar?
Ivete Sangalo, Luciano Huck, com quem tive que desmarcar duas vezes e foi super compreensivo. Silvio Santos, Jô Soares, Fernanda Torres, Adriana Esteves e Marília Gabriela.
Você viu?
Se arrependeu de alguma entrevista? Por quê?
Me arrependi de gravar dois programas no mesmo dia. Eu sentia: "Não tenho a menor condição de estar aqui". Mas depois pensava: "Meu convidado não tem nada a ver com isso".
Você está tendo a pior gravidez do mundo?
Por aí... Minha médica disse que menos de 10% das mulheres têm o que estou tendo, que é hiperêmese gravídica, é um enjoo que não passa. Diminuiu, mas ainda está aqiui. Assim que soube que estava grávida, estava gravando ( a série do Globoplay ) "Shippados".
Achei que tinha sido o sanduíche que tinha comido, que deu mau-humor, irritabilidade, cansaço, sono e enjoo ( risos ). Não imaginei que estava grávida. Do que a gente estava falando mesmo? ( Tatá se esquece do assunto da conversa ). Deixa, vou lembrar, estou fazendo um exercício de eu mesmo tentar lembrar o que estava falando... Senhor, devolva a minha memória!!
Vocês continuam com dificuldade em escolher o nome da bebê? Vcs estão chamando ela de Mana...
Ainda não conseguimos chegar a um acordo. A gente chama ela de Mana, Maninha. Rafa ( seu namorado e pai da bebê, Rafael Vitti ) queria Cora, eu pensei em só Maria, Maria Teresa, ou Manoa... Mana veio daí. Também pensei em... Gente! Esqueci o nome a minha própria filha. O Rafa queria só Teresa. Toda vez que a gente faz a ultra e fala "Clara", ela pula. Acho que ela quer.
Você achava que era menino, né?
Sempre achei que fosse ter um filho menino porque as pessoas falavam muito isso por causa do meu jeito espevitada. No fundo, quando engravidei, queria muito uma menina. Por isso queria quis ver o resultado sozinha. Não queria mostrar que ficaria triste ( se fosse menino ). Quando soube que era menina, fiquei alucinada, liguei para o Rafa correndo e comecei a gritar!
Como o Rafa está de pai?
Ele é surpreendente e incansável. Como não posso ficar muito tempo de barriga vazia, quando abro os olhos, pode ser quatro da manhã, ele desce para preparar meu café. Amarra meu cabelo quando esou passando mal. É de uma gentileza... Fico pensando nas mulheres que precisam lidar com tudo isso sozinhas... Ele teve uma infância lúdica, o sonho dele é morar num sítio pra gente ter horta. Acho que eu aguentaria isso 15 dias.
Como você planeja o parto? Vai ter doula?
Sei que existe uma indústria da cesareana, mas como eu já tinha endometriose, sofri muito com dores durante muitos anos, tenho esse trauma da dor absurda. Muitas vezes tive que ficar no soro por causa da dor. Não estou me preparando, vou deixar as coisas acontecerem.
Quais são os pilares fundamentais da educação que quer dar a sua filha?
Minha avó, a denguinho, ajudou muito na minha educação. Ela me ensinou a ter fé. Sempre fui muito religiosa, na minha mesa da sala tem arcanjo Miguel, Jesus, Mãe Maria, Yemanjá, Santo Expedito, um objeto da religião judaica, é um sincretismo. Sempre me preocupei com inclusão, meus pais sempre trabalharam com projetos sociais.
Quero que ela seja livre para ser o que quiser, mas que seja ética, íntegra, que não passe por cima de ninguém, que se preocupe com o outro. Me apaixonei pelo Rafa por causa disso, depois veio o abdômen ( risos ). Ele é budista, mas não segue tanto a religião como os pais dele. É preocupada com o outro, gentil com todo mundo.
Ela vai nascer tendo mais privilégio do que eu e Rafa tivemos. Queremos que ela tenha consciência desse privilégio, que não será mais especial que ninguém. Que só porque a gente trabalha na TV ela terá meis direito que qualquer outra pessoa.
Você é um dos maiores perfis brasileiros no Instagram, com 33 milhões de segiudores. Como tem estômago para lidar com os comentários maldosos nas nas redes sociais?
Em nenhum momento penso estou postando algo para 33 milhões de pessoas. Posto por que achei maneiro, ou porque uma pessoa vai gostar. A galera tem uma preocupação com o feed que parece que saiu de uma paleta de cores. O meu é uma bagunça.
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Procuro divulgar coisa legais e o meu trabalho. Como sou religiosa, não penso que tenho essa possibildade de falar com tantas pessoas à toa. As pessoas sem noção eu bloqueio. As que são absolutamenre cruéis, às vezes, respondo por direct e já fiz vários amigos assim. Mando mensagem, e a pessoa pede desculpa, diz que não está bem e a gente fica conversando.