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Liderado pela atriz Fabíula Nascimento, o programa volta para o Canal Brasil reformulado e agora também abordando filmes que ainda serão lançados

A partir de meados de 1992, a produção audiovisual do Brasil começou a passar por um processo conhecido por “retomada”, em que novos mecanismos de incentivo à sétima arte eram recorrentes. Mais tarde, o reflexo dessa iniciativa se deu em 2013, quando o cinema brasileiro bateu o recorde com mais de 127 produções chegando às telonas. E é inserida nesse contexto que Fabíula Nascimento comanda o programa “O País do Cinema”, exibido no Canal Brasil , que celebra esta produção brasileira e cuja segunda temporada estreia na próxima quinta-feira (6).

Glória Pires e Bruno Barreto abrem a nova temporada de
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Glória Pires e Bruno Barreto abrem a nova temporada de "O País do Cinema"


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“Uma segunda temporada é a gente revisitar aquele lugar da primeira com melhorias. Na primeira temporada focamos mais na parte técnica já nessa segunda temporada a gente decidiu falar sobre o cinema brasileiro mesmo”, comenta Fabíula Nascimento em entrevista concedida ao iG . “Eu estou mais à vontade também. Estou falando de um assunto que eu posso falar, que eu entendo. Então com o programa mais solto eu consigo me enxergar mais nessa versão do que anteriormente que era mais técnica”, completa a atriz.

Apesar do conceito do programa ter se modificado bruscamente para quem vê de fora, a mudança aconteceu de maneira natural. “A gente resolveu abrir para os filmes não dos últimos dez anos e trazer novos convidados. Essa lista de convidado foi ficando mais flexível, foi uma mudança natural, de que o programa foi pedindo mesmo, a gente sente. Estamos crescendo junto com essa criança”, reflete. Estrela de longas como “Estômago” (2007), a artista despontou no Canal Brasil trazendo entrevistas com diretores e outros profissionais do mundo do cinema da parte técnica, relembrando uma década de produção audiovisual do país. “É uma parte que a gente vai aprendendo e até me ajudou num filme seguinte que eu coloquei em prática o que aprendi em estúdio. Foi bem interessante porque me aproximou dessa parte técnica”, confessa.

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O aprendizado com o programa, por outro lado, não veio somente de maneira prática, mas também com os diálogos traçados com os outros artistas. Questionada sobre qual foi a sua melhor entrevista até então, Fabíula hesita: “Ai, nossa!”, solta. Recordando a primeira temporada, a atriz ressalta sua entrevista com o diretor René Sampaio e o ator Fabrício Boliveira, que também é seu amigo, sobre o longa “Faroeste Caboclo” (2013), baseada na canção homônima da banda brasiliense Legião Urbana. “Foi muito gostoso. Tivemos várias descobertas sobre a atuação do Fabrício, sobre as conversa deles no set. E também o fato de ser o Fabricio tem todo o envolvimento afetivo. Quando tem o afeto a gente com certeza fica mais feliz”, revela a apresentadora.

Fabiula Nascimento e os convidados do primeiro programa de
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Fabiula Nascimento e os convidados do primeiro programa de "O País o Cinema"

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Já na segunda temporada, que está prestes a estreiar no Canal Brasil e cujo processo de gravação ela classifica ter sido um “deleite”, Fabíula afirma que um dos momentos mais marcantes foi a entrevista com o Selton Mello e a atriz mirim Larissa Manoela, sobre o longa “O Palhaço” (2013). “Ela era pequena quando fez o filme e foi muito emocionante porque foi uma recordação daquele tempo, que ela era pequena até como ela é hoje. Para eles foi bonito essa lembrança e foi muito legal ver que a Larissa já é super consciente da profissão dela. Foi uma emoção de estar com eles”, conta.

O cinema brasileiro

Juliana Paes vai divulgar a nova versão de
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Juliana Paes vai divulgar a nova versão de "Dona Flor e seus Dois Maridos"

Por dentro das produções audiovisuais brasileiras, Fabíula admite: “a gente leva o público ao cinema mas alguns filmes tem bilheteria maior, outros levam poucas pessoas e eu acho que é difícil manter um filme no cinema”. Segundo a atriz, o tema perpassou diversas entrevistas que realizou para a nova temporada do programa, o que trouxe a visão de muitos outros profissionais da área sobre o assunto. “Concorrer com uma sala com dez Mulheres Maravilha, dez a múmia, sobra só uma sala para a gente para manter o filme vivo, pra ele se segurar, ficar ali em cartaz um tempo. É muito difícil”, reflete.

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Entretanto ,o cenário em termos de qualidade, para ela, é animador. “Estamos arrebentando! Temos filmes de gêneros, que a gente trabalha como ‘aquele filme de terror brasileiro’, e isso é muito legal”, comenta, em referência ao filme “O Rastro”, lançado em maio deste ano, dirigido pelo pernambucano J. C. Feyer. “Precisamos de espaço para permanecer nos cinemas e lutar contra os blockbusters. Mas acho que o cinema nacional conquistou o seu espaço e de cada vez mais qualidade”, completa.

Projetos paralelos

Fabíula Nascimento em
Rede Globo/Divulgação
Fabíula Nascimento em "Velho Chico"

Depois de atuar na novela da Rede Globo, “Velho Chico” no ano passado, interpretando Eulália Rosa na primeira fase do programa, Fabíula Nascimento ganhou um ano de férias da Rede Globo que foi aproveitado com muito trabalho. “Foi uma loucura fazer um a um e esse ano de férias eu resolvi trabalhar imensamente”, comenta. Para contribuir com o cinema, quatro filmes estão em processo de serem lançados: “Morto não fala”, “O Nome da Morte” e “Como é Cruel Viver Assim” e “Pluft”, baseado no livro infantil homônimo. “São quatro filmes totalmente distintos, personagens totalmente distintos, mas eu estou bem empolgada. Foi muito legal poder dar atenção a esses trabalhos assim, tão legais de trabalhar e desdobrando como sempre com muita felicidade, porque é o que mais gosto”, completa a atriz.

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Entretanto, não será só no cinema brasileiro que Fabíula Nascimento focará as suas energias de interpretação. Questionada sobre o seu retorno à televisão, ela assegura: “Jajá!”. Segundo a atriz, ainda não há um projeto especifico para o seu retorno, mas as especulações estão acontecendo sobre o que vai rolar. Mesmo com o seu retorno, da sétima arte ela não quer ficar longe: “Da pra dividir as coisas direitinho, da pra fazer de tudo pouco”, afirma.