A 23ª edição do Big Brother Brasil apresenta um primeiro mês com fogo no parquinho! Diferentemente da anterior, nesta os participantes já marcaram rapidamente as desavenças e os aliados. Com a casa inteira em atrito, uma rivalidade em específico vem chamando atenção dos telespectadores: Key Alves e a dupla Larissa Santos e Bruna Griphao.
A jogadora de vôlei, a personal trainer e a atriz global são mulheres magras, brancas, esportistas, jovens, compartilham a mesma faixa etária, 23/24 anos, e performam o padrão de beleza socialmente aceito, sendo assim, são consideradas bonitas.
Com tantas semelhanças, não é difícil imaginar um cenário em que elas seriam amigas. No entanto, a rivalidade é quem dita a regra nesta relação.
Nesta semana, Key Alves viralizou após chamar Larissa de "cachorra" e "piranha" após levantar suspeitas de que a sister estaria flertando com Gustavo Benedeti, parceiro romântico da líbero. Apesar de outros homens compactuarem com a narrativa de rivalidade e disputa, a realidade não reflete a teoria de Key.
Em vídeos resgatados por telespectadores, é o parceiro Gustavo quem também faz questão de manter a boa relação com Larissa, que, inclusive, está se relacionando com Fred, do Desimpedidos.
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— B!@ 🫣🪩 (@anawbeatriz) February 8, 2023
Mas a atitude da Key é recorrente. Logo nos primeiros dias de reality, internautas já apontaram o ambiente hostil entre as mulheres da casa, principalmente entre Key, Bruna e Larissa.
“Você é mais bonita, mais interessante, mais legal, você é mais tudo que ela (Bruna). Ela quer competir quem é a gata da edição, ela quer competir com você”, disse o médico Fred Nicácio. “Eu tenho o mesmo pensamento”, confessou Key Alves.
Questionada por Gustavo Benedeti se teria amigas bonitas para apresentar, Key respondeu que "sempre é a mais bonita entre as amigas". A jogadora também explicitou que não tem tantas amizades femininas.
Keyt Alves, gêmea da jogadora, entregou já ter se desentendido com a irmã, já que, mesmo após deixar claro o interesse por algum rapaz, Key se adiantava para se envolver com o crush. A relação entre as duas também teria sido abalada após ambas disputarem a mesma posição em um time de vôlei do qual eram contratadas.
🚨AGORA: Lexa repudia xingamentos que Key fez sobre Bruna Griphao:
— CHOQUEI (@choquei) January 22, 2023
“Eu não consigo normalizar esse tipo de fala sobre outra mulher… de verdade. Acho a Key uma mulher mara, mas ficar diminuindo e xingando outra mulher dessa maneira… eu nunca vou entender” #BBB23 pic.twitter.com/DcA79tPsYq
"Isso se dá por conta de uma insegurança, ou tentativa de provação pública", diz a neurocientista Juliana Niza ao classificar o comportamento de Key.
"A rivalidade feminina faz parte da natureza humana. Geralmente, estamos acostumados a nos comparar com o outro, criando padrões de beleza e comportamento impostos pela sociedade. Mas sabemos que não podemos, e nem devemos ter as mesmas características e tampouco o mesmo comportamento que o outro", aponta a contradição do problema.
A cultura social favorece com que as mulheres estejam sempre em busca da maior posição, ser "A mais tudo". Além do poder social concedido a quem está nessa categoria, isso afasta da rejeição, um dos maiores temores sociais do ser humano.
"O fato da mulher não conseguir expor 100% do seu potencial, gerou uma instabilidade entre as mulheres de forma que uma fica 'contra a outra', mas, na verdade, é apenas a demonstração exacerbada de uma insegurança ou medo da exposição. Se ultrapassar os limites, pode gerar transtornos emocionais e até mesmo causar doenças psicossomáticas", alerta Juliana Niza.
21) Cezar: "Ela é atriz das boas."
— Tracklist (@tracklist) January 21, 2023
Key: "Das boas, não. Se fosse, tava na novela das 9. A Jade Picon tá no lugar dela, meu amor. Um beijo!" pic.twitter.com/edHWwmGOK5
A neurocientista ainda ilustra que a condição de exceção, no caso, um reality show de exibição 24h, pode acionar gatilhos que levam Key a ter comportamentos associados a uma vivência passada, um padrão mental antigo.
"Nosso comportamento se baseia em uma somatória de informações que vamos armazenando em nosso subconsciente. Essas informações ficam guardadas até que um estímulo as traga a tona. Esse estímulo pode ser uma conversa, uma briga, uma lembrança ou até mesmo o cheiro de um perfume que faz lembrar de alguém", explica.
Sendo assim, podemos pensar no exemplo clássico de filmes adolescentes, aquela garota popular do ensino médio que compete pela atenção e o desejo dos demais por medo da rejeição. Essa vivência pode influenciar no comportamento de uma pessoa, mesmo após anos passados o fim do convívio escolar.
"O ponto-chave é que se estou tendo atitudes por conta do medo da exposição, ou insegurança em ser eliminada, a ponto disso alterar o meu comportamento, transformando-o em algo agressivo, isso pode levar a uma doença psicossomática. Neste caso, é importante procurar ajuda de um especialista antes que o indivíduo tenha uma depressão ou sofra de algum transtorno mental/emocional".
Key Alves: A Bruna tem inveja de mim!
— Natan 👼🏻 (@angel_rdrgs) January 24, 2023
Fred: "Ela (Bruna) queria ficar com o cowboy!"
Já vi gente criar fic, mas igual esses dois aqui. Pelo amor de deus! 🙄 #BBB23 pic.twitter.com/1Cab3kAsQD
"A Key apenas não quer ser amiga das meninas. É a personalidade dela, não tem para que forçar". É uma das justificativas dos fãs da jogadora. "Key tem personalidade forte", eles alegam.
"A gente confunde uma pessoa ser assertiva com ser grossa que humilha as pessoas", reflete Diana Bonar, especialista em comunicação não violenta com ênfase em gestão de conflitos.
"Independente da sua personalidade, independente do contexto onde você está, isso tudo fala sobre os nossos valores, sobre a forma que a gente vê o mundo. Uma pessoa pode ter personalidade forte, pode ser brava, pode ser assertiva, pode ser líder, mas ela não precisa ofender as outras para ser assim", completa.
A comunicadora chama atenção para o "sincericídio", aquela pessoa cujo valor é ser sincera apesar de qualquer outro fator, como, por exemplo, mesmo que magoe ou constranja o outro.
"A comunicação não violenta é muito importante porque ela ensina como ser assertiva e empática sem atacar a outra pessoa. Como que eu discordo sem precisar humilhar e ofender? Existe uma forma de fazer isso e quanto mais eu compreendo das minhas necessidades de sentimentos, com maior maestria e sabedoria eu faço isso", analisa a profissional, apontando que, nos realities, os participantes pecam por falta de sabedoria emocional, ou seja, lidar com sinceridade os próprios sentimentos.
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