Série de maior audiência do Prime Video, serviço de streaming da Amazon , “American Gods” correspondeu a todas as altas expectativas ensejadas quando do anúncio da adaptação da obra de Neil Gaiman para a TV. O próprio Gaiman atuou como produtor executivo, sofisticando ainda mais o já qualificado trabalho dos showrunners Michael Green e Bryan Fuller .

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Cena do oitavo episódio que fechou o primeiro ano de
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Cena do oitavo episódio que fechou o primeiro ano de "American Gods"

O primeiro ano da série chegou ao fim nesta segunda-feira (19). Ao longo de oito episódios, Green e Fuller ofertaram um visual delirante e arrebatador, uma trama relativamente hermética, mas extremamente cativante, uma narrativa inteligente e referências que vão do mais berrante pop a mais erudita teoria filosófica. “American Gods” se provou um deleite colorido, violento, frequentemente surpreendente e cheio de grandes momentos.

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Shadow Moon (Ricky Whittle) sai da prisão, se descobre viúvo e logo cruza o caminho do aparentemente onisciente Wednesday ( Ian McShane ), que faz de tudo para convencê-lo a atuar como seu guarda costas. A partir daí, a série vira uma road trip em que Wednesday tenta alistar antigos deuses para uma guerra contra os novos deuses. No meio tempo, atordoado, Shadow é o espelho do público em meio ao frenesi de divindades em rota de colisão.

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Wednesday e Shadow no inesperado (?) encontro no 1º episódio de American Gods

Esse primeiro ano foi uma escalada intensa. A cada novo episódio, Wednesday cruzava com um Deus antigo. Do excêntrico Czernobog e seu martelo que sangra, nos episódios dois e três, até Ostara (Kristin Chenoweth), divindade pagã relacionada às celebrações durante o equinócio que após o surgimento do cristianismo associou-se à Páscoa, no último episódio. Além do mais, a série apresentou alguns contos de grande apelo visual e narrativo – geralmente no prólogo dos episódios. Orlando Jones, como Mr. Nancy, foi um bálsamo em dois dos mais impactantes episódios da série justamente nesses prólogos. Gillian Anderson, como a mídia, é outra aparição sempre esfuziante.

Emily Browning, como Laura Moon, a esposa morta de Shadow, segurou a segunda trama em importância na série. Ao lado de Mad Sweeney (Pablo Schreiber), um leprechaun que tenta reaver sua moeda da sorte, que é justamente o que garante vida, por assim dizer, a Laura após a morte, ela protagoniza um arco que prepara o terreno para o que está por vir em “American Gods”, cuja segunda temporada já está confirmadíssima.

O grande trunfo do primeiro ano da série foi embalar de maneira pop um debate reverberante sobre a fé no mundo contemporâneo. Bryan Fuller, responsável por duas das mais criativas e visualmente exuberantes séries dos últimos quinze anos, “Pushing Daises” e “Hannibal”, volta a mesmerizar pelo arrojo visual aqui. A trilha sonora, que pontualmente lembra “Hannibal”, é outra ferramenta poderosa no desenvolvimento da narrativa.

Cena do último episódio da primeira temporada de
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Cena do último episódio da primeira temporada de "American Gods"

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O elenco, à parte White que por vezes parece mais desorientado que seu personagem, é um show à parte. A opulência criativa da série não se subscreveria sem um conjunto de atores em sintonia com essa proposta tão idiossincrática quanto ousada.  “American Gods” é um triunfo sensorial, narrativo e discursivo. E ainda é pop! Um alento em uma televisão cada vez mais sobrecarregada de pretensão e pouca substância.

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