Evolução e harmonia: entenda como são julgados os desfiles de Carnaval

Jurados são encarregados de avaliar nove quesitos, podendo descontar pontos por erros, falhas e desobediência

Porto da Pedra
Foto: Reprodução / Instagram 22.02.2023
Porto da Pedra

Já ouviu uma nota 9,9 durante a apuração dos desfiles de carnaval e ficou sem entender? Enquanto o público geral curte a festa mais popular do Brasil, os jurados tem a difícil missão de fazer uma avaliação minuciosa sobre nove quesitos.

Começando pelo coração do desfile, a bateria é a categoria que mais chama a atenção dos jurados. Para obter a nota máxima, é imprescindível existir uma boa conexão e sintonia entre os ritmistas. É avaliado a criatividade e versatilidade da ala.

Um dos momentos mais tensos do desfile é quando a bateria se movimenta para o recuo, um espaço destinado para a ala 'estacionar' durante alguns minutos. Nessa hora, a escola perde pontos se houver desafino ou quebra de ritmo.


Samba-enredo

A música que a escola de samba leva para a avenida é muito mais do que uma junção de batida e letra, ela tem que dialogar com o ouvinte. O samba-enredo é avaliado pela riqueza poética, beleza e harmonia com os desfilantes. Esse último envolve a maneira em que a música é cantada e dançada.


Harmonia

É fato que a avaliação dos desfiles envolvem percepções técnicas, mas também subjetivas. A harmonia se enquadra na última.

Nesta hora, os jurados tem de avaliar a maneira como tudo se complementa. É importante que o intérprete esteja entrosado com a bateria, e que essa esteja entrosada com os desfilantes da agremiação. Harmonia é a magia do carnaval, como ela se mostra para o público.


Evolução

O desfile de carnaval é uma festa de apresentação ao público, que, por sua vez, paga caro para estar lá assistindo às escolas. Sendo assim, é importante que o desfile seja uniforme, sem atrasos ou correrias.

Neste quesito, a missão dos jurados é observar se durante a passagem não ficou nenhum buraco, ou então, teve paradas muito longas que depois tiveram que ser recompensadas com o passo apressado. 


Enredo

O enredo é o percussor de toda organização carnavalesca. É a partir dele que o ano da escola, bem como o planejamento do desfile, é montado. Dessa forma, um desfile campeão necessita de um ótimo enredo obrigatoriamente.

Como num conto, o enredo tem que ser composto por início, meio e fim. Ele será o encarregado de levar a história a qual a escola quer contar para a avenida. Sendo assim, precisa ser original, marcante e bem estruturado.


Alegoria

A alegoria dos desfiles de carnaval sofreu muitas transformações conforme o avanço da tecnologia e o enriquecimento das escolas de samba. A primeira a adotar o uso foi a Portela, do Rio de Janeiro, na década de 1930.

De lá para cá, o tema virou uma das maiores preocupações das agremiações. Atualmente a alegoria serve para a escola de samba mostrar o poder que ela tem, tanto estrutural como financeiro. Quanto mais tecnológico e inovador, maior é a pontuação. 

Entretanto, é necessário que os carros alegóricos sejam muito bem estruturados, técnica e visualmente, já que a escola pode perder ponto com acabamentos mal-feitos e panes motoras. 


Fantasia

É impossível imaginar um carnaval sem fantasias. Assim como no desfile de moda, na avenida a roupa tem um valor imensurável. É ela quem contribui diretamente para o espetáculo mágico e visual. 

A fantasia tem que se conectar com o enredo proposto pela agremiação e representar fisicamente o que o ele quer contar. Aos olhos dos jurados, as roupas tem que estar com bons acabamentos e ideais para os desfilantes. Além, claro, da criatividade, inovação e luxo.


Comissão de Frente

Como impactar à primeira vista? Essa é a grande missão da comissão de frente. Ela tem que apresentar a escola de samba para o público e introduzir o enredo com maestria.

Neste quesito, os jurados observam a criatividade, coordenação, coreografia e sintonia da apresentação. Além disso, elementos como figurinos e adereços também são avaliados.

A comissão de frente é uma ala pequena e se diferencia no Rio de Janeiro e em São Paulo. Na cidade carioca, tem que ter pelo menos 10 desfilantes compondo a ala. Já em São Paulo, a quantidade mínima é de 5 pessoas. O máximo, para ambas as cidades, é de 15 integrantes. Caso fuja desse padrão, a escola é penalizada.


Mestre-Sala e Porta-Bandeira

O último quesito fica sobre o encargo de uma dupla. O casal de  Mestre-Sala e Porta-Bandeira são os únicos desfilantes que não sambam. Deles são esperados uma coreografia de bailado, como meneios, mesuras e meia-voltas.

É o casal que irá apresentar a bandeira do pavilhão durante todo o desfile. Eles também são avaliados pelo figurino, sintonia e graciosidade, ou seja, nada de semblante sério.

Algumas particularidades podem custar pontos, como, por exemplo, o casal não poder dar as costas um para o outro e a bandeira não poder enrolar no mastro. Elementos de fantasia que caírem ou tropeços, mesmo que por acidente, também resultam em penalidade.