Tem um pouco de Tiê, uma pitada de Luiza Possi, uma palinha de Karina Bur e o desavisado pode até lembrar de Vanessa Rangel, cantora que foi sensação nos anos 90 com a balada “Palpite”, mas tem muito de Tássia Holsbach em “De Cara Lavada” , seu segundo e francamente sedutor EP.

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A cantora Tássia Holsbach em ação
Reprodução/Facebook
A cantora Tássia Holsbach em ação

É irresistível não ouvir uma, duas, três vezes seguidas “De Cara Lavada”. É um trabalho tão saboroso, um CD tão pra cima, tão descompromissado com qualquer coisa que não nos incitar o desejo de cantar, de curti-lo, que a reportagem do iG foi saber da própria Tássia Holsbach o porquê de um disco tão peculiar. “A ideia foi: ‘o que eu posso passar de sensação com esse trabalho?’. Eu queria passar uma vibe meio Natiruts, uma vibe meio anos 90, de rodinha de violão, leve, gostosa... Era isso que queria para o EP”, explica.

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Divulgação
A cantora Tássia Holsbach na capa do EP "De Cara Lavada"

O disco conjuga com extrema eficácia muitas sonoridades e são apenas quatro músicas ( O Que Eu Não Dei Pra Ninguém , Desarrumar , Facilito e Tão Bem ). “Fomos escrevendo as músicas, gravando e experimentando”, contextualiza a cantora natural de Campo Grande. “A primeira música que saiu, não entrou no disco, mas soou bastante como sertanejo. Mas o caminho foi esse, deixar aberto para tudo. A segunda já foi mais pop, a terceira saiu mais puxado para o rap. E as que bateram mais, por sentimento mesmo, foram escolhidas para entrar no EP”.

Ela reitera que não houve especificações ou amarras para produzir o disco, norteado todo ele por referências sentimentais.  O que ela anda escutando na playlist pouco teve a ver com o clima alto astral e de romance que verificamos em “De Cara Lavada”. “Engraçado é que o que toca na minha playlist não foi referência para esse trabalho. O EP foi feito sem referência sonora específica”.

Essa liberdade nos toma de assalto, por exemplo, em Desarrumar , composta por Pedrinho Pimenta e que parece tê-la feito apenas para que Tássia pudesse interpretá-la. Ela não foge à (boa) polêmica. “Essa música não é minha, mas muita gente me disse já que é como se fosse”, observa. “Não que ela tenha sido feita para mim, mas eu me apoderei tanto dela que parece”. O exercício de análise continua: “Essa música é de uns amigos que tenho há mais de 10 anos, eles têm um grupo de samba. A primeira vez que toquei essa música com eles, eu toquei flauta doce, um deles pandeiro e ficou demais, foi na escola. A influência que eu tenho de rap e hip hop começou com essa música, com o arranjo que eu fiz para ela”.

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Produzido por Dudu Borges , “De Cara Lavada” foi planejado para não ser planejado. É louco assim mesmo. “ Eu já tentei te explicar/Não é ciência/É que eu compreendo o infinito/Das suas reticências/E me faz bem/Tão bem ”. Os versos são de Tão Bem , também composta por Pedrinho Pimenta. “Eu queria cantar coisas do cotidiano, que a gente sente. Sempre tive essa conversa com o Dudu Borges de focar no simples, no menos é mais, no natural e não no amor impossível, no absurdo”, explica Tássia. “Queria deixar leve, easy going”.

Deixou.  “De Cara Lavada” faz um bem danado para quem ouve.

A cantora Tássia Holsbach e o produtor Dudu Borges
Reprodução/Facebook
A cantora Tássia Holsbach e o produtor Dudu Borges

 “Eu vinha sentido falta de escutar, até onde conheço o mercado hoje, algo só gostoso de cantar e escutar, mas que faça parte da sua vida, sem ser completamente metafórico, com palavras difíceis ou com uma reflexão profunda”.  A sul-mato-grossense acerta em cheio no diagnóstico. Obrigado, Tássia Holsbach, por nos fazer redescobrir o gosto pelo simples nesses tempos tão complicados.

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