Racismo, camarote e torcidas: 23ª edição do reality da Globo decepcionou os telespectadores.
A primeira edição com famosos foi um sucesso e mobilizou o Brasil inteiro, entretanto, as seguintes colecionaram decepções justamente pelos famosos selecionados. Diante disso, a Globo tentou reverter o cenário mostrando que participar do BBB pode ser uma boa aposta para a carreira. Com esse intuito, a produção acaba protegendo os famosos do cancelamento.
O "BBB 23" se tornou a edição com maior quantidade de participantes negros da história do programa. Entretanto, colocar essas pessoas requer cuidados especiais. O Brasil é um país que ainda perpetua situações racistas. Sendo o BBB um reality de convivência que muitas vezes reproduz a vida real, faltou o devido cuidado da produção em se posicionar contra atos descriminatórios.
Devido ao posicionamento dos próprios participantes, não há dúvidas de que o enredo do "BBB 23" foi o racismo. Seja ele recreativo, estrutural, religioso ou explícito, o programa se isentou de levar o tema com seriedade, ignorando diversas situações.
Conforme o "BBB" se tornou essa potência midiática, as grandes marcas concorrem para participar do quadro de patrocinadores. No entanto, a produção 'perdeu a mão' ao se basear no desejo do patrocinador e não na do telespectador. Essa situação pode ser evidenciada nas provas, que se tornaram cansativas e demasiadamente complicadas para preencher o tempo contratado pela marca.
Desde a estreia do reality, na primeira edição, o BBB é um programa que busca atender a vontade do público. Porém, o processo de votos se torna injusto a medida em que não combate esquemas de trapaça, uso de robôs, e votos máximos por conta. Sendo assim, foge do paredão quem tem os fãs com mais recursos.
O público passou a perceber que a vontade já não era mais respeitada. Pessoas comuns trabalham, estudam, tem afazeres pessoais que as impossibilitam de ficar 24 horas agarradas em um computador votando. Com o acúmulo de decepção e vontade não atendida, telespectadores deixaram de acompanhar o reality rigorosamente, impactando na audiência e no número de votos na reta final.
A casa de repescagem foi uma decisão inovadora no reality. Como toda experiência, as chances de erro e acerto são iguais, entretanto, o BBB saiu prejudicado com o retorno de participantes já eliminados. A volta dos repescados mudou completamente o rumo do jogo e influenciou diretamente as atitudes de outros brothers. Além das narrativas criadas que fugiram da realidade.
A final do "BBB 23" nunca foi tão desinteressante, isso pelo fato de uma minoria engajada e com recursos conseguir eliminar os protagonistas da edição. Fred Nicácio, Domitila Barros e Cezar Black carregaram a edição nas costas e não chegaram na decisão. O resultado? Amanda campeão, com baixa audiência e apenas 76 milhões de votos em uma final do principal reality do país.