“Blade Runner 2049” está nos cinemas. A sequência tardia do clássico de 1982 é um grande filme , mas é percebido como um fracasso de bilheteria, tal qual seu predecessor. O descalabro é tamanho que as ações das redes exibidoras caíram na segunda-feira seguinte à estreia do filme de Dennis Villeneuve . Neste fim de semana, o filme foi ultrapassado pelo novo hit de terror da Blumhouse Films, “A Morte te dá Parabéns” deve fechar seu faturamento com cerca de US$ 27 milhões.

Cena de Blade Runner 2049: desenvolvimento narrativo fora dos padrões atuais no cinemão causa estranheza
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Cena de Blade Runner 2049: desenvolvimento narrativo fora dos padrões atuais no cinemão causa estranheza

As críticas ao filme são em sua maioria elogiosas, mas há aqueles que identificaram no filme de Villeneuve o vazio narrativo embalado por uma proposta estética arrebatadora. “Blade Runner 2049” , é verdade, conta com mais boa vontade da crítica do que o original. É verdade também que foi a crítica que resgatou o filme de Scott, o outorgando o status de cult.

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Produzido ao custo de US$ 150 milhões, parece razoável supor que os estúdios envolvidos, a distribuição internacional ficou com a Sony, mas Warner, Alcon e Scott Free também estão na peneira, esperassem uma arrecadação melhor do que os atuais US$ 60 milhões nas bilheterias americanas. Afinal, além de todo o hype, o filme conta com Ryan Gosling e Harrison Ford, legítimos representantes do star power. No entanto, o filme parece atrair apenas os fãs do original? O que pode ter dado errado?

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É possível, e é preciso abrir-se para o pessimismo da hipótese, que o público médio do cinema tenha preguiça de abraçar e desvendar um filme como “Blade Runner 2049”. Ou pior, não tenha capacidade para tanto. O cinemão condiciona sua audiência com produções com cortes acelerados, ritmo entre o constante e o frenético e soluções fáceis. O gênero de ação, em particular, evita reflexões e tramas cerebrais. Todo esse cenário faz com que o filme de Dennis Villeneuve seja um peixe fora d´água.

K, personagem de Ryan Gosling, e seu dilema: querer ser humano o torna humano?
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K, personagem de Ryan Gosling, e seu dilema: querer ser humano o torna humano?

Outra questão é o ritmo do filme. Dennis Villeneuve abriga muitas referências filosóficas para serem apreciadas de uma só vez. A tendência é que seu filme, a exemplo do que aconteceu com o de Scott, cresça de tamanho com o tempo. A falta de paciência do público com um filme que não é só storytelling, mas também elucubração, clima, conexão emocional e formulação existencial agrava as circunstâncias.

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De todo modo, é louvável que filmes como “Blade Runner 2049” e  “mãe!” estejam sendo feitos em 2017 por estúdios de cinema que até outro dia eram criticados por evitar a criatividade e a autoralidade em seus filmes.  É um engajamento positivo e a catequese do público talvez seja necessária. Foram os próprios estúdios que mal acostumaram - na pior acepção do termo - a audiência de cinema.

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