“Magnífica 70”, “Manual Para se Defender de Aliens, Ninjas e Zumbis”, “Prata da Casa”, “Vade Retro” e “Sem Volta”. Essas são algumas das séries lançadas no Brasil nos últimos dois anos. Em um País que consome muito os “enlatados” americanos, a produção nacional parece estar prosperando. Das cinco citadas, três são de emissoras que já apostam forte no formato: HBO, Warner e Fox, respectivamente.

Já as emissoras abertas Rede Globo e Record estão mudando seu olhar das novelas para esse assunto. Apesar de sempre manter uma série na programação, a Globo, por exemplo, nunca priorizou o formato, até agora. Guel Arraes foi selecionado como diretor de dramaturgia semanal, e sob sua supervisão estreou a nova produção, “Vade Retro”, que tem uma linguagem que é nova na emissora. A fotografia, os efeitos especiais e a parceria com a O2 Filmes mostram que a Globo tem interesse em se reinventar no formato.  Mas, por quê?

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Estamos chegando ao fim das novelas e da ascensão das séries?
Zé Paulo Cardeal/TV Globo
Estamos chegando ao fim das novelas e da ascensão das séries?

Claro que seguir uma onda que parece só crescer é um dos motivos. “Existe uma revolução no mundo que está acontecendo com seriados que a gente não pode ignorar”, comenta o diretor geral da série, Mauro Mendonça Filho. “A TV Globo tem uma reputação de conteúdo de televisão, de audiovisual muito convincente. Em termos de novelas , é o time a ser batido. Precisamos ampliar essa reputação para seriados”, completa.

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A “era de ouro da televisão” que está acontecendo agora traz histórias, personagens e visibilidade para temas que a indústria cinematográfica parece ter negligenciado nos últimos tempos, e com isso as produções de TV não só prosperam, como recebem o apoio de grandes estrelas do cinema. “Big Little Secrets” , que foi ao ar mais cedo este ano pela HBO é um bom exemplo. A minissérie em sete episódios contou com um elenco estrelado, liderado por duas vencedoras do Oscar , Reese Witherspoon e Nicole Kidman , além de Laura Dern, indicada duas vezes.

Novela x Séries

É difícil traçar uma comparação real entre novelas e séries. Elas tem formatos, propostas e públicos diferentes, mas isso não significa que não possam ser apreciadas igualmente. A própria Televisa, celeiro de novelas que fazem sucesso muito além do México, já repensou sua estratégia e passou a investir mais em séries nos últimos anos .

3% tem boa audiência nos EUA, mas ainda sofre muitas críticas no Brasil
Divulgação/Netflix
3% tem boa audiência nos EUA, mas ainda sofre muitas críticas no Brasil

Com isso, é de se imaginar que o Brasil vá acompanhar essa crescente, mesmo que as produções nacionais tenham um olhar mais crítico sobre elas, como foi o caso de "3%". A série, que é a produção de língua não-inglesa mais assistida dos EUA, não teve uma recepção tão calorosa em casa , recebendo críticas que não deixavam passar nada: roteiro, atuação, direção, cenário. Ainda assim, podemos esperar uma expansão das produções. A Netflix planeja outras séries nacionais, como a já confirmada “Samantha” e outra sobre a Operação Lava Jato .

A novela vai acabar?

Não. A novela não vai acabar, e nem deveria. A teledramaturgia brasileira, além de ter maior alcance, tem um papel importante de refletir e população ao mesmo tempo que a entretém. As equipes que a compõe, incluindo autores, diretores e atores têm um talento ímpar, e quem assiste capítulos diários de uma produção não está necessariamente interessado em “maratonar” uma série, portanto há espaço para ambas.

Divulgação/TV Globo
"Carcereiros" estreia na programação da Globo apenas em 2018, mas estará disponível na plataforma digital em Junho

Mas, no país da novela, talvez seja chegada a hora de oferecer oportunidades para as séries. E as duas principais emissoras a exibirem o formato, Record e Rede Globo, parecem finalmente ter percebido isso. A Record ainda é mais discreta, mas esse ano estreou, com 13 capítulos, a série “Sem Volta” , com uma trama original e fora dos registros bíblicos tradicionais da emissora.  Já a Globo foi a Cannes na França para lançar “ Carcereiros ”, que só deve estrear em 2018 na emissora. Mas, para quem quiser se aventurar na “maratona”, a série estará no serviço “Globo Play” em 5 de junho, pelo menos seis meses antes de ir à TV.

Essa possibilidade também é nova, mas promete crescer ainda mais a longo prazo. A emissora anunciou que irá concentrar o foco de sua estratégia digital no ambiente de vídeo.  Seguindo a mesma linha, “ Vade Retro ” estava disponível na plataforma também antes da estreia na TV. 

Munir Chatack/Record TV
"Sem Volta" foi tentiva da Record de incluir o formato de séries na programação

Parece que a TV aberta finalmente tem se atentado para o fato de que começar a apostar em um formato não significa desistir de outro. Sempre haverá espaço para novelas na produção brasileira, mas isso não significa que as séries não possam se tornar outro grande produto do audiovisual brasileiro.

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