“Desde pequeno eu canto no chuveiro”, brinca Daniel Boaventura sobre o início de sua carreira. Nascido em Salvador (BA), mas com parte da infância passada nos EUA, o cantor e ator conta que sua veia artística despontou muito cedo. Na escola, por exemplo, ele intercalou o papel em um musical com as aulas de trombone.

Daniel Boaventura lança novo DVD gravado em teatro no México
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Daniel Boaventura lança novo DVD gravado em teatro no México

Entre um trabalho e outro, Daniel Boaventura se destacou nos palcos e em frente às câmeras, cantando e atuando. Não à toa, ele tem um longo histórico em musicais, que inclui “Chicago”, “My Fair Lady”, “A Bela e a Fera” e, mais recentemente, “Peter Pan”.  

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Com 48 anos recém-completados, além da peça ele também se apresenta com seu novo show, baseado no último DVD, “Daniel Boaventura Ao Vivo no México”, gravado na Cidade do México. “O México foi uma feliz surpresa. Esse trabalho já vem acontecendo há alguns anos”, explica.

A relação com o país latino começou em 2015, quando sua gravadora, a Sony Music, decidiu vender seu trabalho em lojas da Cidade do México. Os mexicanos ficaram curiosos a respeito desse brasileiro cantando clássicos americanos. No primeiro mês ele vendeu 10 mil cópias e logo ele viajou ao país para seu primeiro show. “Foi emocionante, foi como fazer show em Salvador, minha terra natal. As pessoas em pé, cantando, dançando e participando de um show de um brasileiro cantando em inglês”, relembra.

Clássicos revisitados

Daniel na peça
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Daniel na peça "Chicago"

Fã dos clássicos americanos, Daniel se inspira nos membros do “Rat Pack”, como Frank Sinatra, Dean Martin e Sammy Davis Jr, que dominaram a música dos anos 1960 e são responsáveis por músicas como New York, New York , That’s Amore e The Candy Man .

O timbre da voz e a presença das big bands são algumas das marcas desses artistas que Boaventura tenta reproduzir, mas sempre colocando sua própria assinatura nas músicas: “Adaptar as músicas é o único caminho que eu tenho”, diz. “Tenho que fazer isso com a minha verdade, com a verdade da minha voz. Eu tenho que me sentir confortável na música”, completa.

Em meio aos Sinatras, Barry Whites e Dean Martins, Boaventura também incluiu no show no México algumas músicas cantadas em espanhol. La Barca , Besame Mucho , Quien sera /Swai e Corazon Partido entram no setlist, ao lado de algumas músicas lançadas após 2010, como Locked Out of Heaven , do Bruno Mars. “Eu sei que eu tenho que me atualizar, eu ouço muita coisa antiga”, confessa.

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Daniel Boaventura

Mas Daniel se alimenta de períodos de ouro na música, e seu show passa por uma série de emoções enquanto cobre várias décadas. Ele explica que o início do show é uma apresentação do que era o estilo ‘big band’. Com o passar da apresentação, ele inclui faixas mais românticas, com swing e chega às décadas de 1970 e 1980. “A minha intenção é que todo mundo saia feliz”, comenta.

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Para escolher as músicas que vão entrar na lista ele usa alguns critérios como seu gosto pessoal, timing, e até o gosto de seus fãs. “Eu gosto de saber o que o público pode querer ouvir – obviamente se for uma música que eu detesto não vou conseguir cantar. Mas eu tenho sorte de ter um público que tem bom gosto”, brinca Daniel.

Futuro no rock

Apesar de se basear nos clássicos, Daniel assume também certa influência no rock, e não descarta mergulhar no estilo no futuro. “Eu adoraria encontrar uma forma de regravar isso”, confessa, citando bandas como Led Zepelin, Pink Floyd, Dire Straits e Supertramp.

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Mas ele também comenta sobre sua admiração por Chico Buarque, afirmando que gostaria de incluir músicas dele em seu repertório. “Recentemente eu fui no show do Chico Buarque e, nossa, que poeta, realmente impressionante. Gostaria muito de regravar alguma coisa dele”, comenta ele que declara ainda seu amor por “Milagre dos Peixes” de Milton nascimento, com quem gostaria de fazer um dueto. “É tanta musica, tanta ideia” divaga ele sobre os rumos que poderia tomar em um próximo trabalho.

As muitas facetas de Daniel Boaventura

Como Gaston em
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Como Gaston em "Ab Bela e a Fera", primeiro musical de grande porte do ator

Apesar de cantar desde jovem, foi na TV onde Daniel Boaventura ganhou fama nacional. Ele participou de “Hilda Furacão”, “Laços de Família”, “Kubanacan” e “Senhora do Destino”, até ocupar o papel do professor Adriano por três temporadas de “Malhação”, por quem, ele conta, é lembrado até hoje.

Mas foi em “Passione” que sua carreira deu uma nova guinada. Ele entrou na novela de Silvio de Abreu faltando três meses para o fim, mas não passou batido com seu Diogo, que fingiu ser parceiro da vilã Clara (Mariana Ximenes), mas na verdade era um policial que a investigava.

Embalado pelo clima italiano da trama, Boaventura decidiu laçar um disco em italiano, que virou sucesso instantâneo. Mas, para ele, o reconhecimento como cantor foi difícil de alcançar, mesmo que as duas carreiras sempre tenham seguido paralelamente.

“Não interessa como você começa, se você ficar famoso (pelo menos foi isso que eu senti e falo isso sem ressentimento) – eu fiquei famosos primeiro como ator. O que vier depois, não interessa se eu estudei canto, ou que eu comecei a cantar 10 anos antes de virar ator – as pessoas vão identificar que eu era ator antes”, confessa.

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 “O que eu sinto é que cada vez mais as pessoas estão me reconhecendo como cantor – de uma maneira muito positiva, a cada show”, explica.

Gancho e a vida de cantor

Atualmente, além dos shows da turnê com o DVD, Daniel Boaventura pode ser visto como Capitão Gancho no musical “Peter Pan”, em cartaz em São Paulo. Sobre o novo vilão, ele diz que se diverte fazendo as pessoas gostarem de odiá-lo. Em sessões especiais para crianças, Daniel conta com alegria que é vaiado em cena, o que para ele é um prêmio.

Fazer um vilão da Disney hoje o lembrou de outro, que ele encarnou há 15 anos, também em São Paulo. Ele foi o sedutor Gaston na montagem de “A Bela e a Fera”, que ficou um ano e meio em cartaz. O primeiro musical de grande porte de sua carreira, “A Bela e a Fera” o destacou nos palcos do Brasil. Mas, antes disso, ele já brilhava nos palcos baianos com “Os Cafajestes”, trabalho que ele lembra com muito carinho.

Ao lado de atores como Fábio Lago e Osvaldo Mil ele apresentou o texto, que reunia máximas machistas, por mais de quatro anos. “’Os Cafajestes’ me deu a condição de prospectar a chance que eu poderia ter de tentar (a carreira artística). Porque cantar em inglês nunca passou pela minha cabeça. Teatro musical? Nunca”, ironiza Boaventura que, naquela época, não imaginava os rumos que sua carreira tomaria.

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Chamado de “triple threat” em uma banca americana que participou para um trabalho, o apelido parece lhe cair bem. Uma “ameaça tripla”, Daniel Boaventura , canta, dança, atua e faz malabarismo com as três carreiras em alta. Além da turnê e da peça, ele ainda poderá ser visto nas telonas em junho, quando estreia “Mulheres Alteradas”. Mesmo com um currículo tão completo, parece que ele está só começando.

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