Grande provação de todo artista, o segundo álbum é especialmente difícil para bandas da cena indie. O trio formado pelas irmãs Alana, Danielle e Este não tinha uma missão nada fácil pela frente. Quatro anos depois do lançamento de “Days Are Gone”, o HAIM precisaria mostrar que não era fogo de palha e que conseguiria evoluir com a sua sonoridade que valeu confetes da BBC, MTV e Rolling Stone no início da década.

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As meninas do HAIM mandaram ainda melhor no segundo disco
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As meninas do HAIM mandaram ainda melhor no segundo disco

“Something to Tell You” , no entanto, é muito melhor do que qualquer fã da banda poderia imaginar. As meninas do HAIM confirmam que estão na melhor fase da sua carreira com um álbum que consegue ser moderno e nostálgico ao mesmo tempo. As meninas estão mais soltas, mais à vontade com a carapuça de pop stars e confluindo muitíssimo bem as influências de colaborações com Calvin Harris, com quem gravaram Pray to God, e Florence and The Machine, Rihanna e Taylor Swift com quem excursionaram.

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O disco é um feliz casamento da sonoridade do rock dos anos 70 e 80 – dá para perceber influências de INXS, Phill Collins e George Michael - , mas também é essencialmente moderno. A liga que faz tudo isso funcionar? A soul music e Little of Your Love , melhor música do disco, é a grande demonstração disso. Um refrão chiclete, arranjo cool e elementos modernos adornados por referências do passado.

A presença do produtor Rostam Batmanglij, que já trabalhou com o Vampire Weekend, talvez ajude a explicar a multiplicidade de arranjos e esse pop fresco que tanto valoriza o vocal de Danielle. Trata-se, de fato, de um senhor entrosamento. Duvida? Ouça Walking Away , em que a cadência dos arranjos seduz a melosa voz de Danielle e garante um dos melhores momentos de um disco cheio de high notes.

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Capa de "Something to Tell You", novo do HAIM

As letras das canções reviram o amor, de ângulos tão difusos quanto os tempos que vivemos supõem. Em alguns casos, a combinação é essencialmente comercial. Nothing´s Wrong parece concebida para integrar a trilha sonora de um romance, enquanto a lenta You Never New parece um aceno à dor da música de George Harrison. Ambas, no entanto, calcadas nos flagelos do amor.

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“Something to Tell You” é um disco pop e capaz de se comunicar com pessoas de faixa-etárias diferentes e que não necessariamente tenham curtido o primeiro disco das irmãs. Mas não é apenas isso que representa a evolução do HAIM. As meninas souberam incorporar o que de melhor o pop atual produz hoje, sem renunciar às características que definiram o grupo. Com isso, acertam o compasso. Este é um momento de se definir, não redefinir. O disco navega por aí e mostra uma banda muito mais segura de si.

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