Todo carnaval tem seu fim e o clichê não é diferente em 2018, mas o maior e mais representativo evento cultural brasileiro teve características muito particulares neste ano. A começar pela ausência mais presente da história da folia nesse País. Ivete Sangalo , que pela primeira vez ficaria de fora da festa,  deu à luz na madrugada de sábado (10) a tempo de sequestrar o carnaval e tornar-se assunto e fantasia nas ruas de todo o Brasil.

Leia também: Crítica social potente vale 14º título da Beija-Flor no Carnaval do Rio

Mestre-Sala e Porta-Bandeira da Imperatriz Leopoldinense, um dos destaques do Carnaval do Rio de Janeiro
Riotur/divulgação
Mestre-Sala e Porta-Bandeira da Imperatriz Leopoldinense, um dos destaques do Carnaval do Rio de Janeiro

Marina e Helena, com pouco tempo de vida, foram duas das personalidades mais comentadas do carnaval brasileiro. Só não bateram mesmo Anitta , que fez acrobacias geográficas para prestigiar os carnavais do Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais e teve seu figurino de Vai Malandra como um dos mais replicados Brasil afora . Pabllo Vittar foi outra grande personalidade da folia em 2018. Musa do camarote da Itaipava, especula-se que recebeu cerca de R$ 200 mil para fazer figuração e pocket show por lá, destaque na Beija-Flor e com shows na Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro, Pabllo parece que fez uso de clones nesses quatro dias de folia.

Ascensão do Funk

Um dos carnavais mais disputados e empolgantes do País, a folia em Salvador foi um bom termômetro da ascensão do funk. Jojo Toddynho ainda não tem o jogo de cintura para lidar com a pressão de um evento como esses, mas foi destaque no trio de Claudia Leitte, no de Preta Gil e no de Ludmilla. Pabllo Vittar, Alok e Anitta reinaram na terra de Ivete e Daniela Mercury e deram dimensão do ótimo momento que vive o funk brasileiro.

Blocos seguem em alta

Foliã curte o carnaval de rua do Rio de Janeiro em um dos blocos da cidade
Riotur/divulgação
Foliã curte o carnaval de rua do Rio de Janeiro em um dos blocos da cidade

Este foi o carnaval do “Não é Não”. A campanha pegou e, se seus efeitos ainda são pontuais e diversos, é importante frisar que o brasileiro brincou de carnaval de maneira mais consciente e os blocos de rua, que seguem em alta em grande parte do País, estão cada vez mais democráticos e inclusivos. Se as redes sociais polemizaram, e como elas gostam de polemizar, os blocos receberam mulheres vestidas de homens, homens vestidos de mulheres, fantasias de índios e toda sorte de provocação e brincadeira criativa.

Cordão dos geeks aumenta mais

Uma forte tendência em 2018 foram as fantasias geek que ganharam não só as ruas do Rio de Janeiro e São Paulo, como as de Pernambuco, Minas Gerais e Bahia. As homenagens a videogames e personagens da cultura pop também ganharam a avenida nos desfiles da Independente Tricolor, sobre o terror, e Unidos da Tijuca, sobre o futuro. Pabllo Vittar , de novo ela, também se fantasiou de Avatar, Street Fighter e Mortal Kombat.

Desfiles politizados

undefined
Reprodução/Twitter

"Vampiro Neoliberalista" da Paraíso do Tuiuti

O carnaval do Rio de Janeiro, com menos verbas do que habitualmente, foi um dos melhores dos últimos anos. Mangueira, Beija-Flor e Paraíso do Tuiuti resgataram o carnaval como fórum para críticas sociais e reflexões no âmbito da cultura. As três escolas subiram o tom e foram agressivas nos comentários políticos que fizeram e responderam por alguns dos momentos mais icônicos da folia em 2018. Independentemente da qualidade dos desfiles, é importante esse grau de conexão entre público e escolas de samba. É preciso sair da comunidade e se comunicar com um público que não necessariamente curte desfiles de escolas de samba e esse é o caminho.

O carnaval na TV

A cobertura televisiva foi aquilo que dela se esperava. A GloboNews investiu pesado na cobertura do carnaval de rua e proporcionou momentos de humor, improviso e empatia. A Globo enfrentou o desafio anual de fazer quatro madrugadas de desfiles interessante para quem assiste pela televisão e obteve resultados conflitantes. A Band apostou na folia baiana e obteve resultados discretos, enquanto que a RedeTV! acertou em cheio com o lado B do carnaval em seu “Bastidores do Carnaval” e teve no ex-BBB Marcos Harter sua arma secreta .

Chico Pinheiro, em São Paulo, e Fátima Bernardes, no Rio de Janeiro, continuam sendo referências na transmissão global e em 2018 pareceram mais à vontade do que nunca. No despojamento e irreverência de ambos, o carnaval na TV teve seus melhores momentos.

Musas

Sabrina Sato e Juliana Paes, duas das musas do carnaval 2018
eny miranda
Sabrina Sato e Juliana Paes, duas das musas do carnaval 2018

Alinne Rosa, Claudia Leitte, Sabrina Sato, Cleo Pires, Viviane Araújo, Juju Salimeni, Gracyanne Barbosa, Juliana Paes, Juliana Alves e por aí vai. Escolher a musa do carnaval 2018 é daquelas tarefas difíceis que fazemos com prazer. Nas votações propostas pelo iG Gente sobre as musas do Carnaval nos desfiles de  São PauloRio de Janeiro deu Viviane Araújo.

Juliana Paes , assaltada na segunda-feira antes de ir à Sapucaí e que voltou a ser Rainha de Bateria após dez anos , e Sabrina Sato, que no sábado desfilou pela Gaviões da Fiel mesmo gripada, e depois foi causar no carnaval carioca, tanto na avenida como nos camarotes, merecem a distinção pelo espírito esportivo. Ou melhor, carnavalesco.

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!