A vasta experiência de Edgar Moura no jornalismo, na comunicação, na fotografia e na produção audiovisual faz com que uma entrevista sobre seu novo livro “da Cor” ( Editora iPhoto, preço sugerido: R$ 99) se transforme em um papo descontraído sobre o futuro do Brasil, o passado do cinema, a mediocridade dos textos da média da teledramaturgia brasileira e a ousadia de um fotógrafo em escrever um livro sobre fotografia no Brasil.

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Cena do filme
Divulgação
Cena do filme "Cabra Marcado para Morrer", do diretor Eduardo Coutinho; um dos muitos filmes fotografados por Edgar Moura

“Eu sou fotógrafo e ser fotógrafo nos anos 70 era barra pesada. Fotógrafos nunca escreveram. Existe certa resistência na classe. Do tipo ‘Sou visual. Não sou de palavras’. Mas nos tempos do Pasquim eu trabalhei com Millôr, Ivan Lessa, Paulo Francis... “, explica Edgar Moura . “O Millôr contaminou todo mundo”.

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Moura cita Millôr logo de cara em seu livro, que prima pela leveza e bom humor, apesar do didatismo ser um compreensível norte quando você se propõe a trabalhar conceitos como imagem, luz e cor. Foi Millôr quem o motivou a escrever o seu “primeiro livro sobre fotografia que não tinha fotografias”. Algo bem diferente de “da Cor” . “Eu não era amigo do Millôr, ele tinha mais de 30 anos a mais do que eu, mas eu frequentava a casa dele e ele me ajudou com dicas e sugestões”.

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“da Cor” foi escrito não só para profissionais do audiovisual e da fotografia, mas para todos os que se interessam sobre o assunto. O livro é quase todo um ensaio sobre o que é a cor (fontes, objetos e olhos), com uma pequena (e preciosa) parte sobre como fazer a correção de cor.

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Capa do livro "da Cor", nova publicação de Edgar Moura

Edgar Moura também lista os 15 mecanismos das cores, sempre ilustrando as explicações com desenhos e pinturas – como o incrível prisma de Isaac Newton e a capa do disco “Dark side of the moon”, do Pink Floyd, além de quadros de Rembrant, Leonardo Da Vinci, Toulouse-Lautrec, fotos de Margaret Bourke-White, Cartier-Bresson, Sebastião Salgado, Rayond Depardon e outras pérolas.

A quantidade de exemplos e a maneira descontraída com que o autor recorre a eles garantem que o livro de 324 páginas se apresente ao leitor de maneira muito mais orgânica e célere do que pode parecer a princípio.

Edgar Moura atualmente trabalha na televisão. É o diretor de fotografia das tramas bíblicas da Record. Ele vê o momento da televisão brasileira com bons olhos para o fotógrafo e diz que diferentemente dos EUA não há resistência ao digital por aqui. Durante a entrevista recorda-se algumas vezes de suas passagens pela Europa. Livro e autor proporcionam uma viagem algo inusitada a quem se dispuser a descobri-los.

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