Tarsila do Amaral (1886–1973), uma das protagonistas fundadoras do modernismo brasileiro ganha sua primeira grande exposição dedicada exlusivamente ao seu trabalho no The Museum of Modern Art (MoMa). A exposição  Tarsila do Amaral: Inventing Modern Art in
Brazil (Tarsila do Amaral: Inventando a Arte Moderna no Brasil) concentra-se na produção da artista desde a década de 1920,  refazendo a trajetória de suas contribuições a arte em cerca de 120 obras.

Tela Antropofagia (1928), de Tarsila do Amaral
MoMA/Divulgação
Tela Antropofagia (1928), de Tarsila do Amaral




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A exposição de  Tarsila do Amaral no MoMA incluem obras como pinturas, desenhos, cadernos de esboços e fotografias selecionadas de acervos nos EUA, América Latina e Europa.  A exposição também  explora a visão radical de uma artista que influenciou profundamente a prática modernista no Brasil e foi uma figura central para as gerações posteriores de artistas brasileiros em diversos meios, desde a literatura e o teatro até moda e música.

Obra de Tarsila do Amaral:'Operários', de 1933
Reprodução
Obra de Tarsila do Amaral:'Operários', de 1933


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Tarsila do Amaral: Inventing Modern Art in Brazil

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Abaporu, pintura de óleo sobre tela de Tarsila do Amaral, 1929

Tarsila do Amaral: Inventing Modern Art in Brazil é uma introdução modernista brasileira ao público norte-americano. A exposição apresenta uma linha do tempo da vida e obras de Tarsila, desde as suas primeiras obras parisienses até as pinturas modernistas emblemáticas que produziu após seu retorno ao Brasil. No centro da exposição destaca-se o reencontro de três quadros marcantes: "A negra" (1923), "Antropofagia" (1929) e "Abaporu" (1928) – em uma série transformativa de obras que não são expostas juntas na América do Norte desde 1993, quando fizeram parte da exposição Artistas Latino-Americanos do Século XX, no MoMA.

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Em declaração a Agência Efe, Luis Pérez-Oramas, encarregado da curadoria junto com Stephanie D'Alessandro, disse que Tarsila do Amaral é uma figura central do movimento da modernidade brasileira: "Tarsila do Amaral é a figura central da modernidade em um país enorme, cuja cena artística é hoje uma das mais importantes do mundo e onde os artistas modernos e contemporâneos estão influenciando o mundo inteiro". 

Inspirações para as obras

Durante o ano de 1923, Tarsila do Amaral estudou nos ateliers de mestres cubistas franceses como André Lhote, Albert Gleizes e Fernand Léger. Esses aprendizados levaram-na à conclusão de que “O cubismo é o exercício militar do artista. Todo artista, para ser forte, deve passar por ele.” Tarsila integrou as técnicas cubistas ao seus novos conhecimentos e começou a formular o que viria a ser o seu estilo característico de pintura: linhas sintéticas, volumes sensuais e uma suntuosa paleta de cores para retratar paisagens e cenas do cotidiano.

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"A Negra", obra de destaque da exposição Tarsila do Amaral: Inventing Modern Art in Brazil

Em uma carta à sua família, Tarsila relatou que queria ser uma "pintora da sua terra": “Sinto-me cada vez mais brasileira: quero ser a pintora de minha terra. ... Quero, na arte, ser a caipirinha de São Bernardo.” No mesmo ano, Tarsila retornou ao Brasil buscando inspiração  na terra, paisagens e povo do seu país, mesclando as inovações da
vanguarda europeia e a sensibilidade do vernáculo brasileiro para produzir um conjunto
distinto de obras tão pessoais quanto originais. O quadro "A negra", um dos destaques da exposição, sugere essas ambições. 

Outra obra central da exposição é o quadro "Abaporu", que mostra uma figura alongada com um cacto. Tarsila pintou a obra em 1928 para Oswald de Andrade, na época, seu marido. O título combina duas palavras do idioma dos índios tupi-guarani: aba (homem) e poru (“que come carne humana”). Essa mesma tela inspirou Oswald a escrever o “Manifesto Antropófago”. 

A exposição Tarsila do Amaral: Inventing Modern Art in Brazil fica em cartaz de 11 de fevereiro a 3 de junho de 2018 no museu MoMa em Nova York, Estados Unidos. 

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