As músicas de Chico Buarque são o fio condutor do espetáculo “Palavra de Mulher”, que soma 10 anos de sucesso. A novidade é que nos dias 13 e 14 de julho o espetáculo reestreia no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo. Em um misto de show e teatro, Lucinha Lins, Tania Alves e Virgínia Rosa exploram o universo feminino através das canções de um dos principais compositores brasileiros.

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Divulgação/João Caldas
"Palavra de Mulher" fará apresentações em São Paulo


“O espetáculo nasceu de uma apresentação da Virgínia Rosa com o violonista Dino Barioni. Era um show de voz e violão para um evento em homenagem aos 60 anos do Chico Buarque, que aconteceu no SESC Pinheiros. Selecionamos apenas músicas compostas para personagens femininas no teatro, ballet, cinema. O show deu muito certo e percebi que ali havia uma semente para algo muito maior”, explica o diretor-geral Fernando Cardoso ao iG .

E ele tinha razão, “ Palavra de Mulher ” ganhou destaque na crítica e, em 2014, foi indicado em quatro categorias ao Prêmio Bibi Ferreira e, ao longo dos anos, já passou por 60 cidades e soma um público de 250 mil pessoas. Para Tania, é incrível ver que o tempo passa e o espetáculo permanece atual.

“Não teve nenhuma necessidade de ‘atualizar’ o espetáculo. Sempre será atual! Às vezes uma inspiração ou outra extraída da vasta obra do próprio Chico é incorporada e ainda tem muito material para outras edições do ‘Palavra de Mulher’”, afirma a atriz.

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Além da obra de Chico, outro ganho do espetáculo é a entrega do trio protagonista. “Interagimos muito bem em cena, nos apoiamos e nos divertimos muito! Os efeitos são os melhores do mundo! O público chora, ri, canta, se encanta e nos deixa depoimentos emocionantes”, conta Tania.   

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Lucinha já realizou outros trabalhos com Chico, como os musicais “Ópera do Malandro”, “Saltimbancos Trapalhões” e “O Corsário do Rei”. “As músicas deles fazem parte da trilha sonora da minha vida”, enfatiza a atriz que se sente honrada por ter a oportunidade de cantar e interpretar músicas que o compositor fez para personagens femininas.

“Todas as músicas que eu interpretei nas peças, nos musicais que fiz dele, têm um peso muito importante. É como se elas tivessem sido feitas pra mim. No caso específico de Tango de Nancy , do musical ‘O Corsário do Rei’, a música foi realmente criada para mim, para a minha personagem. Eu fui a primeira a cantar. Era uma música inédita. Então eu tenho um carinho especial por ela”, conta Lucinha que interpreta essa mesma canção em “Palavra de Mulher”.

Mudança ou apenas amadurecimento?

Tania Alves, Lucinha Lins e Virgínia Rosa estrelam o espetáculo
Divulgação/João Caldas
Tania Alves, Lucinha Lins e Virgínia Rosa estrelam o espetáculo


Olhando para trás, Lucinha não sabe se “Palavra de Mulher” mudou, mas sente que ela pode ter mudado. “Eu sou uma mulher mais madura do que há dez anos, mas os sentimentos são os mesmos... Não sei. Será que mudou tanto assim? Eu acho que cada vez tenho mais verdade quando interpreto essas músicas, cada vez me sinto melhor”, reflete.

Para Virgínia, fazer essa novas apresentações em São Paulo dão uma sensação de revisitação. “‘Palavra de Mulher’ é sempre novo, sempre instigante porque ele lida com a emoção o tempo todo. Com a nossa e com a da plateia. Eu me descubro e me redescubro como artista através das canções de Chico”, fala. “Não é um show de três cantoras cantando Chico Buarque. Não é um espetáculo de teatro. Não é um musical. É tudo misturado e surpreendente!”, completa a artista.

Cabaré como cenário ideal

A forma encontrada para reunir as diferentes mulheres expressadas nas músicas de Chico foi transformar o cenário em um cabaré. “Simplesmente aconteceu. Não saberia explicar racionalmente como foi essa harmonização. Mas um cabaré, onde se passa o espetáculo, é sempre um lugar meio mágico, meio permissivo, muito sensual, decadente. É uma moldura perfeita pra tantas personagens vindas de ambientes e histórias tão diferentes”, explica Fernando.

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Palavra de Mulher ” não se limita a uma classificação, é um espetáculo que explora o melhor da música brasileira e o talento de suas interpretes. “Eu digo, brincando, que o espetáculo é meio esquizofrênico. Ele constrói personagens para cada artista e, ao mesmo tempo, os desfaz. Elas são personagens e, em alguns momentos, não são. Mas uma coisa é certa: Lucinha, Tania e Virgínia não cantam a obra de Chico Buarque como se fossem ‘apenas’ cantoras interpretando canções de um gênio da MPB, elas vão além”, conclui o diretor-geral.

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