Já são 59 anos de trajetória musical que Roberto Carlos trilhou, cantando suas canções de amor, desilusão e superação, o que fez com que o músico conquistasse seu espaço, se coroasse e ganhasse o título de Rei. Entretanto, esse status não foi concebido apenas pelos brasileiros, mas também por outros fãs do cantor mundo afora. Raquel Tavares , portuguesa e fadista é quem comprova. Em homenagem ao músico, a cantora colaborou com uma produção franco-brasileira trazendo grandes clássicos da carreira do músico para o fado português em um disco inédito e cheio de emoção.

Roberto Carlos por Raquel Tavares já está disponível nas plataformas digitais
Reprodução
Roberto Carlos por Raquel Tavares já está disponível nas plataformas digitais

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“Eu ouço Roberto Carlos desde 1988 e eu lembro que os vinis que mais tocavam aqui em casa eram dele. Eu sei todas as músicas e realizar esse trabalho foi uma feliz coincidência. Eu não escolhi fazer este álbum, eu fui escolhida”, conta Raquel Tavares ao iG Gente ao relembrar do processo de construção do projeto. De acordo com Tavares, a ideia surgiu do produtor e Max Pierre e a cantora acabou sendo a convidada para interpretar as canções do Rei. “Quando me ligaram falaram sobre essa possiblidade e eu disse ‘como?’, porque era tão inusitado para mim”, completa a cantora.

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Para ela, lançar um segundo disco que mantivesse a aceitação do último, “Raquel” (2016) era um desafio, que foi concretizado com sucesso. “É o maior presente de todos numa altura que eu não sabia o que ia fazer como próximo álbum porque o anterior deu muito certo. Este veio como cereja no topo do bolo”, comenta. Apesar de se dedicar anos ao fado português, um gênero musical que já foi considerado Patrimônio Cultural e Imaterial da Humanidade pela UNESCO, a cantora revela que sempre teve uma referência do músico em sua mente e que teve todo um cuidado especial para mesclar o português de Portugal com a sonoridade brasileira.  

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Divulgação

O disco em homenagem ao músico ainda conta com vozes de Caetano Veloso e Ana Carolina

Além da interpretação da portuguesa, o disco também contém participações especiais de Caetano Veloso, na canção “Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos” e Ana Carolina, em “De Tanto Amor”. Para Raquel Tavares, os convidados também foram uma surpresa inédita. “Eu não tinha a noção nem intenção de ter ou de pensar em convidar nomes de tamanha grandeza pra um álbum meu. A gente tem a importância que tem e eu sei qual é o meu lugar, então eu nunca pensei na minha vida que Caetano e Ana Carolina aceitassem participar desse disco”, conta a cantora.

As vozes dos artistas surgiram de surpresa para ela, quando ouvia as músicas depois de prontas. “Eu dei um pulo no sofá e gritei: ‘o que é isso’. É inconfundível a voz do Caetano! E então liguei para meu agente e comecei a chorar demais”, relembra. Já com Ana Carolina, as coisas foram mais tecnológicas. “Eu liguei o whatsapp e eu gravei um áudio convidando ela para cantar na música. Eu fiquei muito grata”, conta.

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Um sonho possível

Apesar de fazer a homenagem ao Rei, Raquel Tavares não chegou a conhece-lo durante o processo. “Na verdade eu sinto que o conheço. Eu sinto Roberto Carlos e todo mundo tem aqueles artistas que você acha que já são da sua casa, que faz parte da sua família”, explica. “Queria abraçar ele pra ele perceber o quão grata eu sou por ele existir”, completa a cantora.

Para ela, o álbum vem em um momento onde a conexão cultural entre Portugal e Brasil está se intensificando cada vez mais, algo que a fadista encara com celebração. “Aleluia, finalmente”, brinca. “Em Portugual todos lugares se consumiu a arte e a música brasileira. Eu lembro a primeira novela que assisti foi Rock Santeiro. Para mim é muito fácil essa comunicação com o Brasil e eu não entendia muito bem por que o Brasil não tinha dado tanta atenção para a gente”, reflete. As contribuições entre Brasil e Portugal já não são de hoje: no ano passado o rapper Emicida ao lado de Rael realizou um disco em que celebrava a língua portuguesa com os artistas Capicuia e Valete. “Finalmente as coisas estão dando certo e o Brasil está recebendo a música de Portugal. Com o fado, a gente ta fazendo muito sucesso”, comenta a artista, que chegou a morar durante um tempo no Rio de Janeiro e já se classifica como uma carioca.

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Reprodução/Facebook

A cantora já desfilou pela Salgueiro durante três anos

As influências musicais brasileiras, entretanto, fizeram efeito no trabalho de Tavares. “Eu comecei a olhar pra a tristeza de uma forma mais serena”, conta. “Se tem música triste é o samba de raiz, que eu amo. Só que vocês cantam de forma mais dengosa e a gente tem uma forma mais pratica de cantar e eu trouxe um pouquinho dessa ternura, doçura da tristeza para o fado”, completa a cantora.

O amor pelo país e pela sua cultura não se resume apenas à Roberto Carlos. Fã da Salgueiro, do Rio de Janeiro, Raquel Tavares, afirma “eu sou sambista de coração”. A fadista, que já desfilou durante três anos na escola de samba tem anseio de voltar ao país, mas desta vez com exibindo toda essa conexão entre o fado e o romance do Rei em novos shows. Enquanto as ideias não saem do papel e ela afirma: “mas prefiro não criar expectativa e deixar rolar porque esse projeto aconteceu de uma forma tão espontânea que todo esse processo vai ser assim, bem abençoado”.

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